arT pela FURIA na IEM Chengdu

HEN1, namorada, ELiGE e mais: arT abre jogo após saída da FURIA

Ex-capitão falou de situações vividas dentro da FURIA nos 6 anos que defendeu a organização

Integrante do quinteto da FURIA desde fevereiro de 2018, Andrei "arT" Piovezan foi movido ao banco de reservas na última terça-feira. Depois da novidade ser anunciada, o ex-capitão da equipe abriu uma live onde abriu o jogo sobre decisões da organização, restrições, mudanças de jogadores e mais.

Um dos pontos em que arT mais se alongou foi a saída de Henrique "HEN1" Teles, que defendeu a FURIA entre setembro de 2019 e janeiro de 2021. De acordo com arT, a saída do awper se deu por "problemas pessoais", e não por desempenho.

"Quando estávamos presos em Miami (por conta da Covid), os caras queriam cobrar muita performance. Falavam 'nego, você não pode beber álcool, não pode beber nada, você não pode sair pra festa. Se você tiver na semana de treino, não pode sair na sexta se tiver que fazer algo domingo'. Isso é o que falavam, tá? O Akkari e Guerri falavam pra ele. Falavam 'nego tem jogo segunda-feira, hoje é sexta, não pode beber, tomar uma cervejinha, sair'", disse arT em live.

"Essa é uma ideologia que tentaram aplicar na FURIA de ultra desempenho. Nessa época, até teve uma forçada de alimentação. O KSCERATO foi vegano por um ano e meio, eu fiquei um mês ali, tentando buscar aquelas porcentagens de desempenho, aquele 1%. 'Ah HEN1 você pode ser 1% melhor se você não beber, só treinar, não sair e tal'. E isso pegou muito na cabeça do nego (HEN1). O Guerri e Akkari pesavam muito na cabeça dele, e ele se sentia um pouco aprisionado em relação à isso. Houve discussões de tirar ele do time por conta disso, isso é o que não foi falado na época."

"O que deu a entender foi que ele saiu por vontade própria. Isso casou um pouco na época porque o time do Lucas estava tendo um certo sucesso, teve um evento em que eles estavam juntos, se aproximaram mais, e imagino que ele (HEN1) tenha passado essa vontade de jogar com os caras, mas eu imagino que grande parte dessa vontade dele, e isso ele pode falar com suas próprias palavras, foi impulsionada pela pressão que tinha nele. E o HEN1 vacilava às vezes. Acordava em cima da hora, dormia errado, isso ele podia melhorar de verdade, mas ele foi cortado da lineup por conta desses problemas pessoais, e não por desempenho", continuou.

Além da saída de HEN1, arT comentou outros pontos em relação ao tempo em que ficou na FURIA, como restrições de ver a namorada, saída forçada da posição de capitão, a contratação de André "drop" Abreu e interesse em Jonathan "EliGE" Jablonowski. Confira os principais trechos:

"A FURIA era muito ditadura"

"No começo a FURIA era muito ditadura, o HEN1 falava sempre, ficava meio puto. Algumas (restrições) eu concordava, outras não, algumas eram excessivas. Eu demorei quase um ano e meio, dois anos, para convencer que eu poderia ver minha namorada em algum momento do ano. Eu era obrigado a não ver ela, a não ser que fosse nas férias."

"Quebrou o pau, quase fui kickado essa época, fui ameaçado de ir pro banco porque não podia ver mulher. E eu nem queria ver sempre, só vê-la em bootcamp, em algum momento, uma vez a cada dois meses, só isso que eu pedia. Foi pesado, o HEN1 sofreu nessa época, eu sofri mais porque eu namorava, os moleques não. Eu via minha mãe uma vez e meia por ano."

"Ele (Guerri) já quis me tirar do time porque não podíamos levar mulher em campeonato. Eu passei um ano e meio sem ver minha mãe, nove meses sem ver minha namorada. Eu passava um ano sem ver minha namorada porque era proibido, não podia levar mulher em campeonato. Não posso ter vida social, não posso beber, não posso fumar, não posso usar nicotina para acalmar, não posso me estressar, não posso reclamar quando a gente perde o round, e reclamação era o que eu mais ouvia todo dia. 'arT, você tem que se tratar melhor, tem que ser um líder, não pode reclamar, chorar no meio do round, ser ríspido com os moleques, vai pra cima o tempo inteiro'".

drop não era a peça que a FURIA precisava

"A gente queria trazer um cara de impacto porque sabíamos que se não trouxéssemos um awper, precisaríamos trocar tiro. O Guerri foi no Academy, falou que o coach do Academy falava bem do drop, que ele fazia muita coisa, porém o drop não tinha rating alta. Eu falei 'Guerri, acho que o drop não vai encaixar, não seja a melhor ideia, porque precisamos de firepower.'"

"Não preciso de mais suporte, de boneco pra trás, preciso de firepower. Não preciso de entry, tenho VINI, arT, um terceiro entry? Não, preciso de firepower. O drop foi muito bom, um dos melhores teammates que tive, mas ele não era a peça que a gente precisava. Times precisam de peça, a NAVI não tem cinco estrelas, tem duas: jL e w0nderful, e três caras que somam quando tem que somar."

"Nós ainda precisavamos de um AWP. Trouxemos o drop em uma situação remediativa porque não tinha quem trazer. O Junior saiu em um momento do ano que não tem ninguém no mercado, a não ser que queira pagar meio milhão de dólares por alguém que você não sabe se vai dar certo, não dá para esperar cinco meses sem jogador, precisa trazer alguém. Trouxemos o honda para testar e o Guerri efetivou o drop diretamente, e ele ficou."

"Foi uma aposta mais do drop, não teve muito a ver do Vinícius. O Guerri falou 'confia em mim, o drop vai ser o jogador'. Ele realmente fazia muita coisa produtiva no mapa, me ajudava muito como second caller, ele era a segunda voz mais ativa dentro do time depois de mim, organizava muito o time em microgerenciamento, fazia várias coisas acontecerem, rotação."

"Não era a peça que a gente precisava, porém o drop faz o trabalho dele muito bem feito. Jogamos metade do ano sem AWP, eu tendo que me virar, fazia entry, AWP, suporte, tinha que readaptar totalmente o time em questão de dois meses, tinha que mudar a porra toda, e sabendo que era momentaneamente porque precisávamos de um awper."

Somente 4 anos depois

"Primeiro ano de time em que finalmente montamos (uma equipe) com os cinco caras nas posições certas. Depois de 4 anos, vocês têm noção disso? A gente estava junto desde 2018, esse foi o primeiro ano (2022) que viemos com uma line pronta."

Possibilidade de EliGE na FURIA

"Acho que o EliGE não entrou principalmente porque traumatizamos um pouco com a questão internacionalização. Se olhar o retrospecto agora, foi um erro não ter botado ele pra dentro."

dumau na mira

"A gente perdeu a janela de transferência para trazer o drop. Podíamos ter usado essa janela para trazer o dumau, porém a FURIA traumatizou tanto com a situação do KSCERATO e yuurih indo para o MIBR, com o FalleN chamando os caras, porque chamavam eles no off, e não vindo direto na organização".

"O cara falou pra mim. 'Meu coach avisou que a FURIA estava me sondando, porém como ninguém falou comigo, não sabia que era real, então assinei contrato com o time de novo'. E então a primeira janela de transferências se foi. Qualquer possibilidade da gente ter comprado firepower, ter tido uma line diferente, ela acabou aí."

"Não lembro quem era, se era o dumau ou algum moleque que falei depois, mas ele falou 'mano nem sabia que vocês queriam que eu fosse pra lá (FURIA). Os caras só avisaram que estavam sondando eu'. Porém, eu queria o cara pra caralho. Eu falei 'eu quero o dumau, posso mandar uma mensagem pra ele?'. Meu parceiro, jogamos com 14 anos aqui na lan house de Porto Alegre, jogamos campeonatos em LAN juntos, moleque firmeza, sangue bom aqui de perto de casa."

Em contato com a Dust2 Brasil, Ricardo "dead" Sinigaglia, responsável pela GODSENT na época, e hoje CEO da Legacy, afirmou que não recebeu nenhuma proposta por Eduardo "dumau" Wolkmer e disse que o jogador sabia do interesse da FURIA.

Fora do posto de IGL

"Eu parei de ser capitão, mas não por vontade própria. Em algum momento desse bolo (primeiro trimestre de 2022), não sei exatamente quando, eu parei de ser capitão."

Lenha pra queimar

"Ainda estamos buscando otimizar o máximo possível do CS2, porém faltava esses detalhes encaixarem pra dar certo. Acho que esse time ainda tinha mais lenha pra queimar, é um time bom, tinham algumas coisas que dava para resolver e melhorar, porém ao mesmo tempo entendo o imediatismo, a vontade de fazer as coisas mudarem drasticamente."

Reunião com coldzera

"'Coldzera foi opção em algum momento para a FURIA?' Foi mano, tivemos reunião com ele, mas não lembro quando. Antes de negociar com o FalleN talvez."

Chegada de FalleN

"A vinda do FalleN foi legal pra caralho, aprendi muita coisa com ele. Ele teve muita dificuldade de implementar o jogo dele no começo, foi bem difícil por conta da mesma situação que passamos antes de adaptação, desenrolar o jogo. Mas o FalleN é excepcional, muito tryhard, pensa muito bem CS. Quando ele entrou, abri muito a cabeça para ouvi-lo, tentar o máximo possível para adaptar tudo e fazer essa vinda dele a melhor possível. Porém entrou junto do problema que o tier 1 no geral, o top 10, já estava muito difícil de vencermos. Antigamente era um pouco mais fácil pra nós."

Zero rancor

"Guardo zero rancor com a FURIA, só queria ser transparente porque nunca falei porra nenhuma com vocês, sempre segurei muita coisa, e acho legal ser transparente pelo menos uma vez."

"Não é jogar merda no ventilador, o que eu estou fazendo é falar a verdade pra vocês, ser transparente. É o que a comunidade me cobrava, sempre segurei essas coisas prezando pelos meus teammates e a organização FURIA, que tenho muito respeito e apreço, mas não acho que seja nada demais eu falar a verdade."

FURIA evita debate público

A Dust2 Brasil soube que, nos bastidores, a postura da FURIA é de evitar um debate público com arT. A staff vê o jogador como um ídolo da organização, além de entender que discordâncias fazem parte.

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