FURIA e BIG, organizações que assinaram a carta, durante o Major

Organizações pedem mudanças no ecossistema do CS em carta para Valve

Três equipes brasileiras estão entre as 22 que assinaram o texto

22 organizações escreveram e enviaram uma carta para a Valve onde pedem para a desenvolvedora ajustar o novo ecossistema competitivo. A informação foi revelada pela HLTV nesta segunda-feira.

Entre as organizações que assinam a carta, estão três brasileiras: FURIA, Imperial e Legacy. Um dos pontos criticados pela equipe é que as organizações pequenas só conseguem entrar no Valve Regional Standings (VRS) via open qualifiers para campeonatos tier 1, já que as organizadoras de torneios menores não realizam seletivas abertas por conta dos custos.

"Isso criou um ecossistema em camadas: os maiores torneios oferecem uma pequena chance de um open qualifier dos sonhos, que impulsiona os times à relevância, enquanto os tiers menores seguem com (campeonatos) somente com convites", cita a carta.

"Abaixo desse tier é uma zona morta, onde os times lentamente ficam sem oxigênio enquanto aguardam o próximo open qualifier para um campeonato tier 1. Assim, novos times só podem entrar no ranking, paradoxicamente, por meio de campeonatos tier 1, e esses são poucos e distantes. A menos que o sistema do ranking mude, é necessário ter incentivos mais fortes para que as organizadoras menores realizem opens qualifiers", seguiu.

As organizações também criticaram a falta de regulamentação em relação aos campeonatos, já que alguns torneios perderam a liberação para estarem aptos para o VRS, enquanto outros ganharam, em meio à realização das competições.

Um dos pontos elogiados na carta foi a transparência da Valve por liberar publicamente a base de códigos para o VRS. No entanto, a carta diz que a indústria de esports conta com pessoas com diferentes experiências na vida e grande variedade de conhecimento técnico.

"Apresentar essas informações cruciais em um repositório do GitHub, escrito de maneira muito técnica, afeta negativamente a acessibilidade para os times menores e jogadores que não contam com fluência técnica para dissecarem o modelo."

A carta foi assinada por: 3DMAX, 9INE, 9z, Aurora, BIG, ENCE, Endpoint, EYEBALLER, Falcons, Fnatic, FURIA, GamerLegion, HAVU, Imperial, JANO, Legacy, M80, Metizport, Monte, MOUZ, Ninjas in Pyjamas e OG.

Confira a carta completa

"Todos nós entendemos sua visão de "Campo de jogo nivelado" - onde cada equipe e jogador tem a oportunidade de se classificar para um Major baseado unicamente na habilidade. Apreciamos seus esforços para remodelar o cenário, mas acreditamos que o sistema atual tem falhas significantes que estão minando essa visão. Como um coletivo, oferecemos esse feedback para fortalecer a base que você construiu."

"Open qualifiers: A única maneira de entrar no cenário é via Tier 1"

"Da forma como está, se você tiver um core sem pontos no VRS, opens qualifiers são a única maneira de obter pontos."

"Para as organizadoras de torneios, open qualifiers são uma grande tarefa por conta da escala. Realizar um bracket com 512-1024 times requer uma grande logística e um trabalho administrativo considerável para garantir a integridade competitiva, o que significa que somente as maiores organizadoras conseguem organizar (os opens) de maneira efetiva. Isso criou um ecossistema em camadas: os maiores torneios oferecem uma pequena chance de um open qualifier dos sonhos, que impulsiona os times à relevância, enquanto os tiers menores seguem com (campeonatos) somente com convites. Assim, novos times só podem entrar no ranking, paradoxicamente, por meio de campeonatos tier 1, e esses são poucos e distantes. A menos que o sistema do ranking mude, é necessário ter incentivos mais fortes para que as organizadoras menores realizem opens qualifiers."

"Retrocedendo nas decisões"

"O status da licença de VRS para um torneio precisa ser definido antes do início do torneio. Se passou somente um mês do ano e múltiplos campeonatos tiveram seu status de VRS revogados no meio do campeonato, enquanto outros tiveram (o status) adicionado em meio ao torneio. Essa incerteza tem grandes implicações para times e jogadores - por conta de quão precária é a situação no tier 1, se comprometer com o torneio errado pode resultar numa longa passagem pela zona morta. Da perspectiva dos times, é crucial que as licenças não sejam concedidas por capricho."

"Comunicação e complexidade"

"Crédito onde deve ser dado - fazer a base de código open-source deu a todos a oportunidade de compreender totalmente o funcionamento interno do ranking, permitindo que a gente entenda completamente o efeito de cada partida."

"No entanto, a indústria de esportes eletrônicos reúne pessoas de todas as esferas ada vida, com uma grande variedade de conhecimento técnico e experiências profissionais na vida. Apresentar essas informações cruciais em um repositório do GitHub, escrito de maneira muito técnica, afeta negativamente a acessibilidade para os times menores e jogadores que não contam com fluência técnica para dissecarem o modelo."

"Se os jogadores não conseguirem entender os passos necessários para crscer no ranking, ou se uma organizadora não entende se o seu torneio cumpre ou não os requisitos para a licença, é necessário que haja um fórum/plataforma onde as questões são perguntadas e respondidas. Entendemos que há um custo para criar e manter tal plataforma, e estamos abertos a trabalhar com uma empresa terceirizada para fazê-lo. Atualmente, a cena está lidando com uma falta de clareza no compartilhamento de informações, o que se tornou um jogo global de telefones onde, às vezes, os times estão ensinando as organizadoras as interpretações atuais das regras, que estão em maioria operando completamente no escuro."

"Valve, você tomou uma grande decisão para remodelar o ecossistema do Counter-Strike, mas o sistema como está atualmente não é um campo de jogo nivelado - para chegar lá, você precisa finalizar o que começou. Pela sua perspectiva isso pode ser apenas um período em que você aceita falhas até que o sistema se resolva. Para nós, os times, esse período poderia matar as organizações de Counter-Strike."

"Para deixar uma sugestão de curto prazo que nos ajudaria: adicione novamente os opens qualifiers para o Major. Permita a todos os times e jogadores que tenham a chance de salvar suas carreiras e sonhos."

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