kaah: "Não me vejo como estrela. Sou o que sou por causa das minhas companheiras"
Quando o assunto é cenário feminino brasileiro um dos primeiros nomes citados é o de Karina "kaah" Takahashi, que desde janeiro de 2020 empilha títulos junto à FURIA. Em entrevista à Dust2 Brasil, a awper garantiu que ainda não chegou ao auge, apesar de já ser considerada a melhor jogadora no país.
"Na verdade, a gente sempre está crescente. Eu boto minha trajetória como crescente. Não acho que estou no meu auge e ainda acho que vou alcançar ele. Desde que entrei na equipe, consegui evoluir muito, crescer bastante", afirmou.
Apesar dos títulos coletivos e individuais, kaah não se vê uma estrela. Na opinião da jogadora, "só sou o que sou hoje por causa de todas as minhas companheiras de time. Nosso jogo, em conjunto, se encaixa muito bem. Eu só consigo fazer o que eu faço por causa delas".
kaah revelou que ainda não está acostumada com o fato de fãs e até mesmo outras jogadoras a considerarem ídolo: "Sempre me vi como uma pessoa normal em relação a tudo. Aí quando chega alguém e fala 'eu me inspiro muito em você', eu fico 'caramba, é mesmo'. Eu fico muito feliz, mas eu sei do peso que isso tem porque eu já estive no lugar delas também e eu já respeitei muito alguém pela história que ela tem e eu sei que o que a gente está fazendo aqui também é história".
Eu fico muito feliz e quero cada vez mais representar mais ainda todo mundo para todo mundo falar 'eu posso ser ela, ou melhor do que ela, inclusive'
Formada por um elenco que já brigava pelo próprio espaço no topo do cenário, a FURIA feminina surgiu já brigando por títulos e não demorou muito para se firmar como a principal equipe do país. Dois anos se passaram e, com a dezenas de conquistas, kaah e as companheiras construíram a própria era.
"Eu fico muito feliz de fazer parte, principalmente, disso. Entramos na FURIA já com o intuito de ser a melhor line, independente das pessoas que a gente colocasse. Escolhemos peças muito fundamentais, importantes para isso acontecer", afirmou.
Questionada sobre o segredo do sucesso da FURIA, kaah respondeu dizendo que "é uma pergunta muito difícil porque nem a gente sabe se tem segredo". Contudo, a jogadora aponta o "sangue no olho" como um dos responsáveis pelo bom desempenho mostrado pelo time nas últimas temporadas.
"Sempre querenis treinar muito, ganhar. Nunca estamos acomodadas a ponto de 'parar de treinar, vamos dar uma pausa'. Quase não tiramos férias, sempre estamos trabalhando, sempre dentro de tudo", afirmou.
A barreira a ser quebrada
Já no topo do cenário feminino brasileiro, a barreira que falta a ser quebrada pela FURIA é alcançar o tier 1 do masculino e, na opinião de kaah, "está faltando é mais de nós mesmas".
"Não é questão de esforço porque a gente está se esforçando bastante, mas o jogo é diferente. Então, precisamos encaixar melhor em relação a isso. Precisamos jogar mais rápido, às vezes jogar mais na mira, confiar um pouco mais na mira porque a diferença também é que eles são bastante confiantes, principalmente jogando contra mulher. Sobe bastante a confiança", apontou.
Já pensou em migrar
Com a chegada do VALORANT, em meados de 2020, o CS:GO sofreu perdas em relação a competidores porque muitos decidiram migrar. A mudança mais significativa aconteceu no cenário feminino pelo fato do FPS da Riot Games, até então, proporcionar mais oportunidades por possuir um circuito oficial voltado às mulheres.
kaah revelou já houve uma conversa entre o time e já teve interesse em migrar. A jogadora explicou que isso aconteceu pelo fato de não haver previsão de campeonato feminino: "Não tinha nada e a gente falou 'po, a gente consegue jogar as duas coisas ao mesmo tempo' porque campeonato feminino quase nunca está tendo, vai ter um a cada três meses".
A awper informou ainda que também rolou um interesse próprio de trocar de modalidade e, na opinião da jogadora: "Acho que isso (pensar em migrar) já passou na cabeça de qualquer atleta do CS feminino".
Mas, apesar der optado por continuar no Counter-Strike, kaah tem um carinho especial pelo outro FPS pelo fato de quem estar competindo nele atualmente é a irmã Elaine "mindle" Takahashi. E a awper da FURIA não escondeu o quanto torce por mindle.
"Eu torço muito e eu fico muito nervosa. É surreal como eu fico nervosa. Eu fico me tremendo, suando frio. É aí que eu vejo que é difícil torcer. Acabou (que a ida dela) deu tudo certo e eu fiquei muito feliz desde que ela voltou a competir. Tem sido uma das minhas maiores felicidades. Assistir ela jogando é uma das minhas maiores felicidades", disparou.