Alexander Müller, CEO da SK (Foto: Divulgação/OSK)

CEO da SK explica saída de brasileiros e diz que tentou contratar Last Dance

Alexander Müller também comentou relação com Brasil e afastamento do CS

A SK Gaming esteve presente na LANXESS Arena, mas não para competir. A organização, que já foi casa do quinteto vencedor brasileiro no passado, hoje ainda tem muitas boas memórias com o CS:GO, porém não está mais presente no FPS. A Dust2 Brasil conversou com Alexander Müller, CEO da organização, que revelou tentativas de contratar o Last Dance, falou dos planos para o FPS e relembrou a saída dos brasileiros.

"Nós nunca podemos dizer adeus definitivamente (ao CS) porque não sabemos o que vai acontecer mais pra frente. Ir ao torneio faz com que nos sentimos em casa. Vimos o último campeão de CS:GO nessa arena e passar um tempo com jogadores do passado éinteressante, sempre nos preenche com ótimas memórias, bons sentimentos, nada negativo. Tudo é muito positivo".

Uma dessas boas memórias na LANXESS Arena é de 2016, quando os brasileiros capitaneados por Gabriel "FalleN" Toledo foram campeões da ESL One Cologne, segundo Major daquele ano, pela SK.

No ano seguinte a SK também foi campeã em Cologne, no entanto em 2017 o campeonato não era Major. A conquista faz parte da trajetória vitoriosa dos brasileiros com a SK, que teve oito troféus em 2017.

Porém, no meio de 2018, o time brasileiro deixou a SK para integrar o MIBR. Alex Müller relembrou a saída do quinteto e lamentou o fim da relação com os jogadores.

"A SK não estava mais apta a segurar esse super time depois de julho de 2018, fomos basicamente forçados a finalizar seus contratos. No entanto, eles fariam essa mudança para Immortals/MIBR de qualquer jeito. Você pode ver o que aconteceu com o time em um período curto de tempo, foi algo que não foi bom para os jogadores e pro time. A SK estava na frente em ambiente administrativo, mas essas coisas acontecem".

"Em 2004, o time sueco saiu (da SK) e depois se separou. (Com os brasileiros) não foi a primeira vez e nem será a última. Isso vai acontecer sempre porque tem pessoas que tentam tirar vantagens, não têm nenhuma ideia do que estão fazendo e no final elas não se provam. "Vamos fazer um time e jogar dinheiro nas pessoas". Esses são os argumentos deles. Não somos torcedores do time, embora gostaríamos de ter continuado com eles", continuou Alex.

A insatisfação de Alex não para por aí. O CEO da SK pontua que a falta de transparência por parte dos brasileiros foi um dos pontos que mais lhe chateou, e também criticou o momento atual do MIBR como organização.

"Os primeiros 18 meses foram hilários, eles simplesmente eram insanos, porém depois disso nós conversamos internamente e já no começo do ano sabíamos que eles tinham perdido isso (a boa fase). Era sempre a mesma discussão sobre dinheiro, contratos… se você não está disponível a entender o que devemos fazer no mesmo, isso tem um impacto em você e foi isso que aconteceu".

"Nos últimos seis meses eles não eram mais os melhores, algumas outras equipes se aproximaram, e eles eram os culpados. Eles queriam formar esse MIBR… o que é o MIBR? Estamos sentados aqui em 2023, discutindo a marca, onde está o MIBR hoje? Eles buscam a excelência nos esports? Eles buscam ganhar campeonatos no Counter-Strike? Foi prometido para um país inteiro que eles queriam uma casa para o time e foi engraçado ver como isso se desenrolou durante os anos", adicionou.

Mesmo que a saída não tenha sido da melhor forma possível para Alex, o CEO celebra o período em que a SK abrigou a lineup brasileira e vê que ter o vitorioso quinteto foi a melhor forma para a organização se despedir do CS:GO.

"A lineup brasileira foi uma boa maneira de dizermos oi e adeus para o jogo que amamos. A SK foi o Counter-Strike, mas aceitamos a função de espectadores. Os 18 meses com eles mostraram o que o Counter-Strike é para a gente e o que nós somos para o Counter-Strike".

Brasil sempre no radar

Alex conta que, mesmo cinco anos após ter dado adeus ao time de FalleN, ainda há brasileiros que frequentemente entram em contato com a organização afim de integrarem a SK.

"Nós amávamos toda a comunidade, infelizmente não ficamos com o título em São Paulo mas foi insano o amor que todo mundo recebeu na arena e ainda recebemos. Eles entendem que não estamos mais no CS, porém provavelmente somos mais brasileiros do que o MIBR quando foi revivido. Levamos toda a região à sério".

Torcida brasileira na ESL Pro League S4 Finals, em São Paulo

Essa boa relação com todo o Brasil veio de forma natural. Por conta dessa sintonia, Alex conta que a SK sempre considera contratar times brasileiros, porém a organização ainda não o fez desde 2018.

"Os brasileiros sentem a SK e a SK sente a comunidade. E é algo tão simples que nós temos isso com muita naturalidade. Sempre tentamos fazer as coisas certas e algumas vezes podíamos ter contratado brasileiros, porém o timing não funcionou para nós. Amaríamos fazer mais na região, porém precisamos estar focados para fazermos bem o que queremos".

"Emocionalmente, a nossa conexão com o Brasil estava materializada com o pessoal lá e agora ela continua de maneira abstrata. Sempre consideramos o Brasil uma oportunidade de criar algo novo, sempre que discutimos um novo trabalho com a comunidade brasileira não tem motivo para não fazer isso. Não posso dizer quando nem com o que, porém eu nunca falaria que (contratar uma lineup brasileira) não vai voltar a acontecer. Não é a forma que nós trabalhamos", seguiu Alex.

Por que a SK saiu do CS?

A última partida da SK no CS:GO foi no Brasil em 2018, quando o quinteto perdeu para a MOUZ na semifinal da ESL One Belo Horizonte. No entanto, a organização ficou próxima de contratar outros brasileiros, quando chegou a um acordo com o time de Vito "kNg" Giuseppe.

No ano passado, a SK revelou a história com o time de brasileiros que foi dispensado sem atuar em nenhuma partida. No vídeo, Martin Marquardt, diretor de crescimento da SK, conta que o fim do curto vínculo com a equipe se deu por conta da oportunidade de aplicar para a franquia europeia de League of Legends.

Alex conta que a SK estava convencida de ficar com o time de kNg, porém "depois de um processo político com uns acionistas dentro da empresa, ficou claro que não era um plano viável. Não conseguiríamos estar lá para eles, então foi um período caótico".

Com o fim da relação com a lineup, a SK se afastou do CS. No ano passado, a organização também desistiu de aplicar para as franquias de Valorant e, de acordo com o site blix.gg, a desistência se dá pelo jogo "ser violento demais", o que vai de encontro com possíveis patrocinadores.

Para a Dust2 Brasil, Alex contou que o afastamento dos FPS não se dá pela violência exibida, e torce por uma mudança de percepção com o passar dos anos, que permitiria a organização voltar a esses títulos.

"A questão não é por ser um jogo violento, porém temos uma discussão política com nosso time na Alemanha que deixa nossos acionistas em uma posição difícil, na qual eles optaram por ter cautela com os jogos que exibem violência, mas isso é na Alemanha e, hoje, cinco anos depois, já está um pouco diferente. Se você quer que as coisas mudem, você precisa dar tempo. Por exemplo, a percepção com o Fortnite, que tinha limite de 16 anos de idade há uns anos, e agora é 13".

"A percepção mudou, e é um shooter, tem violência, mas ela é mostrada de maneira diferente, não estamos falando de contra-terrorismo, estamos falando de armas futurísticas. Nós tentamos tomar as decisões corretas com cada marca e acho que eventualmente essas coisas vão se unir de novo e teremos somente coisas positivas e nenhuma negativas delas. Mas, por enquanto, aceitamos a realidade e precisamos ter uma discussão de mudança de percepção", seguiu.

Alex afirma que, por ele, a SK estaria atuando em todas essas modalidades como CS, Valorant e Fortnite. Porém, o CEO entende que é importante seguir outras percepções para manter a boa relação com empresas e acionistas envolvidos na organização.

"CS2, Valorant e Fortnite são um processo. Amamos esses jogos de computador, amamos a competição e estes jogos têm grandes torneios. Estamos trabalhando duro internamente para fazer com que todos que estejam envolvidos com a SK tenham uma boa percepção dessas decisões que queremos ter e sigam com a gente. Precisamos convencer mais pessoas, fãs, marcas, acionistas, não é só a comunidade. Se fosse só a comunidade e eu, a decisão estaria clara, porém temos responsabilidades maiores e nos sentimentos muito confortáveis nessa posição atual".

Quase um Last Dance

Embora a SK não tenha em mente um retorno ao CS, Alex revela que a organização considerou contratar a Last Dance e se disponibilizou para conversar com os jogadores. No entanto, o desejo não foi para frente.

"Nós consideramos contratar o Last Dance e falar com eles sobre o projeto, nós estávamos abertos a conversar se era possível ou não. Falamos para eles que se precisassem de uma orientação nós poderíamos dar porque eles se tornaram parte da família SK. Eles são amigos, gostamos de fazer isso. Nós chegamos à papelada, tivemos debates e tentamos ver se eles queriam ou não esperar para ter o Last Dance na SK, mas não rolou".

"Pessoalmente o Alex amou a ideia, eu teria dado todos os recursos e resolvido todos os obstáculos legais, mas a SK não é o Alex, Alex não é SK. Meu coração é SK, porém não sou eu que tomo todas as decisões, estou tentando liderar a empresa mas têm outras pessoas envolvidas e acredito que, no fim, foi a chamada certa. No entanto, a história segue, não é um adeus", finalizou o CEO da SK.

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