Arena do IEM Rio 2023

Como foi o calendário competitivo em 2023? Times comentam

Managers dos principais times brasileiros falaram sobre o calendário no ano

O calendário competitivo de Counter-Strike é alvo de reclamações frequentemente, tanto por organizações brasileiras quanto por times internacionais por problemas como conflito de datas e mais.

Assim, a Dust2 Brasil procurou os managers das principais organizações brasileiras para falarem sobre como analisam o calendário de competições em 2023.

Managers analisam calendário competitivo

Leonardo Manulli, manager da FURIA

"Entrei na FURIA no segundo semestre e desde que as atividades começaram foi de uma maneira que no geral o time gosta bastante, que é tendo uma competição atrás da outra sem grandes intervalos. E a gente se deu bem com o calendário por conta da nossa base na Europa, em Malta. Pode ter dado a impressão de que foi tudo muito corrido, mas na verdade por volta de outubro houve uma janela e pudemos vir para o Brasil participar da BGS. Na minha opinião e pelo que escuto dos meninos, foi tranquilo. Inclusive sentimos falta de mais torneios presenciais em um certo ponto, mas depois foi um atrás do outro, do jeito que a gente gosta, mantendo um bom ritmo para o time."

Cleber "Ferrer" Ferreira, manager da Imperial

"Pra entendermos um pouco melhor sobre a agenda de campeonatos no CS, é importante entender que existem 2 mundos extremamente distintos num mesmo cenário, que são as equipes baseadas na Europa e todas as demais que não estão na Europa. Em especial as equipes brasileiras que buscam, como a Imperial, disputar o maior número possível de torneios Tier 1 e Tier S durante o ano."

"Tendo uma base na Europa você pode selecionar o que e quando jogar, pois todos os seus dias de trabalho são treinos contra as melhores equipes do mundo, o que mantém o tempo todo o seu jogo no seu melhor nível e extrai dos teus atletas o melhor desempenho. Porém ter uma base na Europa tem um custo altíssimo, além de outras burocracias com relação a vistos e tempo de permanência."

"Nossa equipe busca fazer um bootcamp longo na Europa nas vésperas dos grandes torneios, o que por um lado potencializa nosso desempenho às vésperas das grandes competições, mas por outro lado nos obriga a viajar com grande frequência, o que, além de gerar custos altíssimos para a organização, preenche longos períodos em nosso calendário, o que acaba trazendo algumas dificuldades para que possamos disputar todos os torneios que desejamos."

"Por mais que as organizadoras de eventos no Brasil ou as responsáveis pelos qualifiers online no mundo busquem conciliar as agendas, diversas vezes temos que alterar planejamentos ou aguardar o limite do calendário pra definir datas e locais dos bootcamps, levando também em consideração o enorme aumento dos custos quanto mais próximo da viagem nós organizarmos tudo, como locações na Europa e compras de passagens."

VINI e HEN1 na IEM Cologne pela Imperial

"Outro fator extremamente relevante é a colocação da equipe nos rankings da ESL, organizadora dos maiores torneios do mundo, e da Valve, responsável pelos Majors, além das equipes que são parceiras da ESL e tem vagas garantidas em diversos grandes eventos no ano. A América do Sul tem apenas 1 slot condicionado a invites diretos para a maioria dos grandes eventos, e todos brigam por essa posição, incluindo a Fúria que é uma equipe SA mas que permanece na Europa o ano inteiro."

"Critérios de multiplicadores de pontuações em classificação final de torneios são, em geral, 4 vezes menores no SA do que no NA, por exemplo, o que também influencia demais na colocação da equipe no ranking mundial da ESL. Então todos esses fatores fazem com que as equipes brasileiras que procuram estar nos maiores eventos do mundo, tenham uma agenda extremamente complicada de se administrar, pois temos que disputar um enorme número de qualificatórios e, para isso, a equipe tem que estar no Brasil."

"Este ano de 2023, em especial, as equipes brasileiras contaram com a colaboração e compreensão pelo menos das organizadoras locais que inclusive buscaram ajustes de horários de jogos para eventos que tiveram choques de datas. Porém a organização do calendário dos grandes eventos do mundo não nos permite uma programação com grande antecedência, o que acaba inflando muito os custos e exigindo muitas vezes uma grande adaptação e criatividade nas soluções desses quebra-cabeças."

"O mundo do CS para as equipes que vivem na Europa é completamente diferente de quem não está lá. Por isso a “Selva Europeia” muitas vezes mostra equipes tier 2 e tier 3 fortíssimas que surpreendem em alguns torneios. O nível de competição por lá é altíssimo durante todos os dias para os jogadores, muito diferente das equipes brasileiras. Mas essa é a realidade, e talvez seja este mais um ingrediente que torna tão inesquecível cada conquista do CS brasileiro."

Américo Verde, manager da Legacy

"Na minha opinião, o calendário competitivo é algo que depende muito do que você procura e em que estágio a equipe se encontra. Nós optamos por fazer uma gestão mista, onde a competição foi colocada entre estágios diferentes de treino e em estágios diferentes em que a equipe está. Em termos de ritmo a gente conseguiu encontrar durante um período uma boa relação de treino/competição/vida pessoal, mas chega em alguns momentos que conciliar tudo de forma perfeita, fica longe de ser perfeito. Por isso, todas as decisões são tomadas também junto da equipe técnica e dos jogadores, apontando sempre para o objetivo a ser alcançado."

"A verdade é que quando os torneios conflitam e a gente tem de jogar sobreposto, a gente entra numa rotina mais pesada e desgastante, onde todos os cuidados são poucos e em alguns momentos é muito difícil de tomar uma decisão mais acertada em jogar ou não um torneio, quando tem seletivas e eventos no mesmo período. Em equipes que estão em crescimento, como é o nosso caso, não podemos dar ao luxo de escolher os torneios. A gente tenta adaptar tudo o que é possível e que faça sentido para nós, junto dos convites que vamos recebendo."

Carla Sernaglia, head de esports do MIBR

"O ano de 2023 foi um ano bom de torneios, principalmente com a chegada do CS2, que não tínhamos expectativas de grandes campeonatos. Ao longo do segundo semestre eles foram surgindo e muito por conta disso algumas datas se conflitaram e atrapalharam nosso planejamento. Gostaríamos de ter jogado todos os campeonatos possíveis, mas por datas próximas/eventos presenciais e questões logísticas, não foi possível, como, por exemplo, a IEM Dallas."

"Acredito que em 2024 as organizadoras vão conseguir ter um planejamento com maior antecedência para que todos os times se programem, tanto financeiramente para não prejudicar os bootcamps, quanto logisticamente para estar em espaço físico."

Henrique "rikz" Waku, manager da paiN

"O ritmo de torneios foi muito alto e acredito que isso tenha sido muito bom para nós, porque nos ajudou a criar uma casca e entrosamento mais rápido que era o que precisávamos depois da troca de lineup."

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