dumau, da Legacy, durante a PGL Bucharest

dumau explica queda de desempenho da Legacy: "Saímos da mesma página"

Após cair no MRQ, jogador falou sobre frustração de ficar de fora do Major

Eduardo "dumau" Wolkmer deixa o Major Regional Qualifier (MRQ) com a sensação de dever não cumprido. Após a derrota para a BESTIA no jogo decisivo da seletiva sul-americana, o jogador da Legacy não escondeu a frustração.

"Nós que competimos estamos suscetíveis a isso, a frustração vai existir quando perdemos, é inevitável", disse em entrevista à Dust2 Brasil direto da ProGaming, onde a Legacy disputou os jogos da seletiva.

Para dumau, o principal motivo da queda de desempenho da equipe, uma das favoritas na competição, foi a falta de sinergia.

"Sinto que saímos da mesma página durante situações do jogo. Por sentir que alguma vontade, aquele frio da barriga que dá quando o jogo sai do controle, acabamos lidando de uma forma diferente", explicou.

"(Acabamos) não estando na mesma página e querendo resolver as coisas muito rápido, não dando espaço às situações de jogo, aos espaços do mapa, o que temos e o que não temos, porque sabemos o que vai acontecer quando estamos em determinada região do mapa. Acabamos não prestando atenção nessas coisas e ficamos só tentando ir em frente, igual um cavalo, não estávamos fazendo as rotações, nossas coisas, e conseguindo jogar o jogo", completou.

Confira a entrevista completa de dumau:

Qual o sentimento após a eliminação?
O sentimento é de dever não cumprido. Não como dever, mas um sonho. Nós que competimos estamos suscetíveis a isso, a frustração vai existir quando perdemos, é inevitável. Eu cometi erros durante o jogo que levaram à derrota, todos cometeram, e o importante é como lidamos com esses erros durante o jogo. Acredito que poderia ter feito melhor, vou olhar para trás e procurar o que fazer, porque eu não sinto que entreguei meu máximo individualmente. Não posso falar coletivamente, só como indivíduo, eu poderia ter feito muitas coisas melhor.

O momento é de muita frustração, um sentimento forte. É aprender com os erros, aceitar porque não fiz o meu melhor no torneio, não joguei bem. Como um companheiro eu estava lá, em postura, mas como jogador sinto que não entreguei o que realmente sou. Agora é aceitar esse momento, observar de novo, sentir tudo de novo para poder entender o que passou dentro da minha cabeça, o que passou durante o jogo, para que eu possa, de uma próxima vez, aproveitar tudo, todo o momento, da melhor forma possível e conseguir conquistar mais e mais.

Você já sabe por que não conseguiu ser esse jogador que esperava?
De mim não tenho muito o que falar. Eu sei o quanto eu trabalho, quanto os meninos se dedicam, o quanto eu faço e não é da boca pra fora, é de coração. Entrei com um lado muito de 'eu tenho que', 'eu preciso que', e não da forma que eu comecei, me divertindo, fazendo essas coisas. Eu tenho amor pelo jogo, tenho paixão, coloco as coisas em prática o tempo todo.

Da minha perspectiva, levei para o lado errado e é isso que mais está na minha cabeça agora. Dentro do jogo eu não posso falar nada, eu não tenho permissão para culpar o time, só posso culpar meus erros. Sendo sincero, é isso que eu sinto. É de coração.

Qual o motivo da queda de desempenho do primeiro dia para os demais?
Sinto que saímos da mesma página durante situações do jogo. Por sentir que alguma vontade, aquele frio da barriga que dá quando o jogo sai do controle, acabando lidando de uma forma diferente, não estando na mesma página e querendo resolver as coisas muito rápido, não dando espaço às situações de jogo, aos espaços do mapa, o que temos e o que não temos, porque sabemos o que vai acontecer quando estamos em determinada região do mapa. Acabamos não prestando atenção nessas coisas e ficamos só tentando ir em frente, igual um cavalo, não estávamos fazendo as rotações, nossas coisas, e conseguindo jogar o jogo.

Na nossa cabeça, no fundo, estávamos sempre querendo resolver logo, e não dar espaço e receber as respostas. Esse é um dos fatores. Até agora, contra a BESTIA, sabíamos o quanto trabalhamos, mas perdemos um pouco nisso.

O nervosismo atrapalhou?
Não diria nervosismo, mas a forma que começamos a lidar com isso. Começou dando errado, começou a vir frustração, mais jogos, vamos perdendo e o sentimento fica mais à flor da pele enquanto vamos competindo. As coisas quando dão errado não tem o que fazer, é seguir para o próximo round, fazendo o certo e tentar tirar coisas boas. Do outro lado tem outros jogadores, se erramos algo a economia quebra, o jogo começa a complicar, as nossas chances de ganhar baixam e o jogo complica, porque você não tem granada, não tem armas boas, fica difícil de manter certo controle de espaço no mapa.

A Legacy lidou mal com o favoritismo?
O favoritismo é mais a percepção da comunidade por conta da estrutura que temos, das pessoas que temos em volta. Temos computadores bons, tudo do bom e do melhor, comida boa, lugar bom para dormir e toda essa estrutura, que uma pessoa normal, no dia a dia e que tem que lutar por isso, não tem. Temos mais chances de ganhar, treinamos muito, em qualidade e quantidade, e viramos favoritos por isso e entendemos esses pilares, nos agarramos aos nossos fundamentos de jogo para ir atrás e ganhar, mas sinto que foi algo sutil em algum momento que virou essa chavinha na gente e começamos a nos perder no meio de tudo isso.

Não acho que o favoritismo é o certo, porque não nos olhamos como favoritos em qualquer coisa e nem nos olhamos abaixo de ninguém. Sempre olhamos com a noção do jogo, que esse time é assim e temos de lidar dessa forma. Não vamos olhar com superioridade o tempo todo, porque somos competidores e sabemos que um dia perdemos e outro ganhamos. Agora perdemos, é ruim por ser um Major, ter todo o sonho, isso machuca muito, e a cutucada que você toma quando perde é muito mais profunda.

Vamos ter que acordar amanhã e fazer nosso melhor para seguir em frente, não vamos parar, mas é a questão de fechar. É essa ânsia, lidamos mal com ela. Eu senti isso individualmente também, estava sentindo que dentro da minha cabeça as coisas não estavam indo tão bem e estavam afobando muito, não sabíamos o que falar e o que fazer, como ajudar. É algo a ser observado depois.

Qual é a maior lição que o time vai tirar desse qualificatório?
Acho que dentro do jogo temos que rever essas questões de forçado, porque isso nos complica muito, essas kills de MP9 correndo, alguns protocolos que vamos arrumar, mas coisas sutis.

Fora do jogo, um pouco dessa ânsia, (que talvez veio) pela forma que olhamos o campeonato, ou como nós dissemos (uns ao outros). Acho que é mais a perspectiva que tivemos conforme o campeonato foi indo, e a realidade é que tem que ser jogo a jogo, tem que ganhar de time a time para poder chegar na final e ter a vitória, a perspectiva do meio do torneio tem que ser essa.

Como não deixar o resultado abalar na sequência da temporada?
É algo importante, porque temos muitas chances e, como um time, conseguimos passar direto sem jogar o RMR e nem nada por conta dos pontos. O que aconteceu aqui é frustrante, porque esperávamos mais. A nossa qualidade no jogo, nos treinos e em tudo, o quanto vínhamos trabalhando. Ganhamos o primeiro jogo, veio o segundo e esperávamos fazer o nosso melhor e ganhar também, mas as coisas não são como queremos o tempo todo. Isso torna mais frustrante ainda, mas temos de lidar com isso da melhor forma e é algo que temos que trabalhar cada vez mais, não só como time mas também como indivíduos, pois estamos sujeitos o tempo todo a ganhar e perder. Ganhar é a melhor coisa que tem.

Nos próximos dias, o reset tem de ser mental. Vamos dar um tempo, jogar, ver as coisas, discutir, conversar no TS o que podemos fazer melhor na questão de jogo. Mas, como indivíduo, é onde mais dói.

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