
Noktse após vaga no Major: "O CS é como a vida, tem coisas que não dá para explicar"
Depois sete anos tentando, Nicolás "Noktse" Dávila conseguiu a tão sonhada classificação para o Major. O veterano argentino se venceu a Legacy por 2 a 0 e garantiu sua vaga no BLAST.tv Austin Major.
"Não sei o que estou sentindo, porque nunca tinha sentido isso antes. Já ganhei outros campeonatos, mas esse aqui foi... Eu tentei muitas vezes, e não dava certo. Chegávamos muito perto, mas não acontecia. Nós fazemos tudo na raça, tudo no coração. Para nós, isso vale o dobro. E agora, estou muito feliz", disse Noktse em entrevista à Dust2 Brasil.
Noktse joga Counter-Strike desde 2010. Neste tempo o jogador já teve muitos companheiros de equipe, mas para o argentino, ter se classificado junto com Tomas "Tomaszin" Corna e Luciano "luchov" Herrera foi mais especial ainda.
"Uma das primeiras coisas que eu fiz quando terminou o jogo foi agradecer o Tomaszin e o luchov, a BESTIA também. Mas eles dois principalmente, porque eles ficaram do meu lado o tempo todo quando as coisas foram muito difíceis para nós. Eles nunca desistiram, eles sempre acreditaram em mim, inclusive mais que eu mesmo, quando eu estava triste, não sabendo o que fazer. "
"Às vezes você fica perdido quando as coisas não dão certo, e eles não desistiram nunca de mim, eles confiaram sempre em mim, acreditaram sempre que iremos classificar para o Major, e que a gente iria fazer isso com a bandeira argentina também. Estou orgulhoso, estou muito, muito feliz de que seja com essas caras. Eu tive muitos times e eu quero agradecer a todos os meus companheiros que tentaram junto a mim, mas esse aqui é muito especial", continuou.
O caminho para a classificação foi longo. Noktse jogou seu primeiro classificatório do Major em 2017, e revelou que durante todos esses anos chegou a pensar em desistir.
"Eu mentiria se falasse que não (que nunca pensou em desistir), mas nunca por mais de uma hora. Inclusive, agora quando eu fiquei sabendo eu estava na conversa para deixar a awp e virar rifler, eu falei ‘nossa, com minha idade jogar de rifle, comandar um time novo’, porque se você não performa a culpa cai em você também. Eu pensei verdadeiramente que já chegou a hora, mas algo dentro de mim falava para continuar, e meus companheiros também, muita gente falou para mim não pare, e eu sabia, eu no fundo sabia que não tinha que fazer, então foi só continuar."
A BESTIA chegou ao MRQ tendo feito mudanças recentes no time, e mesmo assim conseguiu a classificação. Noktse disse que não esperava já classificar tão rápido com a nova lineup.
"O CS é maravilhoso. Acho que o CS é o mesmo que a vida, tem coisas que não dá para explicar. O time é muito talentoso, tem muita habilidade. Sabíamos do potencial dele, mas era muito otimista para nós pensar que iríamos classificar nesse MRQ. Mas conseguimos, treinamos muito, muito. Os meninos são muito, muito boa gente, então, para mim, ensinar a eles algumas coisas que eu aprendi na minha experiência, foi muito fácil. Eles progrediram muito rápido, eles aprendem muito rápido. Então, acho que foi uma mistura de tudo, muitas coisas rolando ao mesmo tempo e deu certo."
A BESTIA será a primeira equipe com maioria de jogadores argentinos a disputar um Major, e Noktse exaltou a emoção que sente por levar seu país ao maior campeonato de Counter-Strike.
"É um sonho. Quando eu comecei a jogar CS, não tinha salário, você tinha que fazer o necessário para jogar e jogar só por amor ao jogo. É uma luta de muitos anos. Eu desisti em um tempo porque só o CS não dava para mim, eu tinha que trabalhar, fazer outras coisas e eu entendi, foi a vida. Mas agora quando comecei de novo e é um sonho. Eu persegui isso por muito tempo, então eu estou realizado, nesse sonho estou realizado."