Gaules fica no "radinho de pilha" na BetBoom Dacha; entenda
Quem quiser acompanhar as caminhadas de FURIA e MIBR na BetBoom Dacha, campeonato presencial em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, terá de sintonizar em um endereço diferente do qual se acostumou nos últimos anos. A competição não terá transmissão nos canais ligados a Alexandre "Gaules" Borba, principal voz do Counter-Strike brasileiro desde 2018. A responsável por exibir o campeonato em português será a BTS Brasil.
Pela primeira vez em cerca de três anos, o streamer está fazendo transmissões no estilo "radinho de pilha" - sem as imagens do jogo, só com o placar -, o que o consagrou no passado, quando não tinha direitos de transmissão dos grandes campeonatos. As últimas transmissões registradas no estilo foram no segundo semestre de 2020, em competições como a Nine to Five 3 e a 2ª temporada da Flashpoint, que na época pertenciam ao MIBR TV. Recentemente, o streamer não transmitiu a BGS Esports vencida pela FURIA, mas não fez o radinho de pilha.
Os direitos de transmissão do campeonato são da casa de apostas BetBoom, empresa russa que faz uma série de investimentos nos esportes eletrônicos, incluindo campeonatos, times, transmissões e outras iniciativas (nota do editor: a BetBoom faz anúncios periódicos na Dust2 Brasil).
De acordo com informações obtidas pela reportagem, foi a BetBoom que decidiu deixar os direitos apenas com o canal da BTS Brasil e não ceder a transmissão para Gaules e companhia. Os representantes do streamer número 1 do Counter-Strike procuraram a organizadora e mostraram interesse em contar com os direitos, mas o negócio não andou.
A transmissão na BTS Brasil tem sido feita em um estúdio em São Paulo, com oito talentos divididos entre narradores, analistas, comentaristas e apresentadores. A dupla de criadores de conteúdo da Legacy, Daniel "danw0w" Henrique e Guilherme "jukagod" Nogueira participou do pré-jogo entre MIBR e BetBoom.
A transmissão faz ativações relacionadas à apostas esportivas, com códigos de bônus no site da organizadora sendo distribuídos para os espectadores. Ativações do tipo não são feita nas streams de Gaules. Apesar de ter transmissões patrocinadas por casas de apostas - como no último Major -, o streamer já manifestou em mais de uma oportunidade que não aceita propostas para ser "garoto propaganda" de empresas do meio.
Para driblar a falta de direitos, Gaules montou uma página em seu site onde era possível assistir as imagens do evento e, ao mesmo tempo, ver a transmissão e o chat do streamer. A medida durou apenas ao longo do primeiro mapa e foi abandonada em sequência, com o streamer promovendo o link de uma transmissão em inglês em seu chat. Veja:
Nos números, a transmissão improvisada fez sucesso. Ao longo do primeiro mapa entre MIBR e BetBoom, o canal de Gaules chegou a ter mais de seis vezes mais o número de espectadores do que o da BTS Brasil - com 29 mil pessoas de um lado e 4 mil de outro.
Vale o produto
Em contato com a reportagem, Fabio "Shaolin" Madia, CEO da BTS Brasil, afirmou que o estúdio recebeu a oportunidade de fazer o evento após um ano e meio trabalhando com a BetBoom em competições de Dota 2. Veterano nas transmissões e produções de eventos há quase 10 anos, Shaolin mostrou não temer as reações negativas dos fãs de Gaules, que têm sido vocais no chat da transmissão.
"É ler o que puder, absorver o que for interessante e ignorar o que não for", disse em entrevista.
"O que vai falar é o produto que você está entregando. Se é um produto bom, vai ter gente consumindo, se é ruim, independente de ser exclusivo ou não, ninguém vai assistir. Tem público que não quer consumir uma transmissão normal, tradicional, profissional, os adjetivos que queiram colocar", continuou.
"Eu entendo que o fato de rolar isso, do pessoal ir reclamar no chat, é falta de informação. É acreditar no que as pessoas A, B ou C falam. Eu acredito que nem vem do Gaules, já que nesse caso estamos falando dos fãs dele. É normal virem no nosso chat, acontece até em campeonatos do CCT, que liberamos o sinal. É legal ver que tem essa emoção, existe um potencial se conseguirmos trabalhar isso", afirmou Shaolin.
Procurada, a equipe de Gaules não quis se manifestar. Na transmissão, o streamer pouco falou sobre o tema, mas disse que "um dia explica" a falta de direitos do evento. A reportagem não conseguiu contato com a organizadora do torneio até o momento. Caso faça, o texto será atualizado.