Marlon, brasileiro que trabalhou nas primeiras fases do BLAST.tv Paris Major (Foto: Roque Marques/Dust2 Brasil)

Só sobrou o Marlon: brasileiro trabalhando no Major lamenta eliminações

Aos 45 anos, "maître d'hotel" no evento só conhecia esports pelo TikTok e se impressionou com nível de concentração

O Brasil entrou no BLAST.tv Major, ao lado da Dinamarca, como o país com o maior número de representantes, com 15 jogadores. Mas, sete dias depois, não restou nenhum para contar história, já que o Fluxo, a paiN e a FURIA foram eliminadas ao longo das duas primeiras fases. De brasileiro por aqui, só sobrou o Marlon.

Marlon, 45, não é um jogador profissional e nem treinador, ou mesmo um jornalista, streamer ou produtor de conteúdo cobrindo o último mundial de CS:GO. No pavilhão de eventos do Parc Floral de Paris, casa do Challengers e do Legends Stage, ele é um maître d'hotel, uma espécie de gerente, que organiza e auxilia na organização do refeitório e das demais áreas do evento.

"Neste evento especificamente eu procuro ajudar a equipe a se organizar, ver se tudo está indo bem para que todas pessoas possam ter um bom ambiente de trabalho", afirmou o amapaense em uma tímida entrevista à Dust2 Brasil.

Marlon atua com eventos há 14 anos, e deixou o Brasil pela França há 20. A relação com o país se desenvolveu ainda na adolescência, quando os pais se divorciaram e a mãe se mudou para a Guiana Francesa e, aos 14 anos, ele também foi morar na comuna de Saint-Georges, território francês na América do Sul.

"Fica ali do outro lado da Amazônia, você atravessa o Rio (Oiapoque) e já está em estado francês. Eu comecei por aí. Estudei lá por um ano ou dois e depois voltei para o Brasil", explicou.

Depois da Guiana, a mãe de Marlon se mudou para a França e, após uma viagem, o jovem também decidiu se mudar para o país. Hoje ele reside em Paris e tem familiares no sul do país, incluindo irmãos que nasceram aqui e uma irmã que mora em Portugal. No Brasil, restaram tios, tias, primos e um filho.

"Vou voltar ao Brasil no ano que vem de férias, passar um tempo, e volto novamente (para a França)", disse.

E Marlon não ficou perdido nas ações dos melhores jogadores de Counter-Strike: Global Offensive do mundo. O maître disse que "jogou games como esse quando era criança" e já havia se inteirado sobre os esports pelo TikTok.

"Foi a primeira vez que vejo algo assim. Já estou aqui faz tempo e eu não tinha visto um evento assim como esse aqui na França", disse.

"É legal saber que é uma novidade que está entrando em vigor, daqui uns tempos vai se sair muito bem", completou.

Marlon se surpreendeu com o nível de tensão do ambiente.

"Não imaginava que era tão competitivo. Os jovens dão seu 100% para ganhar a competição. Eles estão totalmente motivados", destacou.

"Eu sei que é difícil. Ninguém gosta de perder. Eu não conhecia esse nível, é novo para mim, mas estou gostando, é bem legal", continuou.

Marlon, brasileiro que trabalhou nas primeiras fases do BLAST.tv Paris Major (Foto: Roque Marques/Dust2 Brasil)

Marlon, é claro, notou a presença massiva de brasileiros no evento, mas disse que não conversou muito com os jogadores porque não queria atrapalhar.

"Eu abordei alguns que foram ao refeitório almoçar ou jantar, mas não conversei muito sobre o assunto. Eles estavam sempre muito concentrados e eu não quis atrapalhar a concentração deles", explicou.

E, como um bom espectador brasileiro de CS, ele também se decepcionou com os resultados.

"Fiquei na torcida pelos times brasileiros, sim. Teve um rapaz, que esqueci o nome, que até falei que se eles ganhassem íamos bater uma foto todos juntos, mas acabamos sendo eliminados", lamentou.

Marlon tomou gosto pela coisa e disse que, mesmo precisando de um descanso, vai tentar aparecer na Accor Arena para assistir aos playoffs.

"Se eu tiver um pouco de tempo, vou sim. Já fazem 14 dias que estou trabalhando aqui, mas vou fazer um esforço para ir", disse.

E, sem brasileiros para torcer, ele ficará com sua outra pátria, a França - que será representada na fase final pela Vitality, organização parisiense e que tem Mathieu "ZywOo" Herbaudt e Dan "apEX" Madesclaire no time titular.

"A França ainda está no jogo, vou torcer por eles por enquanto. É o país do acolhimento", finalizou.

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#1(Com 0 respostas)
17 de maio de 2023 às 03:29
joca
Grande Marlon!
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