Case usa desconfiança como combustível, diz RICIOLI
Zebra do closed qualifier sul-americano do Perfect World Shanghai Major RMR Americas, a Case está confiante que pode, mais uma vez, surpreender. Depois de conseguir uma improvável classificação durante a seletiva online, a equipe vem à Xangai usando a desconfiança como arma para chegar ao mundial.
"Nós sempre brincamos sobre. Vamos ver a lista que o pessoal monta com os sete classificados e nunca vemos a gente", disse Felipe Ricioli, capitão do time, em entrevista à Dust2 Brasil durante o media day do Americas RMR do Perfect World Shanghai Major, em Xangai, na China.
"Sabemos que temos condições, então sempre conversamos sobre isso e temos isso na mentalidade", continuou o jogador.
Estar distante do favoritismo, para RICIOLI, traz apenas benefícios para o time. Nem mesmo o status de pior seed do campeonato preocupa o capitão.
"É algo que nos favorece, mesmo quando pensamos no ônus. (Temos que) trazer essa mentalidade de que o povo não acredita na gente como uma coisa positiva. Usamos isso como combustível, para mostrar para quem não acredita que podemos e vamos nos classificar para o Major", afirmou.
"Num campeonato como esse o favoritismo pesa muito. Se uma FURIA ou uma Liquid não conseguem se classificar para o Major, o baque é enorme, eles vêm com uma pressão muito grande. Se nós não nos classificarmos, vão dizer que era o 'esperado'. Não é o que queremos, mas é o que o pessoal acha. Jogamos mais tranquilos que a maioria dos outros times", completou o jogador.
Palco? Não, quarto
Além da falta de pressão, a Case tem outro fator que pode ajudá-la na briga pela vaga no Major. Ao menos inicialmente, os jogos do RMR serão disputados de salas fechadas do hotel, sem que os dois times estejam no mesmo espaço - o que favorece as equipes menos experientes, como a Case, que só tem um jogador que já competiu em LANs internacionais.
Apesar de acreditar que o ambiente favorece ele e os companheiros, RICIOLI não escondeu a chateação com o modelo adotado.
"Decepciona (jogar do quarto), porque você vem imaginando como seria, visualizando e chega aqui e é outra coisa", disse.
"Independente de como for, temos que tirar o melhor disso e jogar o nosso melhor. Pode ser algo que vai nos favorecer por conta da nossa falta de experiência", completou.
Aproveitando a oportunidade
Apesar da Valve ainda não ter anunciado oficialmente o fim dos RMRs, as competições deixarão de existir de 2025 em diante, quando o ranking da desenvolvedora reinará absoluto para definir os participantes do Major. Equipes como a Case, que não costumam figurar no topo da lista, vão ter de se desdobrar para conseguir chegar ao principal palco do mundo. Por isso, RICIOLI não quer perder a chance.
"Isso é conversado entre nós, é o último RMR e temos que aproveitar a oportunidade", disse.
Ciente disso, o time passou as últimas três semanas em Madri, na Espanha, treinando e competindo online. RICIOLI disse que o período foi positivo.
"O resultado em si não é algo que estou me baseando para dizer se os treinos foram bons ou não. Tivemos resultados bons e ruins, mas senti que evoluímos muito e conseguimos incluir coisas boas no nosso jogo, então os treinos foram bons", explicou.
A boa preparação é só um dos fatores que a equipe tem como pilar para surpreender. RICIOLI também destacou a mentalidade - que tem de ser a mesma do qualify.
"A mentalidade que tivemos naquela semana de treino, a mentalidade nos dias de campeonatos. Nos superamos e queremos repetir agora, junto da experiência que ganhamos nesse tempo treinando", afirmou.
"Se alinharmos a mentalidade que tivemos no RMR com o nível de jogo que estamos apresentando nos treinos e que batalhamos para conquistar, vai dar certo e vamos conseguir classificar para o Major", completou.
Pronto para tudo
O primeiro compromisso da Case será diante da Imperial, uma adversária conhecida, e elogiada, por RICIOLI.
"Independente do time que viesse não teríamos um jogo fácil por conta do nosso seed. Temos que estar preparados para todos os times. A Imperial é boa, de todas as vezes que enfrentamos eles só ganhamos na md1 da Challenger (League), que eles estavam jogando com o zakk. Apesar de ser uma vitória, um resultado expressivo, não dá para tirar muita coisa disso. É um time bom que vamos ter que enfrentar e ganhar dentro do servidor", contou.
O jogador destacou, mais uma vez, a mentalidade como fator decisivo para o confronto.
"Vai ser muito da mentalidade que vamos entrar dentro do jogo. Querendo ou não, será um jogo muito mental, de conseguirmos iniciar bem, não colocarmos pressão, e conseguirmos fazer nossas coisas. Dentro do jogo já preparamos tudo, temos tudo esquematizado, é só executar, torcer para dar tudo certo e ganharmos deles",
Imperial e Case se enfrentam na terça-feira, o primeiro dia do RMR, às 4h.