Poder público tem que ajudar e não impor regras aos esports, diz secretário de Esportes do Rio
O Rio de Janeiro têm se destacado pela presença do poder público nos esportes eletrônicos, sejam com investimentos ou apoio institucional aos eventos. Em entrevista à Dust2 Brasil, o secretário de Esporte e Lazer Rafael Picciani opinou no que cabe e o que não cabe ao governo para o setor e deu uma estimativa do quanto o Estado já aportou financeiramente nos esports.
De acordo com Picciani, além dos investimentos diretos em campeonatos, como o Global Esports Tour (GET) Rio e aportes em programas sociais, como já foi feito com o AfroGames e o Gaming Parque na Rocinha, a secretária criou um grupo de trabalho com representantes cariocas da comunidade de esports, que serão consultados antes de ações.
"Cabe ao poder público colocar instrumentos à disposição dessa comunidade para que ela possa utilizar os instrumentos e, com isso, amplificar a sua difusão. Mas não cabe ao poder público se meter, interferir e querer impor qualquer regramento", apontou.
Ainda na opinião do secretário, é papel do Estado dar um diagnóstico que permita que cada cidadão faça uma avaliação própria do que deve ou não consumir de qualquer modalidade, dentre elas as dos esportes eletrônicos.
"Então, tomamos como medida, apoiada pelo governador, de formar um grupo de trabalho plural com representação ampla da sociedade para realizarmos um diagnostico efetivo dos esports no Rio", explicou.
Carro-chefe dos investimentos
Por mais que aportes diretos já tenham sido feito pelo Estado, como o termo de fomento da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ) de R$ 4,5 milhões para o GET Rio, Picciani apontou que o carro-chefe para os investimentos no setor é via a Lei de Incentivo ao Esporte - que dá incentivo fiscal para empresas promotoras de eventos, permitindo a elas descontos de parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em troca de patrocinar o evento à própria escolha.
Picciani lembrou que, em 2023, dois eventos que contaram com campeonatos de CS utilizaram a lei: o MEG, no Parque Olímpico, e o Circuito Estadual da Federação do Estado do Rio de Janeiro de Esportes Eletrônicos (FERJEE). A única exigência feita pela Secretaria foi descentralizar os eventos da capital.
"Os municípios têm cada dia nos demandado mais apoio nesse sentido. Ainda não é fácil, os órgãos de fiscalização e controle ainda não conseguem diferir o que é um computador voltado para a prática do jogo, do que é um computador para uma prática cotidiana. Então algumas prefeituras possuem dificuldade na aquisição do material para construir em laboratórios e espaços para prática esportiva por conta dessas necessidades específicas", explicou
Por mais que os grandes eventos sejam a meta da Secretaria quando o assunto é o esport, o secretário bateu na tecla de que o Rio de Janeiro não pode perder o "DNA" de sediar pequenas competições dentro de comunidades, campeonatos estes que possa levar toda a estrutura para os municípios mais distantes da região metropolitana já que será nesse mundo gamer que conectaremos as 92 cidades do Rio.
Capital dos esports no Brasil
O secretário afirmou que o Estado tem ciência de que o Rio de Janeiro tem um perfil de cidade para ser a "capital" do esporte eletrônico no Brasil por possuir diversos municípios com capacidade de sediar grandes eventos.
O investimento nos esports, de acordo com o secretário, faz parte do desejo do governador em tornar o Rio como o estado o mais digital do país. Para tal, se tratando o pioneirismo no mundo gamer, Picciani apontou a colaboração da Prefeitura por meio do coordenador de Games e Esports Chandy Teixeira: "Ele agrega muito para nós no convívio com quem não tem tanta densidade de conhecimento sobre esse universo possuindo um olhar de quem conhece por dentro".
Outro exemplo citado por Picciani, quanto organização de campeonatos, foi FERJEE.
"O Cadu (Carlos Eduardo Albuquerque, presidente da FERJEE) e a FERJEE têm feito um grande esforço, não só nos esports. São muito proativos, conseguindo viabilizar projetos sem necessitar do apoio governamental ou não. Com isso, ganham mais credibilidade, o que aumenta a nossa possibilidade de ampliar a relação de parceria entre o governo e a federação", finalizou.