MIRA JOVEM: br3ndinha iniciou no CS fingindo ser menino para sofrer menos preconceito

Na série da Dust2 Brasil, jogadora da Divina também falou sobre o apoio da família, planos para o futuro e seus ídolos dentro do jogo

Brenda "brendinha" Tamy começou no CS igual a muitos, assistindo o irmão mais velho, Wesley, jogar. E foi o próprio que deu o primeiro empurrão na carreira da jovem a presenteando com o Counter-Strike para que parasse de pedir para jogar em sua conta, o que não permitia porque o irmão tinha medo que a jovem o fizesse cair de patente.

Apesar de terem contas diferentes no CS, os irmãos ainda dividiam o mesmo computador, o que fez com que br3ndinha acordasse cedo para aproveitar o FPS. "Eu dividia o computador com meu irmão, eu acordava bem cedo de manhã para poder jogar antes de ir para escola", contou brendinha à Dust2 Brasil

Wesley sempre foi quem mais apoiou br3ndinha, sendo o irmão quem deu o primeiro computador para que pudesse começar a competir no Counter-Strike: "Meu irmão montou um computador e me deu para poder jogar. Quando comecei a ganhar dinheiro com CS fui melhorando esse computador".

br3ndinha é a decima de doze entrevistadas do MIRA JOVEM, série promovida pela Dust2 Brasil e GG.BET que conta as histórias de promissores jogadores e jogadoras do cenário nacional de Counter-Strike

Principais infos do setup da br3ndinha (Foto: Arte por Dust2 Brasil)

Preconceito

brendinha contou que quando começou a jogar as pessoas achavam que ela era um menino por causa da voz de criança. A jogadora disse que fingia ser menino porque assim sofria menos preconceito.

"Quando eu comecei a jogar. no primeiro MM, já começaram a falar que eu era uma criança ou menina, e falaram que menina não podia jogar CS. Desde o começo já tinha esse preconceito. Por um tempo eu fingia que eu era um menino quando jogava, mas quando eu fui crescendo minha voz foi mudando e eu falava que era menina mesmo. Aprendi a não ligar para eles me xingando" , disse.

Hoje br3ndinha disse não sofrer mais muito com preconceito por ser mulher, pois não joga muito com desconhecidos.

"Eu quase não jogo com pessoas desconhecidas, então não sofro mais muito preconceito. Mas ainda acontece quando eu jogo contra pessoas que não conheço. Eles ficam mandando no chat me zoando por ser mulher profissional".

br3ndinha disse ainda que usa o hate que sofre para se tornar uma jogadora melhor.

"Quando me criticam eu só penso em melhorar o ponto que foi criticado. Se a pessoa falar que sou muito ruim eu penso 'mas porque eu sou muito ruim? Me explica'. Se a pessoa falar um bom motivo eu vou pensar em como melhorar aquilo", afirmou.

Começo da carreira

Receber para jogar Counter-Strike foi algo que surpreendeu bastante br3ndinha. "Foi muito estranho porque nem eu acreditava que seria possível eu ganhar dinheiro jogando. Eu estava apenas tentando evoluir para poder conseguir entrar em algum time e poder jogar profissionalmente" disse.

E não demorou para o primeiro convite para entrar em uma organização chegar.

"Do nada chegou um cara na minha steam falando que tinha uma menina querendo montar um time e perguntando se eu queria entrar. Eu falei não de primeira, mas depois de um tempo ele continuou insistindo e eu acabei aceitando. Essa foi minha primeira organização, que era a Real Force. Lá conheci muita gente legal e evolui muito" contou.

A jogadora explicou que negou o convite porque ela ainda queria estudar e pensava em cursar fisioterapia. A jovem disse que acabou desistindo de fazer faculdade porque não queria começar o ensino superior durante a pandemia, que foi quando se formou no ensino médio.

Apoio da família

Muitos pais não entendem muito bem a vontade dos filhos de jogar CS e nem que isso realmente pode ser uma carreira. Mas esse não é o caso de br3ndinha, que conta com o apoio dos seus pai, que também não a cobram em relação ao ensino superior.

"Meus pais não cobram muito (fazer faculdade). Eles falam que se eu quiser continuar jogando CS posso continuar porque é meu sonho e já estou ganhando dinheiro com isso. É uma coisa mais para o futuro caso não dê certo no CS ", contou.

"Ele (seus pais) sempre me apoiaram. Quando fui para a GC Masters eles ficaram muito felizes, ficaram até sem acreditar. Eles falaram que eu deveria seguir meu sonho se isso estava me trazendo felicidade e dinheiro. Sempre me apoiaram muito".

Seu irmão também é um grande fã, e de acordo com br3ndinha comemora nas vitórias mas também cobra nas derrotas. "É quem mais me apoia. Sempre fica torcendo em todos os jogos e quando perco ele vem me consolar. Ele dá muito pitaco, parece até coach", brincou a jogadora.

O apoio da família é tanto a ponto de br3ndinha ter ganho uma festa surpresa para ela depois de sua primeira LAN: "Quando eu voltei da GC Masters presencial cheguei em casa e minha família tinha organizado uma festa surpresa para mim. Tinha bolo, uma bandeira com meu rosto e foi muito bom ver minha família toda me apoiando".

Apesar do irmão e dos pais entenderem o caminho que escolheu e apoiarem a jogadora na jornada, outros familiares ainda duvidam da escolha de carreira feita por br3ndinha.

"Eles não entendem muito bem. Esses dias até me mandaram um link de um site de emprego e eu falei que já trabalho, que sou profissional. Eles não entendem por causa da idade e por não querer entender mesmo, então é um pouco difícil, mas eu tento explicar para eles", contou.

Ídolos e sonhos para o futuro

Como muitos brasileiros, br3ndinha passou os anos de 2015 e 2016 acompanhando as equipes brasileiras de Luminosity e Immortals, que a inspiraram a se tornar jogadora profissional.

"No começo de 2015 começou a LG e a Immortals, e eu acompanhei muito. Eu criei um amor por CS assistindo eles e comecei a pensar se eu conseguiria virar profissional desse jogo porque eu achava muito foda a sensação. Meu maior ídolo era o FalleN", contou.

Hoje o sonho da jogadora é participar de um campeonato mundial e jogar em outro país. O jogador que ela mais gosta de acompanhar é o israelense Lotan "spinx" Giladi.

"Hoje meu maior ídolo é o spinx. Meu jogo é baseado no dele, ele é um bom lurker e eu gosto muito de ver como ele joga. Estou tentando me espelhar nele", finalizou.

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