Shaolin, CEO da BTS Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

CEO da BTS Brasil fala sobre direitos e quer fazer mais eventos de CS

Shaolin comentou sobre "combate" com Gaules, críticas e prometeu mais do estúdio em 2024

No olho do furacão em polêmica com Alexandre "Gaules" Borba por conta dos direitos da BetBoom Dacha, a BTS Brasil tem dividido opiniões. Elogios ao estilo mais tradicional de transmissão se misturam a xingamentos no chat das streams da competição, que tem FURIA e MIBR. O CEO do estúdio, Fabio "Shaolin" Madia, porém, mostra tranquilidade com o acontecimento.

"Estamos fazendo do nosso jeito. Sempre tentamos pegar transmissões, nunca bloqueamos nada no CS", disse em entrevista à Dust2 Brasil na última terça-feira.

Shaolin, que é ex-jogador profissional de Dota 2, está à frente da empresa, fundada em 2014, que é focada na produção de transmissões, campeonatos e outros produtos relacionados aos esports. A empresa tem uma relação muito próxima com o MOBA da Valve, produzindo transmissões em português e em outras línguas, e tendo atuado oficialmente ao lado da publisher em vários eventos, incluindo o The International.

No CS, a BTS Brasil sempre cuidou da transmissão em português do cs_summit, disputado entre 2017 e 2021, que era organizado pela Beyond the Summit, empresa norte-americana parceira da BTS Brasil, que fechou as portas no início do ano.

"Na época tínhamos direitos exclusivos vindos da própria Beyond the Summit, desde quando o BiDa narrava a primeira cs_summit, com a SK jogando. Acontece isso todo ano, pegamos algum projeto desse tamanho que acaba sendo exclusivo. Estamos focando no nosso trabalho, lemos muitos feedbacks", explicou.

Jogadores da SK com o troféu da cs_summit 1 (Foto: Robert Paul/Beyond the Summit)

De acordo com apuração da reportagem com pessoas ligadas às duas frentes, não foi da BTS Brasil a iniciativa de barrar a transmissão de Gaules, e sim da organização da BetBoom Dacha. Shaolin reforça que a oportunidade surgiu depois de meses de colaboração entre a responsável pelo evento, e a BTS Brasil.

"Chegamos nesse ponto deles falarem que teria um evento que eles estavam produzindo em LAN, que ainda não sabiam onde seria, mas que gostariam de trabalhar juntos (com a BTS Brasil)", explicou Shaolin.

O CEO também explica que não teve um ponto de virada para que a BTS Brasil conseguisse "vencer" um gigante como Gaules na disputa por um campeonato. Para Shaolin, há diferentes modos de trabalhar e isso também desperta o interesse das organizadoras.

"Acho que isso pesa de alguma maneira para mostrar que não é só sobre um único estilo de trabalhar a comunidade. Tem espaço para todo mundo, só estamos fazendo o nosso há 10 anos. Eu, sinceramente, não notei algo estratégico que fizemos para ter essa virada", disse.

"Talvez seja o momento do mercado de esports, de menos investimentos por algum KPI (Nota do editor: Key Performance Indicator, ou KPI, é uma métrica usada para determinar se uma estratégia está funcionando) específico, eles estão mudando para algum outro KPI, e nós temos uma mistura aqui de estarmos insistindo, prontos e preparados para uma oportunidade. É uma mistura de tudo", completou.

Sobre as críticas, principalmente vindas de fãs de Gaules, Shaolin se mostrou preparado.

"É ler o que puder, absorver o que for interessante e ignorar o que não for. O que vai falar é o produto que você está entregando. Se é um produto bom, vai ter gente consumindo, se é ruim, independente de ser exclusivo ou não, ninguém vai assistir. Tem público que não quer consumir uma transmissão normal, tradicional, profissional, os adjetivos que queiram colocar", disse.

"Eu entendo que o fato de rolar isso, do pessoal ir reclamar no chat, é falta de informação. É acreditar no que as pessoas A, B ou C falam. Eu acredito que nem vem do Gaules, já que nesse caso estamos falando dos fãs dele. É normal virem no nosso chat, acontece até em campeonatos do CCT, que liberamos o sinal. É legal ver que tem essa emoção, existe um potencial se conseguirmos trabalhar isso", completou.

Jogadores da FURIA durante a BetBoom Dacha

Para o diretor, inclusive, há uma possibilidade de capitalizar em cima dos "haters".

"É um trabalho de conscientização desse público que vem. Se a galera vem no nosso chat falar algo, ao menos ele teve o interesse de vir ali, vai que ele é impactado e gosta. Vejo de certa forma como uma potencial vitrine, uma oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho. Não tenho nada a falar para os espectadores que falam x, y ou z ou atacam um narrador em específico", disse.

"Eu acho chato falar sobre o trabalho de alguém, principalmente porque às vezes ele está aprendendo, justamente por não ter muitas oportunidades. Às vezes a maneira com que eles passam uma crítica pode fazer a diferença entre termos ou não um próximo BiDa, uma próxima Babi, ou um próximo xrm, que são referências no FPS. A galera que está aqui atualmente batalhando para viver no cenário de CS são guerreiros", afirmou.

Marcando presença

Mais recentemente, a BTS Brasil é responsável pelas transmissões do Champions of Champions Tour (CCT), produzindo o sinal das transmissões em português, transmitindo em seu próprio canal e distribuindo para streamers parceiros. O campeonato é responsável por colocar, de vez, a marca da empresa no CS.

"Liberamos o sinal para praticamente todo mundo, é só mandar o email e seguir as regras, tanto para América do Sul quanto para outras regiões que passam pela gente aqui", disse.

"Esse projeto do CCT com a GRID foi bem legal, mostrou que conseguimos fazer algo a longo prazo, de forma concisa, regular. Tivemos dias em que cuidávamos de seis transmissões distintas, praticamente 24 horas por dia e 7 dias por semana, tanto no Dota quanto no CS", explicou Shaolin.

"Foi um exercício bem legal para escalarmos o negócio com muito pé no chão. Quando falamos em escalar parece que somos uma empresa gigantesca, mas é mais número e volume do que qualquer outra coisa, do que faturamento", completou.

Vai bater de frente?

Com o Dota 2 - carro-chefe da empresa -, em baixa no país, a BTS Brasil quer aumentar seu portfólio de CS2 no ano que vem.

"Sempre quisemos fazer mais coisas aqui no Brasil, mas pela realidade de cada jogo, nunca conseguimos fazer mais coisas no CS. Vamos ver se esse (BetBoom) Dacha acaba sendo essa virada de chave, seria legal fazer mais produtos", afirmou Shaolin.

E a empresa vai "bater de frente" com Gaules, principal força na obtenção de direitos de transmissão em português? O CEO diz que não busca um confronto e ressalta que já teve diversas conversas com o Omelete ao longo dos anos para trabalhos em conjunto.

"Eu não acho que seja bater de frente no sentido de combate. Sempre tivemos vontade de fazer CS, ficávamos limitados às duas cs_summit que tínhamos por ano", disse.

"Não dava para investirmos em torneios, direitos, produções de estúdio como os campeonatos de CS merecem, porque crescemos vendo times brasileiros serem bicampeões mundiais, e agora acabamos de vencer novamente na Elisa (Masters Espoo)", continuou Shaolin.

"Constantemente falamos com todas as organizadoras, sempre negociamos, fazemos ofertas, tentamos trazer. Desde uma oferta para transmissão pequena, remota, só para localizar outros jogos. Nós sempre transmitimos 100% dos jogos, não focamos em apenas times A, B, C ou D ou de uma nacionalidade específica. Nós, como fãs de Dota 2, sempre tivemos a proposta de trazer o campeonato como um todo, criar a cultura de celebrar o jogo, a comunidade. As pessoas aparecem, fazem sua história, deixam inspiração e o jogo segue. A empresa segue. O que eu faço hoje, amanhã será outra pessoa", finalizou.

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#1(Com 0 respostas)
9 de dezembro de 2023 às 10:12
diegofmoraes
Não sinto falta desse estilo profissional de transmissão.. sou muito mais a forma Gaulesa de transmissão, sou team Gaulês. Mas obviamente se só tiver a forma "profissional" eu irei ver, pq acima da transmissão eu quero ver é o jogo em si, pelo menos de Fúria e Mibr. E se for manter assim, profissional, traz o Bida tbm, saudades dele ❤️
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