"Elas estarem lá em cima do ranking não é por acaso", diz CEO da Imperial
A Imperial fez história ao ser a primeira equipe feminina a disputar um campeonato da ESL Pro Tour. O CEO da organização, Felippe Martins, falou em entrevista à Dust2 Brasil sobre o momento que o time feminino vive, futuros investimentos no Brasil e disputar entre a equipe masculina e feminina por vagas em campeonatos.
"Para nós têm sido maravilhoso", disse Felippe sobre o time feminino estar sendo convidados para grandes torneios.
"Contratamos as meninas no meio do ano passado, e obviamente, estávamos pensando somente no cenário feminino e tudo mais. Foi uma grata surpresa. Tudo isso que vem acontecendo aqui, pra ser sincero, não era esperado."
"Ver que as garotas dão o melhor de si para mim foi notório desde a primeira vez que eu estive com elas em Dallas, acompanhei de perto os treinos, a forma como elas pensam e trabalham. Isso foi uma grande surpresa, porque não imaginava que fosse dessa forma. Hoje estamos vendo a estreia delas na BLAST e em Katowice. Para mim está muito bem respondido o porquê que elas são tão boas. Para a gente está sendo um motivo de muito orgulho", continuou.
Felippe também contou que as próprias jogadores não acreditavam em tudo que estava acontecendo com elas, mesmo depois de terem disputado um jogo duro com a NAVI, uma das melhores equipes masculinas do mundo.
"Elas estão muito felizes e em diversos momentos até falam que elas nem acreditam que isso está acontecendo. O engraçado é que mesmo depois dessa performance contra a NAVI, parece até que elas acham que não são merecedoras disso, o que é um absurdo. Vendo o que estamos vendo, elas são sim merecedoras, e merecem estar aqui por tudo que fazem, e por tudo que estão apresentando aqui pra gente. Mas elas estão tipo na Disney, estão no paraíso aqui."
A equipe feminina da Imperial se classificou para a BLAST Bounty e play-in da IEM Katowice, já a equipe masculina da mesma organização ficou abaixo no ranking e não conseguiu a classificação. Para Felippe o time feminino ter conseguido se classificar para estes campeonatos foi mérito delas.
"Não é por acaso elas estarem lá em cima do ranking. Sei que o sistema da Valve ainda está um pouco diferente do comum, mas se elas estão aqui, é como estou falando, elas merecem. E quando recebemos essa notícia, que primeiramente foi a BLAST, para nós foi motivo de muito orgulho e entendemos que foi uma oportunidade gigantesca para o cenário feminino."
E se no futuro a equipe feminina e masculina da Imperial se classificarem para o mesmo campeonato, a organização terá que escolher apenas uma para jogar. De acordo com Felippe, essa decisão não será fácil.
"É algo complicado, confesso que é até difícil responder essa pergunta, porque eu fico com o coração partido. Porque de fato, alguns dos dois times não vão conseguir jogar. Graças a Deus não tivemos esse problema ainda, porque é uma decisão que, confesso, que vai ser muito difícil. Não sei dizer ainda, porque as meninas, como eu falei, elas estão na frente porque merecem. E se isso vier a acontecer, vai ser com muita tristeza que uma das duas lines não estarão."
"Por mérito, o time feminino está na frente, eu penso dessa forma, pelo menos. Mas eu espero que a Valve reveja isso, que a gente consiga fazer uma pressão, que a comunidade consiga fazer uma pressão para que isso seja mudado. Porque as meninas merecem, né? Não só a Imperial, como a FURIA, como a ex-NAVI também, que está bem posicionada no ranking. Assim como outras garotas também podem estar posicionadas no ranking", continuou.
"Eu acho que não há conflito de interesse nenhum. Está todo mundo lutando para que o cenário feminino também cresça. Eu acho que, graças a Deus, com essas apresentações que o nosso time tem feito agora, eu posso abrir os olhos da Valve e de outras organizações para que a gente consiga mudar isso no futuro", finalizou.
Em 2024, seis organizações deixaram o cenário feminino de Counter-Strike, com muitas delas afirmando que era insustentável financeiramente manter os times. Felippe contou que a Imperial está fazendo um movimento contrario a essas organizações, e estão planejando renovar os contratos do seu time.
"Estamos no caminho contrário das organizações que estão saindo. Estamos até em processo de renovação com as garotas, é algo que pretendemos fazer em breve, se depender da gente. E falando sobre a parte financeira do projeto feminino, graças a Deus para nós ele é lucrativo, porque temos um patrocinador que comprou o projeto desde o início. Então nós não nos preocupamos com essa parte. Tudo ocorre positivamente, mas eu entendo que é difícil. Se não fosse por esse fato, talvez não fosse lucrativo, mas nós temos um propósito, um ideal e trabalhamos para que seja sustentável, que a gente consiga também ajudar que outras organizações se sustentem também. Eu sei que não somos salvadores da pátria, mas acho que investindo, se posicionando e conseguindo estar no cenário, conseguimos também abrir os olhos para que outras organizações investem e consigam ter sucesso também."
E em relação ao cenário feminino brasileiro, Felippe contou que a Imperial tem interesse em investir mais, e possivelmente até ter um time academy feminino e também masculino.
"Sim, temos esse plano, não só para o feminino, mas também para o masculino, na questão do academy, de dar mais oportunidades para as garotas, de fato, jogando, não só no backstage. Mas estamos em um momento um pouco complicado dentro da organização, muitas mudanças acontecendo, estamos priorizando, neste momento, arrumar a casa internamente para, enfim, também poder botar esses projetos na rua, que são muito importantes, mas que ainda vão precisar esperar um pouquinho para que, de fato, aconteça."