MIRA JOVEM: Nicks se inspirou em coldzera e quer superar carreira de device

Enquanto o cenário brasileiro tenta encontrar as peças que podem levar a região de volta para o topo do CS mundial, alguns nomes que entraram no competitivo inspirados pelos multicampeões vão ganhando espaço no cenário. É o caso de Nicolas "nicks" de Paula, que decidiu focar no FPS da Valve depois de ver a história de Marcelo "coldzera" David.

"A mudança veio quando vi assisti um vídeo do cold, com aqueles vídeos que a FACEIT fazia antigamente do Major. Quando assisti me deu uma virada de chave do tipo "dá para tentar" (ser profissional). E aí passei a perguntar para alguns jogadores também, conversei com o dumau que me ajudou bastante e me deu ideias do que podia fazer", contou em entrevista à Dust2 Brasil.

Embora tenha somente um pouco mais de um ano focado no CS, Nicks já está inteirado do cenário de CS há mais tempo. O jovem, que tem fotos com Gabriel "FalleN" Toledo e Alexandre "Gaules" Borba no seu quarto, fala da relação com a dupla.

"O FalleN, fer e essa rapaziada veterana do cenário conheço há bastante tempo. Meu primo mostrou eles quando me apresentou o CS, lá em 2017. Eu não acompanhava muito, porém já assistia. O Gaules ele mudou bastante o meu jeito de pensar, me ajudou em muitos aspectos com coisas que ele fala, então conhecê-lo pessoalmente foi muito especial para mim. O FalleN mostra que tudo aquilo é possível, então você olha e fala: 'Se ele conseguiu, também consigo'. Isso te anima a tentar e por causa disso estou aqui."

Nicks é o 21° entrevistado do MIRA JOVEM, série da Dust2 Brasil e GG.BET que conta as histórias de jogadores e jogadoras que estão construindo a carreira no cenário de CS.

Começo repentino

nicks passou a ter contato com os jogos depois de um incidente. Ele, que queria ser goleiro, precisou largar o futebol depois de quebrar o braço e foi assim que criou uma relação inicial com os videogames.

"Sou muito competitivo e sempre joguei futebol. Eu queria ser goleiro profissional, até cheguei a jogar um pouco, porém quebrei o braço e desisti, deixei de lado. Nessa época conheci os jogos, com o Minecraft, quando ainda tinha uns 15 anos", conta.

Foi o primo de nicks quem o tirou do Minecraft e o levou para o CS, em 2017. No entanto, sem computador, ele não conseguia jogar o FPS da Valve, até quando comprou um novo PC.

"Depois de um tempo comprei um PC e passei a jogar mais CS. Só que no início não foquei, ficava jogando Rocket League, Fortnite, e nem achava que era possível ser profissional. Só depois com o tempo que fui descobrindo mais."

Além de não ter foco somente no CS entre os jogos, outro esporte surgiu na vida de nicks: o basquete. Ele seguiu disperso assim até o ano passado, quando o vídeo de coldzera o guiou ao que ele queria fazer. Foi quando ele considerou competir.

"Até pensava em competir, só que não sabia por onde começar. Nunca tentei competir realmente até 2022, quando fui buscar um time ou alguma coisa. Eu jogava pugs em geral com meus amigos do colégio."

"Não sabia por onde começar. Vi que a história do cold era um pouco parecida com a minha em relação a algumas coisas, então me inspirei bastante nele no início, é um cara que é muito focado, quer ser bom em tudo o que faz, peguei ele como uma grande inspiração", adicionou.

À la Cristiano Ronaldo

nicks pode dizer que tem uma mentalidade um pouco parecida com a de Cristiano Ronaldo. Enquanto CR7 diz que, para ele, sempre é o melhor, nicks quer ser o melhor e está disposto a fazer de tudo para realmente chegar nessa posição.

"Sempre levei de boa essa questão de precisar ficar muito tempo no computador porque sou muito competitivo, então sempre quis ser o melhor. Não importa quanto tempo tenho que ficar jogando, se preciso fazer isso para ser o melhor, vou ficar 12, 13, 14 horas jogando. Quero melhorar o máximo que der", afirmou nicks.

Embora se desdobrasse para ficar até 14 horas jogando, nicks tinha que dividir sua rotina no CS com o ensino. Finalizando o terceiro ano do ensino médio em 2023, ele conta que costumava ir virado à escola, porém seus pais foram essenciais nessa etapa.

"O que me dificultava um pouco é que eu estudava de manhã, então tinha que acordar às 6 horas para ir à escola e voltava meio quebrado ao meio dia. Mas ligava o PC e ia jogando CS, sempre joguei bastante."

"Quando cheguei no ensino médio, quis focar mais no CS e isso deu uma complicada na rotina, não vou mentir. Meus pais me ajudaram bastante, sempre me incentivaram a estudar bastante quando tinha prova e isso facilitou com que eu terminasse o ensino médio porque era bem maluquinho, tinha dia que ia virado para escola, não estava nem aí para nada", disse.

Base forte

O apoio dos pais de nicks não se resume ao suporte em relação à escola. O jovem conta que tanto seu pai quanto sua mãe sempre lhe apoiaram e foram uma base forte em relação ao competitivo.

"Antes de falar que queria ser profissional, ia tentando mostrar para minha mãe como funcionava o CS, o competitivo, etc. Sempre mostrava 'olha mãe, essa pessoa ganhou um campeonato, pagaram tanto', e ir mostrando que dá para viver disso. Minha mãe sempre me apoiou bastante."

"Meu pai também, porém ele tinha um pé atrás, falando para terminar o ensino médio, fazer uma faculdade. Já minha mãe sempre apoiou 100%, falava 'é isso que você quer fazer? Então faz. Se precisar de alguma coisa me fala'. Os dois sempre foram uma base muito forte para mim", seguiu Nicks.

Em relação à faculdade, o jovem conta que já chegou a considerar fazer Engenharia, porém o tempo mostrou para ele que não era isso que ele queria. Free agent depois de sair da C4 Base recentemente, Nicks conta que precisa da adrenalina da competição.

"Eu até pensava em fazer faculdade, talvez curso de Engenharia ou algo do tipo, mas com o tempo percebi que precisava competir. Quero ganhar o tempo todo e o CS me dá essa sensação, de estar ali, sentir adrenalina. De uns tempos para cá passei a focar 100% no CS, vi que queria isso para vida mesmo, então enquanto der para competir, vou competir, e espero que seja por muito tempo."

Aprendizados

Ainda no começo da carreira, Nicks pontua que para crescer no cenário é necessário ir passo a passo, porque o CS não permite que você pule etapas. Portanto, é essencial ouvir feedbacks de quem está ao seu redor e joga com você.

Porém, Nicks acredita que o ponto essencial para evoluir é entender que o jogo é coletivo e não individual. Portanto, trabalhar coletivamente é imprescindível, ouvindo os nomes mais experientes no cenário.

"Tento também não focar só em mim, mas também ajudar o time, buscar bastante tática, assistir demo. O jogo é em equipe, então acho que não adianta você só trabalhar para você e deixar o time de lado. Você pode ter muita mira, jogar muito, só que não ouvir feedback do seu time, não comunicar bem e passar a atrapalhar em outros aspectos. O mais importante para mim é ouvir quem é mais experiente no cenário."

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Maior que os gigantes

Nicks pode dizer que tem um grande sonho para sua carreira. O jovem de 18 anos quer superar as conquistas de Nicolai "device" Reedtz, multicampeão com a Astralis, para levar o Brasil de volta ao topo.

"Quero ganhar muita coisa. Vejo o dev1ce como inspiração nesse sentido, um cara que ganhou quatro Majors, título pra caramba. Eu queria ter uma carreira até melhor que a do dev1ce, ganhar mais coisas e levar o Brasil de volta ao topo. Desde 2018 a gente não ganha um título expressivo em LAN e isso é algo que tenho em mente: levar a gente ao topo do tier 1 de novo."

Para dar os primeiros passos rumo a essa carreira vitoriosa que almeja, Nicks tem um sonho mais fácil de alcançar, porém também difícil: disputar o PGL Major Copenhagen 2024, que terá a primeira seletiva aberta começando no dia 8 de janeiro.

"Meu maior foco no momento está sendo o qualifier do Major no início do ano. Estou treinando bastante, focado em evoluir o mais rápido possível para buscar uma vaga no closed e, quem sabe, no Major. É um sonho muito grande poder jogar um campeonato como esse, ainda mais sendo tão novo. Seria uma conquista muito grande, é meu foco atualmente", finalizou.