bokor durante entrevista à Dust2 Brasil

Ex-"fangirl", bokor se diz surpresa com ida à FURIA

Jogadora de 18 anos falou da pressão de reforçar a equipe e as expectativas para a ESL Impact Katowice

Gabriela "bokor" Bokor pode dizer que realizou um sonho ao entrar na FURIA. Ex fangirl da organização, a jogadora agora vai atuar pela equipe. Mas, ser contratada pela FURIA não seria o suficiente para atingir esse objetivo: Ela queria estar no time que quisesse ganhar, e conseguiu unir as duas coisas.

Ainda em 2020, bokor escreveu em um tweet: "FURIA me contrata". O post, que parece até um presságio, foi revivido minutos antes dela ser oficializada na organização. A jogadora relembrou o porquê de ter feito a publicação.

"Foi um tweet bem torcedor porque era uma época em que a FURIA estava começando e eu sempre gostei muito da org. Eu era bem fangirl. Com o tempo, eu percebi que eu queria estar no time que quisesse ganhar, não necessariamente a FURIA. Se ela não fosse o time que quisesse ganhar, eu não gostaria de estar lá. Não é mais associado ao nome e sim às pessoas, a vontade e os objetivos. Não era um sonho entrar aqui, porém sim entrar no melhor time. Acabou que juntou os dois e foi perfeito", declarou em entrevista à Dust2 Brasil.

O momento em que chegou a proposta da FURIA para bokor lhe surpreendeu. A jogadora avaliou que ela não vinha jogando tão bem, mas foi aprovada nos testes realizados em pugs já que os times estavam de férias e não havia treinos. Mesmo com 18 anos, a jogadora já esbanja experiência, e acredita que sua carreira pesou em sua escolha.

"Para mim foi uma surpresa (o convite da FURIA) porque eu não estava desempenhando bem, porém percebi que as meninas valorizam outras coisas além de KD. Essa experiência que eu tenho de ter outros times no passado, jogar desde os 14 anos, e também a minha jovialidade de ainda ter 18 anos e já ser experiente no cenário. Foi uma surpresa muito boa, estou muito feliz de estar aqui e espero trazer bons resultados".

"Essa minha experiência não é nem tanto por trazer mais experiência mesmo dentro de jogo, porém no sentido de vivência, saber como funciona um time. Você vai precisar se dedicar e é isso, pronto acabou. Se você quiser fazer acontecer, vai fazer acontecer. Elas deram valor para esse tipo de coisa, é algo que você aprende com o tempo, mas nem necessariamente todo mundo tem. Demora um certo tempo para você desenvolver essa coisa de saber que precisa se dedicar. No começo todo mundo acha que é talento, porém depois vê que talento não ganha nada", continuou bokor.

Atualmente é inegável que a FURIA é o melhor time feminino do Brasil. No entanto, somente manter esse status está longe de ser a meta da equipe capitaneada por Izabella "izaa" Galle. Para 2023, bokor revela que a FURIA quer romper a barreira do cenário masculino.

"Alguns campeonatos às vezes não dá por conflito de organização, quando a lineup masculina joga por exemplo. Porém os principais camps no Brasil temos o foco de jogar, então queremos enfrentar essas pessoas, treinar contra esses caras que são mais fortes, para chegar em um nível de quebrar essa barreira entre cenário feminino e masculino".

"Olhando de fora, na minha visão, as meninas da FURIA eram acomodadas de tipo: "ah, estamos ganhando tudo e é isso". Só que quando cheguei aqui vi que não era assim. Tá todo mundo ganhando tudo no cenário feminino, porém o feminino não é o foco. Queremos ser o melhor time independente de cenários e estamos trabalhando muito forte para chegarmos no nível do tier 1 masculino. Os times femininos no geral estão com esse objetivo", seguiu.

Recém-reformulada, a W7M é um time que pintou em torneio masculino ao ser convidada para a disputa da fase de grupos do CCT Series #4. No entanto, quem ameaça a hegemonia da FURIA atualmente é a B4.

Na GC Masters Feminina VI, realizada em dezembro, a B4 derrotou a FURIA por 2 a 1 e conquistou o título do torneio. A vitória deu fim à sequência de 16 meses da equipe sem perder uma md3 contra times femininos no Brasil. Bokor comentou de como vê as adversárias.

"A B4 é um time que vem treinando muito, elas têm muita vontade de ganhar. Eu esperava que alguma hora elas iam vencer algum jogo da FURIA, mas com a chegada de uma pessoa nova sempre muda o clima, muda as estratégias, então cria uma adaptação e um ambiente melhor. Também tem o fato de que se elas quiserem ganhar, vão ter que treinar mais que nós. Embora as meninas da FURIA ganhem tudo, elas não são acomodadas".

Substituta de Mariana "mari" Preste, bokor assumiu a função e as posições nos mapas da jogadora que foi para a W7M. Atualmente em adaptação, a nova contratada diz que tem se sentido cada vez mais confortável com o novo estilo de jogo e avalia que seu trabalho duro tira um pouco da pressão que poderia sentir.

O primeiro grande compromisso de bokor com a FURIA vai ser a ESL Impact Katowice, entre os dias 10 e 12 de fevereiro. Em seu primeiro mundial, ela tenta ajudar as companheiras a conquistarem o título internacional, depois de três vice-campeonatos no ano passado com derrotas diante da Nigma Galaxy.

"Não sei se vou ficar nervosa na hora porque é o primeiro, mas estamos trabalhando muito para esse campeonato. A expectativa, talvez não para Katowice, porém pro ano, é de quebrar o vice e conseguir ser campeã. Pelo que elas estão me falando, elas nunca treinaram tanto, com essa intensidade, todo mundo trazendo coisa nova, dando a vida".

"Com trabalho duro seremos recompensadas. Tem que chegar com o pé no chão porque os times mudaram, as (outras) meninas tão querendo ganhar também, então tem que ir na calma. Fazendo nosso jogo acho que vamos conseguir bons resultados sim", finalizou.

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