Equipe feminina d'O Plano (Foto: Reprodução/O Plano)

O Plano enxerga "potencial gigantesco" em novo time

Organização investiu pela primeira vez no cenário feminino

O Plano voltou a ter um time de Counter-Strike depois de quase um ano inativo. Desta vez, a organização decidiu investir no cenário feminino, e contratou a equipe que estava atuando pela Atrix. Em entrevista à Dust2 Brasil, a CEO d'O Plano, Karine Dutra, afirmou que a organização vê muito potencial no novo time, e por isso decidiu investir.

"O Plano sempre buscou apoiar cenários que precisam de mais investimento e visibilidade. Hoje, o time feminino é o único competitivo da organização, e essa escolha veio naturalmente, pois enxergamos um potencial gigantesco a longo prazo no cenário e com os atributos que temos para usar no momento."

"Além disso, esse projeto carrega uma visão muito forte minha, que além de CEO, sou uma mulher que começou sua trajetória no cenário como jogadora, vivenciando de perto as dificuldades que as atletas enfrentam—desde a falta de investimento e patrocínio até a ausência de um suporte profissional adequado. Esse histórico nos dá uma perspectiva única para construir um projeto sólido e sustentável", continuou.

Karine também disse que Vito "kNgV-" Giuseppe, ex-jogador com passagens por times como Immotals, MIBR e 00NATION, está ajudando a equipe para ter um projeto com longevidade e sustentabilidade.

"Outro diferencial fundamental é a presença do kNg, um dos maiores jogadores nacionais, como owner da organização e mentor deste projeto. Ter alguém com sua experiência e visão competitiva ajudará a equipe a crescer não apenas dentro do servidor, mas também na construção de uma mentalidade vencedora e profissional. Essa combinação de liderança, experiência e compromisso faz com que nosso projeto tenha um potencial real de longevidade e sustentabilidade dentro do cenário."

E porque investir no cenário feminino agora? Karine disse que a organização recebeu muitos pedidos de contratações de lines, e que conversas com Calor Bokor, dono da Atrix e pai de Gabriela Bokor, capitã do time, fizeram com que O Plano decidisse contratar o time.

"Desde o ano passado, o Plano tem recebido diversos pedidos de contratação de lines em diferentes nichos, muitos deles de jogadores e jogadoras vitoriosas que, em algum momento, ficaram sem organização. Sempre analisamos cada oportunidade com cautela, buscando projetos que realmente façam sentido dentro da nossa visão de longo prazo. Ao conversarmos com o Carlos Bokor, um dos maiores incentivadores do projeto, sentimos uma firmeza e confiança em abraçar essa ideia e ajudar da melhor forma possível. Quando conhecemos o core da equipe e entendemos a luta de uma line que joga junta há mais de um ano, enxergamos um diferencial raro no cenário: um time com identidade, química e comprometimento real. Isso nos deu a certeza de que poderíamos trabalhar juntos e construir algo sólido para o futuro."

O cenário feminino não vive seu melhor momento. Atualmente, o cenário brasileiro conta com apenas quatro organizações. Organizações como B4, Black Dragons, DIVINA, EndGame, Fluxo, inSanitY, Liberty, LRV, Parabellum, Redragon e W7M deixaram o cenário brasileiro nos últimos anos. Já no mundial, clubes como Astralis, ENCE, NAVI, Spirit e TSM deixaram de ter times femininos recentemente. Mas esse momento não assustou O Plano, e de acordo com Karine, aumentou a sua vontade de investir.

"Sabemos que o cenário feminino enfrenta desafios, mas, ao invés de nos assustar, isso nos motivou ainda mais. O Plano não entra em projetos apenas por tendência, mas sim quando acredita no potencial real de crescimento. Vemos que o CS feminino tem muito espaço para evoluir e se tornar sustentável, desde que haja trabalho sério e comprometimento. O que falta para muitas organizações é justamente esse planejamento de longo prazo, e é nisso que estamos focados."

"Além disso, percebemos que ainda falta um entendimento maior do cenário como um todo—não apenas no aspecto competitivo, mas também na sua capacidade de se tornar midiático, atrair marcas e crescer as jogadoras de forma comercial. Conversamos com a nossa equipe sobre isso e mostramos que essa transformação é essencial. O mais importante é que todas as jogadoras já tinham essa consciência e estão dispostas a mudar esse jogo. Acreditamos que esse pensamento estratégico e essa mudança de posicionamento, se feita de forma consistente e bem estruturada, podem atrair mais investimento e mais marcas para o cenário, ajudando a torná-lo cada vez mais forte e sustentável", complementou.

O Plano está na disputa por uma vaga nas finais em LAN da ESL Impact Season 7. De acordo com Karine, o principal objetivo da organização é consolidar o time entre os melhore do cenário, mas também inspirar mudanças e ajudar o cenário.

"Nosso objetivo é consolidar essa equipe entre as melhores do cenário, começando por garantir uma estrutura robusta, desenvolvimento contínuo e experiência competitiva. A longo prazo, queremos brigar pelos principais títulos, elevando o padrão do CS feminino como um todo. Mais do que conquistar campeonatos, nossa meta é ajudar a profissionalizar o cenário, inspirando mudanças que atraiam mais investimentos e oportunidades para todas as jogadoras. Atualmente, estamos focados na luta pela vaga no mundial da ESL Impact e os resultados têm sido muito promissores."

Karine disse também que, atualmente, O Plano não planeja contratar outras lines, como um time masculino ou academy. A CEO disse que o cenário masculino têm valores muito inflacionados, e isso dificulta a volta da organização.

"No momento, o foco é total no time feminino, pois acreditamos plenamente no potencial dessa equipe e reconhecemos que os projetos masculinos no CS estão cada vez mais insustentáveis. O mercado masculino se mostra inflacionado, com valores elevados de salários, multas e transferências, o que dificulta a viabilidade de novos investimentos e a criação de projetos competitivos no médio prazo. Nosso compromisso é criar projetos sólidos e sustentáveis. Mesmo havendo interesse em expandir para outras lines, como o academy ou um time masculino, nossa prioridade é garantir que o time feminino tenha toda a estrutura e suportes necessários."

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