mch celebra IEM Rio Major: "Amassamos a uva para poder beber o vinho"
Além de um campeonato mundial, o IEM Rio Major é uma celebração de todo o trabalho da comunidade brasileira nas últimas décadas. E um dos nomes que viveu o Counter-Strike neste período é Jean Michel "mch" D'Oliveira, que hoje participa da transmissão da Tribo no Major.
"Eu e muitas pessoas que estão envolvidas aqui amassaram essa uva por muito tempo para agora poder beber o vinho. É sempre legal quando tem evento no Brasil, mas um Major em que estamos na linha de frente da transmissão é uma honra muito grande. Chegamos a um ápice e estou muito feliz com isso", disse o streamer em entrevista à Dust2 Brasil.
Ex-jogador, mch certamente já sonhou em subir em um palco de Major no Brasil. Embora não esteja mais no competitivo, sua voz se faz presente por toda arena ao comentar os jogos com Alexandre "Gaules" Borba, Victor "VelhoVamp" Taube e mais integrantes da Tribo.
Enquanto todos já estão acostumados a falarem de casa para centenas de milhares de pessoas, a transmissão presencial no IEM Rio Major está sendo uma novidade. Após nove dias de stream diretamente do Riocentro, mch já se sente em casa.
"Acontece que temos que adequar algumas coisas. O próprio espírito que você fica é muito diferente, porque (normalmente) você está em casa e depois está dentro do caldeirão, com torcida, times, junta com o fato de ser um Major no Brasil. Nos adequamos de uma maneira natural para as coisas, então acho que, nos primeiros dias, acabamos ficando mais pensativos, mas agora estamos nos sentido em casa e tentando manter nosso tom de ser uma transmissão mais humanizada, mas também com foco nos jogos".
Com o fim do Challengers e do Legends Stage, o IEM Rio Major e, consequentemente a transmissão da Tribo, deixa o Riocentro e se muda para a Jeunesse Arena - que receberá os playoffs do mundial. Antes, mch e companhia iriam narrar e comentar os jogos somente para a fan fest, que acontecerá na parte de forma da arena.
Porém, a ESL atendeu os pedidos da comunidade, que teve apoio até de Neymar Jr., e a voz da Tribo também vai se fazer presente na Jeunesse durante os jogos da FURIA. mch falou dessa "mudança de casa" e o quão confortável está para transmitir a fase final.
"Pegamos um certo ritmo aqui que eu acho que vai ser só continuar com a transição. É engraçado, porque estamos ali no palco fazendo as coisas, e temos uma interação com a própria torcida, que grita alguma coisa para a gente, participa da nossa transmissão, então acho que é só fazer essa transição para um ambiente diferente. Agora, na minha opinião pessoal, se tínhamos algo a se provar, já foi provado".
Parceiro de mch no Donos da Bala, Alessandro "Apoka" Marcucci é uma ausência sentida na transmissão do IEM Rio Major. Banido permanentemente pela Valve por ser acusado de aproveitar do bug do coach, o ex-treinador de 36 anos não pode participar da mesa da Tribo em eventos da empresa - como é o RMR e o Major.
"Estamos acostumados com o Apoka, e com certeza ele faz muita falta, eu adoraria que ele pudesse participar. Acho que a própria condição que o impede de estar aqui é injusta, é um assunto que já foi citado várias vezes, e enquanto tivermos que conversar vamos conversar, e também é uma situação que pega outros treinadores, incluindo o guerri da FURIA".
"Ao mesmo tempo, apesar dele não poder estar na transmissão com a gente, é legal que o nosso sistema nos deu a oportunidade de fazermos algo diferente, com o Donos da Bala in-loco no estúdio, algo especial. Estamos tendo uma dose do nosso rolê junto. Mas também temos de dar muito mérito ao VVV, que sempre cola junto, é um cara muito inteligente, que tem um timing bom, e também está se esforçando bastante para trazer uma estatística ou um conceito mais técnico do jogo", continuou mch.
E como a Tribo chegou ao ponto de que tantos nomes que participam do mesmo ecossistema estão juntos, com números crescentes, celebrando o IEM Rio Major? A resposta, para mch, é o fortalecimento mútuo entre os criadores de conteúdo.
"A questão que temos com a Tribo é que é um negócio que, no final, incluímos e não excluímos. Criasse um mundo onde o sucesso de um fortalece o trampo do outro, então, quando o Lima, bt e a rapaziada começou a crescer muito, eles cresceram de uma maneira que acoplava ao que eu o Gau fazíamos, então meio que melhoramos o que já tínhamos e um foi fortalecendo o outro nas nossas interações", avaliou.
No caminho certo
Streamer desde 2018, mch lembra que começou no mundo da criação de conteúdo de maneira leve, até mesmo sem confirmar que deixaria a carreira de jogador profissional de lado. Porém, de maneira natural, mch passou a ser um dos principais streamers do Brasil.
"Comecei a fazer uma stream aqui, outra ali, e tudo foi se construindo de uma maneira natural que até hoje nunca parei para dar um passo pra trás e pensar 'nossa, era assim e agora é assim' A onda tá me levando e eu vou tentando estar de acordo com o que é necessário. No rolê do Prêmio eSports Brasil, de estar entre grandes nomes, é um negócio que me faz pensar que estamos chegando em grandes lugares, eu tô bem feliz".
O "rolê" citado por mch é a indicação para a categoria de Personalidade do Ano. O streamer compete ao lado de Gaules e Gabriel "FalleN" Toledo, nomes do CS que também estão na lista dos oito indicados para ficar com o principal troféu da premiação.
"Estar lá no meio dos monstros é uma sensação do tipo 'cheguei e pertenço a esse lugar'. No final, quando você chega nesses prêmios, tem muito argumento para quem ficou de fora, às vezes tem argumento para tirar quem tá, e não está no meu lugar de falar quem merece e quem não merece. Eu posso falar por mim e acho que mereço".
"Fiz muitas coisas esse ano, não só no CS como também no Valorant, no Quake, dentro do CS também junto com o Apoka, nos Donos da Bala, transmissões. Então estou sempre na linha de frente pra fazer as coisas acontecerem, fiquei muito honrado e sei que mereço estar ali", continuou.
Para continuar seguindo de acordo com a onda e se mantendo entre os principais nomes da Twitch brasileira, mch já tem planos para 2023. O streamer de 33 anos almeja continuar bebendo água de várias fontes diferentes e, principalmente, fazendo o que verdadeiramente gosta.
"À priori eu tenho muito interesse em conseguir transmitir as partidas do mundial de Quake, temos um representante brasileiro então acho que seria legal ir expondo ao público aos poucos uma coisa diferente. Pelo menos do meu lado, acho que tenho uma relação boa com a Riot e creio que consigo trazer pessoas que não necessariamente acompanham o Valorant sempre mas, comigo na intermediação, consigo traduzir o jogo para um público diferente, da própria Tribo".
"E também continuar o que estou fazendo: os Donos da Bala, transmissões de CS, continuar me envolvendo em projetos que eu verdadeiramente gosto. Eu acho que os problemas começam quando você se coloca em posições desconfortáveis para fazer coisa que você não está verdadeiramente afim de fazer. E isso é uma coisa que eu nunca fiz. O plano é esse, seguir com as transmissões de CS, continuar conversando com o pessoal e estando na linha de frente de tudo que a gente gosta de fazer", finalizou.
*Colaborou Roque Marques