Diretor da ESL detalha Major e promete: "Vamos fazer mais para a região"
Não cumprir a promessa de retornar ao Brasil com um Major de CS:GO nunca foi uma possibilidade para a ESL - ao menos é o que garante Shaun Clark, diretor da ESL FACEIT Group.
"Antes de mais nada, não importa o quanto demorasse, iríamos entregar o que prometemos para a comunidade brasileira em 2019. Essa foi a coisa mais importante. Demorou até 2022 para acharmos o tempo perfeito para voltar e não adiar o evento novamente", disse o mandatário em entrevista à Dust2 Brasil.
"Há uma certa ordem de como os majors de CS:GO são planejados para acontecer em determinados tempos. Esse foi o tempo que acertamos com a Valve. Essencialmente para nós, era muito importante voltar para o Brasil e fazer isso bem, porque é um dos mais antecipados, emocionantes, oportunidades de campeonato que o Counter-Strike já teve", completou Clark, que afirmou estar tão animado "quanto um fã brasileiro".
O diretor também explicou porque a fase final não acontecerá em uma arena maior, os desafios de colocar público em todos os dias, a fan fest de Alexandre "Gaules" Borba e mais. Confira a entrevista completa.
Mais gente
Até o anúncio da expansão do IEM Rio Major na segunda semana de setembro, a ESL foi vítima de críticas constantes pelo baixo número de entradas disponíveis para a fase final do campeonato, disputada na Jeunesse Arena. Na reabertura da comercialização dos ingressos em maio, pouquíssimas pessoas relataram ter conseguido o ingresso. Clark explica.
"O evento de 2019 esgotou em uma hora. Com a pandemia, não fomos capazes de manter a promessa de fazê-lo em 2020 no Brasil. Demos aos fãs a oportunidade de reembolsar os ingressos", disse.
"Adiantando para maio de 2022, quando anunciamos o evento novamente, pode-se dizer que quase metade dos fãs segurou os ingressos. Vendemos as entradas que foram reembolsadas, então imagine que não tinham tantos ingressos disponíveis quanto as pessoas pensavam que teriam. Essa percepção não foi muito clara para algumas pessoas", explicou.
Daí surgiu o primeiro apelo da comunidade: porque não passar o evento para um local maior, como o Maracanã? Clark respondeu.
"É importante notar que eram menos de seis meses até o Major, então mudar planos de uma maneira drástica é bem difícil nesse período pequeno de tempo. Não tem como descartar os planos e criar um evento novo, em uma nova localização. Era importante ficar dentro do espaço de tempo que tínhamos, dentro do local que já tínhamos acordado, e desenvolver uma estratégia de expansão", contou.
All-in
Foi aí que a ESL decidiu, nas palavras do diretor, "dar all-in" e expandir a presença de público para as duas primeiras fases, além de fazer um palco centralizado, aumentando o número de presentes na arena.
"Estamos aqui para servir a comunidade e fazer o que é melhor para eles, mas também queremos ser ambiciosos, corajosos, e por isso decidimos dar 'all-in' em tudo. Nossa estrela guia, que nos fez tomar essas decisões, (foi pensar) como poderíamos prover uma experiência para a maioria de fãs brasileiros possíveis. Com isso em mente, muitas respostas ficam fáceis", afirmou Clark.
Da expansão, porém, surgem desafios, sejam eles estruturais ou de organização, operando de um país em que só organizou dois eventos anteriormente. O chefe, porém, garante que tem seu time pronto para esse tipo de desafio.
"É só parte do nosso trabalho, o que viemos fazer e o que somos conhecidos por fazer, executar projetos complexos ao redor do mundo. Esse é só mais um, um muito ambicioso, e acreditamos que podemos fazer bem e é o que a comunidade brasileira merece", disse.
O desafio que mais deixa o time intrigado é o do palco centralizado - nunca antes usado pela ESL em campeonatos de CS:GO. Clark explica que fugir do convencional faz com que a logística e as integrações com o jogo sejam repensadas.
"Todos os organizadores de torneios pensam nos prós e contras de um palco de visão frontal e de um de visão central. É inconsistente, ninguém crava qual a maneira perfeita para os esports", contou.
"O central precisa mostrar o jogo em quatro ângulos diferentes, que pode fazer você perder os painéis de LED, as coisas se movendo, não é a mesma coisa. A decisão volta naquilo de antes, de que estamos fazendo isso pela comunidade brasileira e queremos o maior número possível de pessoas. E um dos prós do palco central é que ele abre espaço. De um lado técnico, temos que pensar no fato de que os jogadores não vão poder, por exemplo, entrar por trás do palco, vão ter de entrar pelo meio do público", disse.
Não vai ser (só) uma tela grande
Além da presença de público no interior da arena, haverá também (muita) gente do lado de fora, na fan fest de Gaules. Clark conta que a ideia surgiu, paralelamente, tanto na ESL quanto no Omelete, grupo responsável pela empresa do streamer.
"É uma história engraçada. Do lado da ESL, estávamos pensando em colocar o maior número de pessoas possíveis, e, em paralelo, o Gaules e o Omelete estavam pensando o mesmo. Temos uma relação boa com eles, somos parceiros, trabalhamos juntos nesse evento. Entramos numa reunião e apresentamos para eles a nossa ideia, e eles falaram que aquela era a ideia deles também. Foi uma combinação perfeita em termos do que queríamos entregar para a comunidade", explicou.
Segundo o diretor, a fan fest será muito mais do que só uma tela grande para que as pessoas possam assistir os jogos, e contará com presença de jogadores e outras ativações.
"Conversamos com eles sobre como criar um ambiente externo que traria uma ótima experiência, que não é só uma festa que as pessoas assistem aos jogos. Não queremos uma tela grande onde as pessoas assistam aos jogos, a fan fest não será isso", cravou.
"Ela terá times, ativações, jogadores brasileiros aparecendo, patrocinadores, comida, bebida, vai ser divertido. A experiência dentro da arena vai ser única, mas o lado de fora vai ter seu valor e fazer com que as pessoas se sintam parte do evento e se conectem com o que está acontecendo dentro. É animador e acreditamos que vai ser um dos melhores shows que já fizemos. Não posso esperar por ir para lá e ver os milhares de fãs indo ao evento", completou.
Promessas
Apesar do IEM Rio Major ainda nem ter começado, a ESL conta que está olhando para mais alternativas para fomentar o país e todo o continente nos próximos anos. Clark não dá detalhes, mas conta que o assunto está em discussão.
"A nossa prioridade no momento é o Brasil, e o que podemos entregar para uma comunidade que tem sido tão apaixonada e leal ao Counter-Strike em todos esses anos. A América do Sul, no geral, é animadora. Queremos fazer coisas boas para eles. Vamos fazer mais para a região, é só uma questão de tempo, até que a gente desenvolva nossa abordagem global", disse.
"A comunidade brasileira já mostrou que merece. Muito do que estamos olhando agora é o que podemos fazer de animador. Não completamos esse planejamento ainda, mas a comunidade brasileira é barulhenta, foi ouvida, e eles merecem mais competições desse nível. Vamos continuar planejando para os próximos anos", finalizou.