Denúncia à CBDEL resulta em demissão de gerente envolvida em caso de suposto favorecimento
Até então gerente de esports da Confederação Brasileira de Desportos Eletrônicos (CBDEL), Jennifer Souza se desligou da entidade na última semana. A manager, envolvida no caso do suposto favorecimento por parte da confederação, deixou a CBDEL após o recebimento de uma denúncia quanto a um possível conflito de interesse envolvendo Souza e a equipe para qual trabalha nas seletivas do Panamerican Esports Games.
Em conversa com a Dust2 Brasil, o gerente de esports da CBDEL Guilherme Neto explicou que a denúncia e o fato do regulamento do "Pan dos esports" proibir que um membro de um time participante tenha ligação com a organização do campeonato levaram a confederação dar um ultimato à Souza, fazendo com que ela escolhesse entre a entidade e a equipe na qual é manager, a Smooke Gaming. Caso o contrário, o time não ia poder disputar a seletiva.
"Esse ano eu recebi a denúncia informal (sobre o conflito envolvendo a Jennifer e a Smooke), passei para o Ulisses, que foi conversar com ela. A regra do campeonato impedia que o time dela participasse porque ela estava na CBDEL, mas o nosso estatuto não veda ela de ter um cargo aqui", disse.
Neto, contudo, não soube dizer se Souza foi avisada sobre a denúncia quando foi levada a escolher entre a CBDEL e a Smooke. À reportagem, a ex-gerente da entidade afirmou não saber da existência da denúncia, mas não se aprofundou quanto ter deixado a entidade. Jennifer anunciou que deixou a confederação pelo status do WhatsApp.
A reportagem teve acesso a conversa na qual o chefe de esports da CBDEL Ulisses Witter pergunta se Souza tem alguma relação com a Smooke. A então gerente confirma é manager da organização. Sem citar a denúncia, Witter deu três opções à Jennifer: a Smooke não participar do Brasileiro, deixar o time ou então solicitar saída da CBDEL.
Apesar do chefe de esports ter dado tempo para Souza pensar sobre o futuro, a manager da Smooke respondeu quase que imediatamente que solicitava deixar a CBDEL: "Quando conversamos há dois anos você fez essa mesma pergunta e falamos que no tempo certo isso iria acontecer. Iria ter que escolher entre ficar na CBDEL ou trabalhar para os times. Eu amo aqui, mas aqui eu não tenho renda. Eu não ganho nada".
Regra vale para todos
A presença de jogadores, managers e até mesmo dono de organizações no quadro de voluntários da CBDEL sempre foi comum, mas vem diminuindo nos últimos meses. Além de Souza, outros dois integrantes da entidade possuem vínculo com uma equipe: o próprio Witter, dono da Os Comédia, e coordenador geral de esports Vitor Silva, que, no Instagram, diz que joga EA Sports FC pela Think Ball.
Sobre Witter, Neto explicou que, no passado, a CBDEL recebeu uma denúncia sobre Witter estar na confederação ao mesmo tempo que é CEO de uma organização, mas garantiu que Os Comedias é um time atualmente inativo, não participando assim dos campeonatos realizados pela entidade.
Já o caso de Silva está sendo apurado. "Perguntamos a ele porque, até onde sabemos, ele mostra ter ligação com a Think Ball nas redes sociais, mas ele ainda não se posicionou", disse Neto. O gerente deixou claro que, após a denúncia sobre Souza, a confederação informou a todos os coordenadores que se eles tiverem alguma ligação com um participante na seletiva para o Pan, o time não poderá jogar.
O "Pan dos Esports"
Anunciado em 2023, o Panamerican Esports Games será um dos eventos de esportes eletrônicos a acontecer no Rio de Janeiro neste ano. O campeonato servirá de seletiva para o IESF World Esports Championship 2024. Serão sete modalidades, incluindo CS2, e sete vagas em jogo.
Por conta da mudança de data do mundial, os cronogramas do "Pan dos esports" e da seletiva brasileira também foram alteradas, o que levou a nova abertura das inscrições.