Nova geração: principais times brasileiros explicam apostas em jovens
Felipe "insani" Yuji, João "snow" Vinicius e Kaiky "noway" Santos são alguns jovens jogadores que receberam oportunidades em grandes equipes recentemente, assim como Kayke "kye" Bertolucci, jogador da FURIA Academy que está completando no time principal - e pode ser efetivado como quinto jogador.
Para entender esse movimento, a Dust2 Brasil conversou com representantes das principais equipes brasileiras. Eles falaram os motivos que levaram as organizações a escolherem por jovens.
Americo Verde - Manager da Legacy
"Na minha opinião, chegamos no momento em que os jogadores mais experientes começam a procurar outros caminhos e a olhar para o jogo com outra prioridade. Com isto acontecendo, os jogadores mais novos ganham novas oportunidades de se mostrar e de se provar competitivamente.
Então, do ponto de visto competitivo e do ponto de vista das organizações, faz sentido que se procure os talentos e que se invista neles o mais cedo possível para que possa ser feito um trabalho com ele a longo prazo onde eles possam evoluir não só como jogador, mas também absorver mais sobre o ecossistema."
Cleber "ferrer" Ferreira - Manager da Imperial
"Acredito que o surgimento de novos talentos, e literalmente cada vez mais novos, se deve a uma sequência de fatores e que estão diretamente ligados. Entre eles estão principalmente a profissionalização das organizações e, consequentemente, da modalidade, o sucesso das equipes dentro dos servidores, pois é o que traz a emoção e leva a você querer, de alguma maneira, viver aquilo, e principalmente a integração entre organizações e comunidade."
"Essa fusão entre organização e comunidade, utilizando como exemplo o nosso caso aqui na Imperial, é fundamental para que o público em geral que está em casa, assistindo as transmissões e acompanhando pelas redes sociais, enxergue a seriedade que existe por trás disso tudo. Não à toa nós sempre mostramos os bastidores e levamos aos jovens, aos pais, aos responsáveis por dar o sim ou o não ao jovem talento que deseja seguir esta carreira, o máximo possível de informações para que cada vez mais a comunidade saiba como funciona o nosso mundo, o universo profissional dos games."
"Creio que esse passo seja fundamental para que cada vez mais surjam novos talentos e as organizações consigam enxergá-los e trazê-los para o lado profissional, seja como uma aposta em uma line principal ou em um projeto academy. Certamente para os pais, há 10 ou 20 anos atrás, era quase inadmissível aceitar que seu filho adolescente escolhesse ser jogador profissional de games. Hoje as coisas estão diferentes, e muitos pais apoiam os teus filhos nessa empreitada. Essa fusão entre organizações, canais de transmissão e comunidade teve um papel fundamental nessa nova etapa que estamos vivendo no CS brasileiro."
"Na Europa isso já é um pouco mais antigo, pois lá culturalmente isso funciona de maneira diferente daqui do Brasil. Mas ok... aqui começamos agora, porém temos um enorme número de talentos, e os resultados têm aparecido cada vez mais. Nós definitivamente entramos neste caminho e sabemos que é a escolha certa e temos projetos já a curto prazo onde apoiaremos ainda mais o cenário jovem, entre outras novidades que em pouco tempo poderemos divulgar."
"A escolha do noway e do decenty para integrarem a line principal da Imperial se deve com certeza em função do potencial que eles vinham demonstrando, e nosso corpo técnico avaliou e aprovou as escolhas, mas também à essa postura da organização de integrar a comunidade ao nosso time, e posso te dizer, é extremamente gratificante viver esta experiência, pois independente das vitórias ou títulos, nós podemos mostrar a todos de que sim, é possível."
Henrique "rikz" Waku - Treinador da paiN
"Temos vários fatores que fazem com que a aposta em novos jogadores seja cada vez mais pertinente. Por serem novos são mais abertos a ouvir, aprender e executar um estilo de jogo que o capitão e coach querem inserir no time, outro fator é o valor de mercado de jogadores brasileiros que está altíssimo. Um terceiro fator que pode variar é que os jogadores mais novos se dedicam mais no CS, são mais focados no geral."
Otavio Roichman - Gerente do Fluxo
"Essa fase não começou agora e sim pós Major do Rio, onde cenário BR começou a ficar mais forte com mais times surgindo, novos projetos academys muito sólidos, muito mais competições e grandes vagas. A consequência nós estamos vendo agora com jovens que chegam muito mais preparados aos times principais, mesmo com pouca idade."
Renato "nak" Nakano - Treinador do MIBR
"Acho que o cenário no geral evoluiu e está muito forte, com mais times estruturados e consequentemente mais oportunidades para novos jogadores."
Sid "sidde" Macedo - Analista da FURIA
"Acredito que recentemente os times brasileiros perceberam que só reciclar os mesmos jogadores não traria grandes resultados para os projetos. Ainda é normal buscar jogadores mais antigos por conta da grande experiência que agregam nos elencos mas, hoje em dia, seguindo o exemplo das principais equipes do mundo, enxerga-se o valor que jogadores jovens também agregam com suas ideias frescas e força de vontade para chegar no topo."
A influência do CS2
Outra pergunta feita aos representantes das principais equipes brasileiras foi se a transição para o CS2 influenciou na escolha pelos jovens jogadores. A maioria acredita que sim, porém não é unanimidade.
Americo Verde - Manager da Legacy
"Com o novo jogo, novas mecânicas, nova forma de jogar, os jovens adaptam-se mais rápido e mais cedo a isso. Tudo isto não invalida a experiência e os "truques" dos mais velhos, mas eu acredito sim que faz diferença. Não é algo que podemos concluir no momento, mas será algo que vamos com certeza ver nos próximos anos a ficar mais consolidado."
Cleber "ferrer" Ferreira - Manager da Imperial
"Acredito que a mudança para o CS2 não foi um fator extremamente significativo, mas a chegada de uma nova versão do jogo permite um maior equilíbrio entre os mais e os menos experientes, pois ainda há muito o que se descobrir no CS2. Porém, certamente os principais fatores são sim a dedicação dos jovens, o talento, a busca pelo aperfeiçoamento constante, ao ambiente muito mais profissional e seguro criado pelas organizações e à essa integração e maior abertura das orgs para a comunidade como um todo. É nisso que a Imperial acredita e seguiremos por este caminho. Queremos cada vez mais a participação da comunidade e daremos abertura para isso."
Henrique "rikz" Waku - Treinador da paiN
"Acredito que não. Se tivéssemos uma mudança drástica na mecânica do jogo aí creio que sim. O que pode ter ajudado é que coincidentemente não tivemos Major no segundo e último semestre de CS:GO, o que nos deu 6 meses a mais para moldar jogadores novos para o próximo ciclo do Major."
Otavio Roichman - Gerente do Fluxo
"Claro que o CS2, por ser um novo jogo com novas possibilidades, ajuda. Os que tinham menos experiência no CS:GO conseguem ter as mesmas horas de jogo ou até mais, no CS2. Sem dúvidas a transição para o CS2 acabou fazendo com que os times olhassem com mais carinho para os mais novos. Em nível mundial o Donk foi talvez o grande responsável por provar que um player Academy pode estar pronto pra brilhar. Já aqui no BR ficou claro no Major de Copenhagen que as equipes que apostaram em jogadores jovens tiveram melhores resultados, surpreendendo muita gente."
Renato "nak" Nakano - Treinador do MIBR
"Influenciou sim porque de certa maneira coloca todo mundo no mesmo “patamar” em relação às novas mecânicas e recursos. Por mais que a maioria dos fundamentos continuem os mesmos, qualquer pequena mudança ajuda a nivelar um jogo que já é tão explorado."
Sid "sidde" Macedo - Analista da FURIA
"Com o novo jogo, muitos aspectos técnicos novos apareceram e muitos times passaram por reformulações. Esse cenário é perfeito para jovens buscando espaço em equipes profissionais, pois ganharam uma grande dose de motivação para trabalharem ainda mais e se destacarem."