Ministra do Esporte se reúne com confederação não reconhecida por cenário
Mostrando que está disposta a conhecer mais sobre os esportes eletrônicos, a ministra do Esporte, Ana Moser, se reuniu nessa quinta-feira com integrantes da Confederação Brasileira do Desporto Eletrônico (CBDEL). O encontro entre representantes da pasta e associação, que não é reconhecida por grande parte do cenário, foi registrado nas redes sociais.
"Conversando sempre com todos os setores", disse a ministra, no Twitter. No encontro, representaram a CBDEL o presidente Daniel Corsi e o vice-presidente Thiago Borges. No mesmo dia, Ana Moser também informou na rede social que teve uma outra reunião, esta para "tratar da formação do Grupo de Trabalho sobre jogos eletrônicos. Estamos discutindo com áreas da gestão pública e a participação da sociedade".
Criada em 2015, a CBDEL recebeu em agosto de 2022, pela antiga Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania, a quarta atualização dos certificados 18 e 18-A, com validade de um ano e que permite que "as entidades do Sistema Nacional do Desporto - SND recebam recursos públicos, bem como gozem de isenção do IRPJ e da CSLL, a Lei nº 9.615/1998". As informações constam no site do Ministério do Esporte.
No Counter-Strike, uma das responsabilidades da CBDEL é selecionar os jogadores que vão representar o Brasil nas etapas da International Esports Federation (IESF). Em 2022, a confederação foi alvo de críticas do cenário por escolher a "seleção brasileira" entre os times filiados à confederação, diferente do que fez a Argentina, por exemplo, representada por importantes e conhecidos nomes do país, como Martin "rox" Molina (9z) e Gabriel "1962" Sinopoli.
Outra polêmica envolvendo CBDEL e a seletiva brasileira para o mundial da IESF aconteceu em 2016, quando a entidade não levou o time vencedor para o campeonato que seria disputado na Indonésia, segundo o ESPN Esports Brasil. A reportagem informou, na época, que o presidente da entidade afirmou aos jogadores que "a viagem não poderia ser feita pois o Ministério do Esporte havia ‘perdido a memória' devido a troca de governos no processo de impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff".
Porém, naquela época, como informou o Ministério do Esporte ao site, a CBDEL não era reconhecida pelo governo por não cumprir exigências da Lei Pelé, o que impossibilitava acordos entre a confederação e a pasta. O Ministério disse ainda que "o apoio para a realização do Campeonato Brasileiro de Esportes Eletrônicos 2016, entre os dias 26 e 28 de agosto, consistiu apenas na cessão de espaço na Casa Brasil para a montagem das atividades esportivas virtuais". Esse empréstimo custou mais de R$ 203 mil aos cofres públicos. Além disso, o custeio das passagens do time para a Indonésia era de responsabilidade da CBDEL.
No ano seguinte, a CBDEL conseguiu a primeira das quarto certificações do Ministério do Esporte, fato que levou algumas das principais equipes de esports do país, organizadoras de campeonatos e desenvolvedoras a não reconhecer a entidade como "autoridade máxima dos esports". Segundo o ESPN Esports Brasil assinaram o não reconhecimento enviado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Paulista de Futebol (FPF) CNB, Team oNe, INTZ, paiN, ProGaming, T Show, KaBuM, Vivo Keyd, Brave, Big Gods e Operation Kino, além das empresas Riot Games, Ubisoft, ESL, Boa Compra e Webedia.
Por duas vezes, em 2019 e no ano passado, por meio de projetos de lei (PL-383/2019 e emenda 86 do PL-68/2017) a CBDEL tentou se tornar a "entidade máxima" dos esportes eletrônicos no Brasil. A última tentativa foi derrubada pela senadora Leila Barros, relatora do projeto, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Se o projeto tivesse sido aprovado, a confederação passaria a ter poder sobre organizadoras de torneio, equipes e jogadores, além de poder receber 0,4% da arrecadação bruta de loterias federais e concursos de prognósticos.