Conheça 100TAG, que se inspirou na G2 para avançar ao CBCS
O sucesso de uma equipe no CS:GO não se remete somente a habilidade dos jogadores. A parte tática também é um diferencial, com esta sendo construída a partir do estudo dos melhores times do momento. Essa foi a "receita de bolo" utilizada pela 100TAG para chegar no CBCS #1. Aliando nomes que já brilharam no cenário nacional com inspiração na G2, a SEM TAG começa a despontar e, na opinião do coach Henan "DomingueS" Domingues, ter potencial para ser a "equipe sensação" de 2023.
"De longe, o time que mais nos inspiramos e que mais gostamos de assistir é a G2, que, no geral, possui um estilo que se encaixa bastante com o nosso. Assistimos o m0NESY variando bastante, o NiKo gosta de jogar com muito flash pick, pegando informação. Trata-se de um time bem mais solto e, de longe, é o time que mais gostamos de 'copiar'. Temos outros times que nos inspiramos, principalmente em alguns mapas, como a Heroic na Mirage. Nossos estudos seguem a linha dos mapas, isto é, nós gostamos de analisar os times que têm os melhores aproveitamentos em cada mapa. No geral, os times que mais nos inspiram são G2, Heroic e a paiN, quanto os times brasileiros", revelou o treinador em entrevista à Dust2 Brasil.
A base da equipe é a antiga line na REHL, após a organização liberar o jogadores no fim de 2022. Porém, conforme contou DomingueS, por conta de propostas individuais recebidas por alguns atletas, todo o elenco não conseguiu seguir junto. "Os remanescentes foram eu, gh e o kurg4n. Contudo, o gh também recebeu proposta da paiN Academy e, na época, eu o aconselhei a aceitar por tratava-se de uma boa organização. Ele foi, mas não curtiu o clima do time e também o colocaram em uma função nada a ver", afirmou.
Sem gh, DomingueS e kurg4n foram atrás de nomes que poderiam completar o time, focando "jogadores que estavam livres". Velho conhecido de kurg4n, Lucas "lealziNho" Leal, foi um dos primeiros a ser chamado. "Na sequência, tivemos a oportunidade de chamar o suNday, que aceitou, e o Lich, que tinha recém-saído da Liberty e estava sem time, mas ainda faltava o quinto elemento", lembrou. De acordo com o treinador, foi na FPL-C, uma das divisões da FACEIT na América do Sul, que encontraram o potencial quinto jogador.
"'Scoutamos' o predict, que vinha liderando a FPL-C naquela época. Fizemos um teste com ele, que no começo se interessou bastante, mas, ao longo do tempo, na minha opinião, ele não se adaptou a vida de jogador profissional. Ele nunca esteve em um time antes e não se adaptou bem a essa vida. O clima foi se desgastando e acabamos dispensando ele há algumas semanas, e fomos novamente atrás do gh, que já havia saído da paiN Academy", explicou.
Início da evolução
O sucesso do time com gh foi imediato já que, logo após o jogador entrar na 100TAG, a equipe conquistou não só a vaga para o CBCS #1, como também a Série B de maio. Surpreso com as boas campanhas em curto prazo? DomingueS respondeu que não, mas garantindo que sabia que ambos os compromissos seriam complicados, principalmente o classificatório para o Circuito Brasileiro "por conta do número de vagas não ser tão grande em comparação com a quantidade de bons times entre os participantes, como Case, W7M Academy, RED Canids e The union".
"Como eram muitos times bons, sabíamos que ia ser difícil. Mas, nos últimos dias, e já com o gh, nosso desempenho nos treinos e nos campeonatos têm sido muito agradável. Alguns mapa que pecávamos um pouco, até por conta da falta de experiência do predict, o gh conseguiu agregar mais por conta da vivência in game. Estávamos confiantes a conseguir uma das vagas, mas não imaginávamos que seríamos o campeão do primeiro qualificatório. Mas, com certeza, tínhamos a expectativa de conseguir a vaga sim", completou.
gh foi o único diferencial?
Por mais que a entrada de gh tenha feito a diferença positivamente para a 100TAG nos últimos dois campeonatos, na opinião de DomingueS não foi o único diferencial nos títulos recentes. O treinador destacou também a mudança de IGL, passando de Gabriel “suNday” Thomaz para Lucas "lealziNho" Leal.
"O lealziNho era o nosso 'second caller' e dava boas opiniões durante as partidas. Então, decidimos que, com a entrada do gh, também mudaríamos de IGL, com essa função passando para o lealziNho e vem sendo bastante positivo. O leal conseguiu dar mais objetividade para o time nos rounds. Então, a parte organizacional do time ficou melhor. Conseguimos ficar muito mais organizados com essa troca. Também acho que, como eu assistia muitas demos com o leal durante a minha live, essa minha sinergia com ele para estruturar o time ficou muito melhor. Eu e o leal começamos a comer muito mais o jogo, então esse conjunto de coisas foram os diferenciais para as nossas recentes conquistas", explicou.
Mas precisávamos de mais para chegar no CBCS
Apesar de ter sido campeã antes de disputar a seletiva para o CBCS #1, DomingueS afirmou que, em conversa com a equipe, disse aos comandados que, para ficar com a vaga, o time precisaria dar "algo a mais" durante o classificatório. Segundo o treinador, esse esforço está ligado ao estudo do CS:GO, "de entender como está a estruturação dos times internacionais tanto de TR, como também de CT".
E esse estudo, segundo DomingueS, resultou em uma nova forma da equipe se portar nos mapas: "Por exemplo, na Mirage até a saída do predict, o kurg4n jogava muito para o janelão de awp e acabei chamando ele para assistirmos algumas demos dos times que dominam esse mapa. Uma das coisas que observamos foi que o awp desses times não jogavam tanto para o janelão. Quem fazia essa posição era o cara da liga e o awp buscava jogo nos bombs, como um rotator. Então, mudamos um pouco a mentalidade e a estrutura do nosso game em todos os sentidos, desde pick até estrutura dos setups. Estávamos bem mal nesse quesito de estrutura e sinto que nas últimas semanas conseguimos evoluir bastante de jogar mais parecido aos times europeus".
E o interesse das organizações?
DomingueS e os jogadores se classificaram para o CBCS #1 como 100TAG, mas com a possibilidade de se apresentarem no campeonato representando a organização. Isso porque, de acordo com o coach "temos conversas com alguns clubes, mas não podemos citar quais são para não atrapalhar nossas negociações. Essas conversas estão acontecendo há algumas semanas. Só que, com a classificação para o CBCS, temos uma data limite para informar como nós nos apresentaremos no torneio, se ainda como 100TAG ou representando uma organização. Essas conversas esquentaram com a classificação para o CBCS, mas ainda não tem nada certo, nada fechado. São apenas conversas, interesse, mas existe, sim, essa possibilidade de representarmos uma organização já no CBCS".
De acordo com o coach, o deadline para a equipe informar o CBCS as próprias informações, incluindo se vão representar uma organização, é 12 de junho. "Se até amanhã não fecharmos com um clube, durante a fase de grupos jogaremos como 100TAG. E, se nos classificarmos para os playoffs, vamos poder trocar de nome, para o da organização com a qual fecharmos. O CBCS já autorizou essa mudança", explicou.
Como foi a seletiva
Por contar com nomes que já tiveram sucesso no cenário brasileiro e ter como base uma equipe que, em 2022, esteve presente em grande parte das edições do circuito, a 100TAG entrou na seletiva para o CBCS #1 como um dos times sem organização que eram favoritos a classificação. Contudo, o reconhecimento "tardio" chateia não só DomingueS, como também outros membros da equipe.
"É uma coisa que até nos deixa chateados, principalmente eu, o kurg4n e o gh, porque estávamos na REHL em 2022, terminamos o circuito em 8º lugar, mas, se desconsiderarmos os times que deram 'disband' ao longo do circuito, nós terminamos em 6º lugar. Então, dos cinco campeonatos que tiveram no ano passado, disputamos quatro. O que não disputamos foi porque eu e o gh tínhamos saído da The Union na época e estávamos em processo de entrar num novo time. Não tivemos como participar", destacou.
DomingueS completou dizendo que, "em todas as outras edições que participamos, chegamos nos playoffs. Esse reconhecimento tardio é uma situação que nos deixa bastante chateados quando a galera começa a indicar os favoritos e não nos colocam. Claro que o reconhecimento total só vamos conseguir trabalhando, jogando bem, indo mais longe nos campeonatos. Mas, internamente, sabíamos que éramos um dos fortes candidatos às vagas do CBCS #1. Porém, acontece que a comunidade acaba esquecendo, primeiro porque o time não tem uma identidade em questão de organização e também acaba perdendo um pouco dessa relação com torcida, mas, internamente, sabíamos que somos fortes e chateia muito ver a galera do cenário considerando até times que, na nossa cabeça, seriam parecidos ou inferiores ao nosso e nos desconsideram. É algo corriqueiro, que nos chateia, mas sabemos o nosso potencial".
Na seletiva, até a conquista da vaga, 100TAG derotou Aposentados e Perigosos, Plano B (time Academy dO PLANO), ReallyGang, OUTPLAYED, Mortality e MITOS, antiga FUSION. Com a classificação já garantida, o time ainda derrotou a RED Canids pelo seed #1 do qualificatório. Para DomingueS, o triunfo contra Matilha "mostrou que temos nível para sermos competitivos no campeonato. Isso já aconteceu em outras oportunidades, principalmente quando estávamos na REHL, onde não tínhamos o reconhecimento que merecíamos e, no CBCS, sempre conseguíamos desempenhar bem, nos classificávamos bem nas fases iniciais do main event. Nós conseguimos competir muito bem contra as melhores equipes do país e, acho sim, que o pessoal tem que ter um pouco de cuidado contra nós porque, se entrarem desligados, somos um time bem forte".
Questionado se pelo fato da seletiva não ter seeds, o que aglomerou outras grandes equipes em uma única chave, "ajudou" a 100TAG a ter um caminho "mais tranquilo" na disputa pela vaga, DomingueS acredita que, "sim, tivemos um pouco de favorecimento porque enfrentamos times que não estão desempenhando tanto quanto outros, apesar de também serem times muito fortes, como o MITOS, a ex-FUSION. São times que também são fortes, só que é nítido que colocaram uma quantidade desproporcional de times fortes na outra chave. Como enfrentamos a RED, que, querendo ou não, foi a melhor equipe da outra chave, nossa conquista foi justa. Não acho que tenha um * nessa classificação, mas, com certeza, vejo que foi errado não ter seed e é uma das brigas que compro sempre quando tem qualify porque seria o justo para todos os participantes".
100TAG tem potencial para se tornar a "sensação" do cenário brasileiro em 2023. DomingueS vê com bons olhos essa possibilidade, mas garantindo que a equipe está com os pés nos chão: "Se tornar essa sensação ou não vai depender somente de nós, mas é nítido que conseguimos desempenhar muito bem contra fortes equipes. Nossas boas exibições, mesmo em derrotas, e vitórias contra equipes mais consolidadas nos credencia a estar nesse bolo do 'Tier-1' brasileiro. Já se tornar e nos consolidarmos como uma equipe sensação vai depender de nós. Nós não temos um histórico tão grande contra tantas equipes pelo fato do nosso time ser novo, mas temos jogadores que já se provaram e estão no Tier-1 há bastante tempo. Precisamos trabalharmos para nos consolidarmos como essa equipe sensação de 2023".