Trio falou dos primeiros meses dos times brasileiros no CS2 (Imagem: Fernando Nantes/Dust2 Brasil)

Especialistas analisam primeiros meses do Brasil no CS2

Gio, mch e RauleS comentaram o início brasileiro na nova versão do FPS

Depois de 11 anos no mercado, o CS:GO foi substituído pelo CS2 em 2023. Embora o sistema de jogo tenha continuado o mesmo, a nova versão do FPS trouxe novidades ao cenário, como mudanças na interação da smoke com a HE, impacto de armas e alterações nos mapas.

Anunciado em março ainda com o beta, o CS2 só foi liberado totalmente em 27 de setembro. Desde então, os campeonatos adotaram a nova versão.

Após três meses de CS2, a Dust2 Brasil procurou especialistas para falarem sobre a adaptação e o começo dos times brasileiros nos primeiros meses da nova versão do FPS da Valve. Giovanni "Gio" Deniz, Jean-Michel "mch" D'Oliveira e Raul "RauleS" Ribeiro comentaram.

Gio

"A linha de transição gerou muitas mudanças críticas, que são normais para uma mudança de game (por mais que em tese seja mudança no desenvolvimento e motor gráfico, com a base do jogo sendo a mesma). O primeiro ponto que vislumbro é que a transição pro CS2 resultou em quedas para algumas funções, como AWPERs, e aumento de rendimento dos âncoras."

"Os assaults foram super beneficiados nessa transição, porque vivemos um meta focado nas AWPs em pelo menos 5 anos (tanto que a hegemonia do #1 do mundo ficou entre zywoo, s1mple e dev1ce), e esse equilíbrio ajudou muito alguns dos nossos times. Tirando a primeira linha de mudança, nossos times parecem ter se adaptado muito bem às atualizações de meta com as granadas, e um bom uso delas no hold."

"Acho que o time que mais ganhou ritmo pós atualização foi o MIBR, que pra mim ainda é o que tem o CS mais bem estruturado recentemente. A FURIA demorou um pouco para engatar, mas conseguiu um título importante em um campeonato de tier 1, contra equipes do top 5, sem muito sofrimento. Vejo essa primeira mudança muito positiva pros times que estavam estagnados e foram forçados a se adaptar a um novo meta e criar um novo estilo. Acho que a cena brasileira ganhou uma injeção de ânimo muito forte."

"2024 parece ser um ano promissor e estamos próximos ao primeiro Major de CS2 com um final de ano bem forte. Vamos aguardar as seletivas do RMR, mas acredito que a cena Sul-americana num geral tem tido muita força e o Brasil, sendo o principal país do continente, seguir liderando essas conquistas."

mch

"Acredito que a adaptação tem sido boa, com muitos talentos novos aparecendo. A FURIA já conquistou um título, o MIBR está em crescente total e muitas novas oportunidades surgiram. Não dá para ter certeza ainda pelo número baixo de campeonatos no geral e pelo fato de nenhum time brasileiro ter participado de um evento tier-S ainda."

RauleS

"O Brasil no CS2, assim como todo mundo, teve que se readaptar a um jogo novo. A dinâmica do jogo mudou bastante, o estilo de como os times jogam, agressividade em alguns momentos, e isso também impactou em algumas armas, como por exemplo os awpers, e o FalleN teve uma adaptação um pouco mais rápida, porém hoje a gente entende que o jogo não é tão dependente dos awpers como era antes."

"A gente ainda sofre um pouco com a dinâmica do MR12 em relação aos pistols, porque a nossa conversão de pistol com times como FaZe, Vitality, (que são times gigantes, mas temos que mirar o topo), temos uma média de conversão de pistol um pouco mais baixa. Querendo ou não, isso dentro da dinâmica do MR12 acaba impactando bastante, é um ponto para a gente ficar de olho e entender como aproveitar, tentar converter mais os pistols para ter um começo melhor de jogo."

"O fato de ter mudado a versão acabou ajudando com que a gente começasse a enfrentar essa galera que estava acima da gente em ranqueamento um pouco melhor, a estruturar nosso jogo. A partir do momento que veio o CS2, todo mundo teve que aprender o jogo, as dinâmicas, adaptar um pouco o que fazia nos mapas, então tirou todo mundo da zona de conforto e isso trouxe todo mundo um pouco mais para baixo, obrigando a começar da estaca zero de adaptação, e isso permitiu com que a gente pudesse se readaptar com eles."

FalleN com troféu da Elisa Masters Espoo

"Mesmo se fossem times já estruturados, que já venciam há um certo tempo, eles tiveram que se readaptar e isso deu um espaço para a gente. Apesar dos resultados ainda não estarem vindo, acredito que tivemos uma evolução nos últimos meses, não sei se por conta dos dois times que estão lá fora, não mudaram com tanta frequência do que os outros times. Se você ver FURIA e MIBR, eles mudaram na última grande janela e desde então não teve nenhuma mudança, e isso ajuda a estruturar o jogo e sinto que esses dois times ao pouco estão se encontrando dentro do jogo e da dinâmica que tem que ser jogada."

"Uma mudança que pegou um pouco do final do GO e início do CS2, que os times brasileiros fizeram, foi o fato de jogar na Europa. Estarem vivendo o cenário europeu ajudou bastante com que as equipes se adaptassem ao meta europeu. A gente vivendo aquele cenário europeu, sabendo apanhar, criando essa casca e começando esse novo jogo com eles, querendo ou não conseguimos essa adaptação e diminuir essa distância que tínhamos nesse cenário."

"Antes sofríamos um pouco mais contra algumas equipes como Spirit, que vem derrotando a gente, porém estamos diminuindo essa distância para o cenário europeu na minha opinião. Vejo com perspectivas muito boas o cenário brasileiro para 2024 porque, esse início de CS2, me anima bastante. Sentia que tínhamos oscilações em relação ao nosso pico e chão, porque elas eram altas no GO, mas agora aos poucos estamos diminuindo essa oscilação. Tínhamos grandes resultados contra boas equipes e perdíamos para times que não devíamos perder. Hoje sinto uma oscilação menor."

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