kye, jovem da FURIA Academy, é o sexto entrevistado do MIRA JOVEM

MIRA JOVEM: Mente forte, kye comenta VAC ban e almeja o tier 1 mundial

Jogador da FURIA Academy comenta que não visa subir para o time principal e relembra início da carreira

O cenário de CS:GO é recheado de veteranos, que começaram a trajetória no competitivo ainda no 1.6, há cerca de duas décadas. Estes nomes inspiraram os mais novatos que hoje começam a ter mais espaço, como é o caso de Kayke "kye" Bertolucci.

Atualmente com 18 anos, o jogador lembra que já era envolvido no mundo dos games, porém foi pela recomendação de um amigo que conheceu o CS:GO, sete anos atrás.

"Eu já tinha jogado Combat Arms e CrossFire, mas um amigo me convidou para jogar CS. Baixei o jogo e comecei a tomar gosto, jogávamos todo dia. Fui jogando pela diversão e pegando gosto, ao decorrer do tempo fui evoluindo. Depois deixei de jogar com os amigos da escola e comecei a criar novas amizades dentro do jogo", contou kye à Dust2 Brasil.

Hoje, kye está na FURIA Academy, porém foi na SWS que teve a oportunidade de jogar ao lado de um time profissional no CS:GO pela primeira vez, ainda em 2020. Já no ano seguinte, o jovem teve um momento difícil na carreira, com a desistência da Vivo Keyd no CBCS, que fazia parte do RMR, pela suspeita do jogador tem VAC ban.

"Fui convidado para a Tropa da Enguiça, ex-W7M, passamos para o closed de um qualify da DreamHack e aí assinamos com a Vivo Keyd. Nessa época ainda tinha o CBCS e o campeonato era no formato do RMR, porém como tenho o VAC ban não podia jogar. Foi tudo muito rápido e, em questão de dias, tudo acabou", lamenta.

kye é o sexto nome entrevistado para a MIRA JOVEM, série que conta a história de promissores jogadores e jogadoras que estão em crescimento no cenário nacional.

Início meteórico

Após aceitar o convite de um amigo de escola e passar a jogar CS, kye passava horas em um notebook que rodava o jogo a 15 de FPS, usando o livro de ciências como mousepad, junto de um mouse da Microsoft e fone de celular.

Seis meses depois, a situação melhorou para kye: "Minha mãe comprou um notebook pra ela, e ela usava para trabalhar. Quando eu tinha um tempo, pegava para jogar, mas não mudava o fato de que ainda usava o livro e o mouse muito ruim. Depois ela comprou um computador para mim, comprou monitor e os periféricos. Depois disso fui jogando com o que ela me deu e por mérito meu fui dando upgrade neles".

Já com o computador e com periféricos mais adequados, kye não demorou para ser convidado para times. No começo de 2020, integrou a SuperNova e a Royal Republic. Ali, o jovem já sabia o que queria da vida.

"Comecei a jogar com uns 12 anos e, quando tinha entre 14 e 15, já estava me destacando no cenário e tinha gente me chamando para time. Eu falei para minha mãe que era isso que queria para mim. Pude perceber que tinha potencial para isso", comentou kye.

Algumas incertezas

Embora determinado que queria seguir o futuro de jogador profissional, kye relembra que já teve algumas incertezas em relação à carreira como atleta de esportes eletrônicos, que foram rapidamente resolvidas.

"Sempre fiquei com um pouco de receio mas não paro muito para pensar sobre isso não. Jogo CS porque gosto e muitas pessoas relevantes no cenário já falaram muita coisa boa para mim. Se eles estão falando é porque tem algum motivo, então acredito muito no meu potencial".

Essa confiança tem base também no suporte que seus pais lhe dão. kye conta que ambos compreendem o desejo do filho de jogar CS:GO profissionalmente, porém o jovem lembra que o apoio não vem pela família inteiramente.

"Meus pais são bem compreensíveis, muitas pessoas de vários times já falaram com eles sobre isso então são bem tranquilos. Da outra parte da família sempre vai ter um pouco de preconceito, mas nunca dei ouvido a isso. Meus pais também não, então eles sempre me apoiaram", conta kye.

Por mais que já tenha enfrentado algumas incertezas há alguns anos, kye hoje em dia tem como plano A o CS:GO, e o jogador não quer ter distrações para evitar que seja só "mais um".

"No momento não penso em voltar a estudar. Meu foco é o CS e acho que é muito difícil conciliar os dois porque se você não tiver dedicação dentro do CS, você vai ser apenas mais um".

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Feijão com arroz

Com o ímpeto de se tornar um grande jogador, kye passava dezenas de horas diariamente jogando. Porém, ele conta que isso o saturou. Assim, hoje ele tem em mente que precisa fazer o feijão com arroz, focando nos treinos e campeonatos.

"Eu enjoei de jogar tanto. Jogava muito, era o dia inteiro jogando. Chegou uma hora que não dava mais, estava muito saturado. Ou eu treinava ou jogava lobby, e decidi só treinar e fazer o que precisava".

"Minha rotina já foi essa (de ficar jogando o dia todo) hoje em dia entro para fazer o que preciso fazer, treinar, jogar campeonatos e ver minhas demos. Fora isso eu não vejo mais diversão de ficar jogando pug e lobby", continuou.

Mente forte

No seu segundo ano como jogador profissional, kye foi pivô da desistência da Vivo Keyd no CBCS Elite League Season 1, torneio que fazia parte do RMR que classificaria para o Major. O time abriu mão do torneio por conta de um suposto VAC ban em uma outra conta do jogador.

Assim, kye foi afastado da Keyd e viu tudo acabar em questão de dias, como lembrou. O jovem conta que a situação do VAC ban já foi a sua maior dificuldade na carreira, porém hoje não vê a punição como um grande problema.

"Minha maior dificuldade na carreira é psicologicamente conseguir conciliar um VAC ban com a carreira. Lido bem com isso, mas já foi algo que se eu não tivesse a mente forte, poderia ficar muito mal e até parar de jogar. É uma coisa que mexe muito com a pessoa, quem tem sabe. O vsm já falou muito sobre isso. Você tem que esperar um tempo, vendo todo mundo poder jogar os campeonatos e você está preso, então é uma coisa que machuca".

O VAC ban voltou a atrapalhar a carreira de kye quando ele fez parte do UNO MILLE, após vencer o título presencial da IQ Option pela Liberty em dezembro de 2021.

"Eu, skullz e Remix decidimos criar um time que foi o Uno Mille. Começamos a treinar, chamamos mais dois jogadores porém de novo por causa do VAC eu não pude jogar. Eles estavam com outros objetivos e em outra página, compreendi isso e saí do time".

Topo do mundo

Depois de passar quatro meses na paiN Academy, kye foi contratado para a FURIA Academy, equipe que defende desde janeiro deste ano. Na organização, o jovem tem o exemplo de André "drop" Abreu, que foi promovido à lineup principal. No entanto, kye não tem isso como objetivo atualmente.

"Não é meu objetivo porque é algo bem distante. Tem que trabalhar bastante para conseguir atingir isso e tem que passar por muitas etapas, não adianta querer pular todas as etapas e chegar no tier 1 achando que vai acabar com todo mundo. Acho melhor manter o pé no chão e focar no agora, conquistar o que a gente pode e, mais pra frente, com a mudança para o CS 2 e o fim do VAC ban, ver as propostas que vão vir".

Há três anos, kye dava seus primeiros passos no cenário competitivo. Agora, o que ele projeta para alcançar em cinco anos? O jovem quer estar no topo do mundo.

"Me vejo jogando em um nível muito alto, tier 1. Hoje em dia o tier 1 do CS mundial é muito dominado pelos europeus, espero que isso mude e que eu esteja no meio porque tenho muita sede e muita garra para isso", finalizou kye.

Colaborou Vitoria Von Bentzeen

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