nak explica mudanças e quer confiança do MIBR: "É clichê, mas vamos acreditar"
A temporada do MIBR tem sido de oscilação, mas não faltou coragem. O time começou 2024 mudando o treinador, trocou de capitão no caminho e substituiu um jogador em meio a melhor campanha em grandes campeonatos em anos. Uma das mentes por trás dessas ações, Renato "nak" Nakano tem a explicação.
"É uma questão de nunca estar satisfeito enquanto não chegarmos aonde estamos nos propondo a chegar, que é no nível de um time tier S, top mundial e levantar troféus mundiais. Enquanto não chegarmos, não adianta batermos na mesma tecla, tentando fazer as mesmas coisas e esperando resultados diferentes", disse nak em entrevista à Dust2 Brasil direto de Xangai, na China.
"Fomos nessa filosofia de que precisamos tentar. Os jogadores precisam estar cientes disso, todos de mente aberta, porque nós queremos algo a mais. É um pouco do arriscar, mas também querer fazer algo diferente", completou o treinador.
Além de esmiuçar as mudanças, nak falou também sobre o papel do treinador nos dias atuais, a rotina da equipe, a escolha de André "drop" Abreu como capitão, a chegada de Lucas "Lucaozy" Neves e a preparação para o Major. A íntegra está disponível em vídeo (assista acima) e os principais pontos podem ser lidos abaixo.
Méritos
A primeira mudança foi em março, depois do time ficar de fora do PGL CS2 Major Copenhagen. Antes num cargo auxiliar, nak assumiu o papel de treinador principal, com o então treinador Bruno "bit" Lima virando assistente. Na época, nak disse que seu perfil motivador foi um dos motivos da troca. Agora, classificado ao Major, ele não quer os louros para ele.
"Cada um teve o seu papel nessa conquista, cada jogador, cada pessoa que está no staff. Na parte motivacional temos a Anahi, nossa psicóloga, que tem papel fundamental no time. Tem muita gente por trás. Nutricionista, fisioterapeuta. Estamos fazendo um trabalho há meses de acordar no mesmo horário, fazer várias atividades juntos, seguir dieta, seguir alimentação, é tanta coisa que faz parte que seria injusto falar que eu tive papel fundamental nessa classificação, porque temos feito muitas coisas e todos tem se esforçado muito para conseguir isso daí", explicou.
"Cada um tem seu mérito. Eu consigo colaborar nessa parte, tanto na motivação quanto na tática também, o bit tem um perfil tático mais forte. Cada um tem o seu papel. O próprio drop também tem o papel dele nessa parte da motivação como IGL. É um conjunto, o esforço do conjunto foi fundamental para conseguirmos essa vaga", completou.
Além do conjunto, o MIBR também tem investido em uma rotina mais regrada, com alguns processos diários, que visam ajudar o time a ser mais regular dentro do servidor.
"Estarmos tentando criar uma rotina e fazer sempre o mesmo, para ver se conseguimos ser mais constantes, porque realmente temos muitos altos e baixos. Tivemos altos e baixos nesta temporada e essa rotina é para tentar melhorar o aspecto da constância, mas são vários fatores englobados", explicou.
Sem fuga
Alguns meses depois da entrada de nak, outra mudança na liderança da equipe foi feita: drop assumiu o papel de IGL que antes era de exit. nak relembrou como foi o processo.
"Foi uma decisão nossa, mas o drop mostrou um certo interesse em algumas conversas, ele disse que talvez rolasse, mas deixou na nossa mão. Não foi que ele falou que queria ser e impôs", disse.
"A decisão foi tomada muito por conta do drop ter um perfil de líder e por conta do exit voltar a fazer uma função que ele sempre fez muito bem. Casou, foi uma decisão que tomamos e deu muito certo, era um pouco arriscado pelo drop nunca ter sido capitão antes, mas acabou que ele está levando muito bem, ele evoluiu muito e muito rápido", explicou.
drop é um jogador enérgico, que fala muito durante as partidas e tem personalidade forte, diferente da de exit, que é mais tranquila. nak ressaltou que não houve receio por conta dos estilos diferentes.
"O receio maior foi na questão tática. De comportamento, liderança, o fato do drop falar mais foi algo que queríamos e era algo que cobrávamos dele quando o exit era capitão, que ele já era uma voz muito importante dentro do nosso time. O fato de ele ser IGL ia obrigar ele a falar mais e ele não poderia estar off no jogo porque ele é o IGL agora", disse.
"Era uma qualidade muito forte que enxergávamos e cobrávamos dele e que ele, sendo IGL, não tem como fugir. Não teve receio, era algo que gostávamos muito dele e queríamos que ele assumisse mesmo", continuou.
Um capitão em seus tempos de jogador, nak acredita que drop está num bom nível e que ainda há muito espaço para crescimento.
"Ele está num nível legal e, por ser muito novo, tem uma curva de evolução grande. Taticamente é muito bom trabalhar com ele, ele absorve muito rápido as coisas que eu e o bit falamos. Ele está sempre atento, é muito dedicado, está sempre lá assistindo os jogos, então já é um nível bom", disse.
Decisão fácil… mas difícil
A outra grande mudança veio mais recentemente, com Lucaozy assumindo a vaga de Breno "brnz4n" Poletto, surpreendendo a comunidade pelo timing - na ocasião, o MIBR estava em meio a disputa da ESL Pro League e já garantido no RMR. nak afirmou que a contratação foi definida justamente na competição em Malta.
"Como time que almeja estar no topo e ser o melhor do Brasil, o melhor do mundo, temos que estar sempre de olho em todos os jogadores que estão no Brasil. O Lucão sempre foi um jogador que esteve no nosso radar. A decisão foi tomada durante a Pro League", disse.
"Mantivemos conversa com ele algumas vezes, ele mandava mensagem, ele é amigo do Geto (manager do MIBR) e às vezes trocava ideia com ele também. Quando surgiu a oportunidade, ele com o contrato para acabar no Fluxo, nós não estávamos tão bem e querendo buscar algo a mais", disse.
nak explica que foi uma medida técnica, devido ao momento ruim de brnz4n.
"O Breno (brnz4n) não estava numa fase tão boa. Ele é um excelente jogador, mas não estava conseguindo jogar o que ele sabe. Gostamos muito dele, é cria do nosso academy, da casa, foi bem difícil para nós, mas faz parte do competitivo. Ele é muito novo ainda, tenho certeza que ele ainda vai dar a volta por cima e voltar a desempenhar", disse.
A decisão, de acordo com o treinador, foi fácil… mas difícil ao mesmo tempo.
"Lucão é um jogador mais experiente, tem números muito bons, joga muito bem, já tínhamos assistido ele, conhecíamos, foi fácil fazer a escolha dele nesse sentido, difícil foi a decisão de tirar o Breno", completou.
E as trocas de farpas entre Lucaozy e MIBR nos últimos anos? Isso aí, segundo nak, não atrapalhou.
"Isso aí é conteúdo (risos). São coisas que se criam, rede social, um farpando o outro, mas no fim das contas são profissionais. Temos que ser profissionais e querer desempenhar. Você tem que querer ganhar, se você está preocupado com o que o cara tweetou... no fim das contas o que importa é o que o cara é", disse.
"Claro que vamos passar por momentos de farpas, talvez ele tenha farpado, ou devolvido, não lembro direito quem começou, mas conversamos com o Lucão, vimos que ele estava querendo, ele entendeu o que rolou e bola pra frente. Tem que querer jogar com cara bom e querer ganhar, se ficar se preocupando com isso aí já está errado", completou.
Bem preparados
E a temporada de riscos vai se encerrar com final feliz. O MIBR varreu o RMR e, com um 3-0, se garantiu no Perfect World Shanghai Major. Para nak, o segredo foi o trabalho antes do campeonato e a rápida adaptação de Lucaozy.
"Acho que a nossa preparação foi muito boa. Acertamos no modo que organizamos nossa agenda, no modo que treinamos, buscamos coisas novas e implementamos no time. Foi muito bom. Já vínhamos tentando moldar essa preparação de campeonato grande. Fizemos uma boa Pro League, com uma preparação boa, e agora chegamos bem aqui também. É lógico que temos que sempre estar de olho, tentar evoluir em alguns aspectos, mas acho que nossa preparação foi boa", disse.
"O Lucão é um jogador muito bom, que não sente muita pressão, que joga meio solto, tem um estilo diferente, meio maluco. Ele é meio doidão, inconsequente, e isso é bom, algo que não tínhamos tanto e ele trouxe para gente e encaixou muito bem nesse RMR, em vários momentos dos jogos que tivemos, esse papel dele agregou ao nosso time. Isso foi bom, mas ainda tem mais, foram só duas md1 e uma md3 contra a Complexity. Precisávamos provar muito mais", completou.
Para o Major, o time seguiu treinando direto do hotel do evento, em Xangai. nak disse que o time teve que conviver com a ansiedade, mas que ainda há muita coisa preparada anteriormente que não foi mostrada.
"Estamos ansiosos pela chegada do campeonato, estamos treinando, mas não é aquela sensação de um bootcamp, que precisamos nos preparar. Viemos preparados para a China, jogamos o RMR, fomos bem, e agora? A próxima fase não chega logo", disse.
"Está diferente, não estamos num mood igual ao do bootcamp, mas estamos conseguindo treinar, manter a nossa rotina. Estamos treinando com os times aqui da Europa, da China, alguns que não estão no campeonato, como a Lynn Vision, a (Rare) Atom. Nessa semana estamos mais na pegada do bootcamp pré RMR, mas semana passada, quando faltavam uns 20 dias, depois que nos classificamos, foi um gap meio estranho. Agora estamos voltando aos eixos e estamos ansiosos para jogar logo essa próxima fase", completou.
Acredita
Além da preparação bem feita, nak acredita que é preciso confiar em si mesmo - por mais improvável que isso pareça.
"Temos que estar muito preparados, acreditar muito na nossa rotina, no que temos feito, e acreditar muito que podemos ser campeões. É um ponto que batemos muito na tecla, que conseguimos ganhar de qualquer time que está aqui no campeonato", disse.
"Não tem uma fórmula mágica. É no feeling, na conversa do dia a dia, você sempre ir colocando isso na cabeça, acreditando, tem um pensamento do tipo 'putz, caramba, vamos jogar contra o ZywOo agora num treino', aí você fala 'pô, é um jogador normal, vai lá e espanca ele'. E aí você ganha. No dia a dia você vai plantando aos poucos essa sementinha, isso é muito importante, você acreditar que pode ganhar de qualquer um", continuou o treinador.
"Por que quando você entra num jogo ali que você não acredita, quando chegar o momento do 11-11, daquele jogo tenso, o jogador que acredita, que não passa pela cabeça que vai perder, ele normalmente ganha esses momentos. Eu lembro disso de quando eu era jogador, sei que isso faz muita diferença, tento sempre passar isso para eles. Vamos acreditar, essa palavra é muito forte, é clichê, mas é muito importante", finalizou.
Preparado e com fé, o MIBR estreia no Perfect World Shanghai Major às 0h do sábado, diante da Virtus.pro.