MIRA JOVEM: Straafer transformou um "vício em uma profissão"

Jogador falou sobre início da carreira, inspiração na SK e amor pelo CS

Como muitos jovens jogadores, João Marcelo "Straafer" Guimarães tem como inspiração a lendária equipe da SK. O jogador contou que começou a amar o CS quando em 2016 viajou para a praia e, ao ligar a televisão, viu Gabriel "FalleN" Toledo e companhia jogando e vencendo um Major.

"Em 2016 viajei com a minha família e levei meu notebook. Decidi baixar o CS porque vi na televisão que estava acontecendo um campeonato que era o Major, estava passando no SporTV. Eu vi e achei muito legal, aí decidi baixar o jogo, só que eu ia ficar uma semana lá e a internet era muito ruim então demorou três dias para baixar. Eu ficava todos os dias assistindo o campeonato na TV e a SK venceu, eu fui pesquisar e vi que eles já tinham ganhado outros campeonatos e que o Brasil era uma potência, e quis muito jogar. Depois disso eu comecei a acompanhar e continuei jogando. Em 2017 eles voltaram a ganhar tudo, eu acompanhava todos os jogos e fiquei apaixonado, aquela lineup todos que acompanharam na época lembra lembra com nostalgia que foi a época de maior felicidade", contou.

Depois de ver a SK vencer o Major, Straafer começou a jogar CS, mas o computador ruim o manteve preso nos levels baixos.

"No final de 2016 eu resolvi baixar CS de novo porque eu vi a SK jogando o Major e me interessei. Aí eu comecei a assistir e jogar, só que meu computador era muito ruim. Fiquei uns anos jogando assim até que em 2019 melhorei meu computador e comecei a jogar na GC, na FACEIT e peguei level 20. Na pandemia eu ficava o dia inteiro jogando CS, eu ainda não tinha intenção de competir, eu jogava só por diversão. Em 2021 alguns amigos me chamaram para montar um time e começamos a competir. Comecei nas ligas abertas da GC, depois Série C e assim fui subindo.

Apesar da paixão pelo jogo e pela competição já existente, Straafer começou a possibilidade do CS ser sua profissão apenas em 2021, quando melhorou seu computador e terminou a escola.

"Sempre assisti muito CS, sempre fui muito apaixonado pelo jogo e pela competição e as coisas casaram. Eu sempre amei competir, joguei futebol quando era mais novo e quando comecei a jogar CS eu vi que o Brasil era uma potência no competitivo mas nunca tive um computador muito bom, quando fiz o upgrade eu percebi que poderia sim competir. Em 2021 eu me formei e tive um tempo entre terminar a escola e começar a faculdade e comecei a competir, me dediquei completamente ao CS."

A transição do amador para o profissional foi tranquila para Straafer, que já tinha amigos que jogavam profissionalmente. O jogador afirmou que ter a cabeça aberta e pedir ajuda aos mais experientes o ajudou muito a evoluir.

"Foi bem tranquilo (a mudança para o profissional), muitos dos meus amigos já competiam. Quando eu comecei a melhorar no CS foi porque virei amigo de pessoas que já competiam e aprendi muito com isso. Eu tinha alguns vícios de PUG mas sempre estudei muito, pedia para pessoas mais experientes assistirem minha tela e me ajudarem, ver o que estava fazendo errado. Sempre tive a cabeça muito aberta e a constante vontade de evoluir", disse.

straafer é o décimo quinto entrevistado do MIRA JOVEM, série promovida pela Dust2 Brasil e GG.BET que conta as histórias de promissores jogadores e jogadoras do cenário nacional de Counter-Strike.

Faculdade ou CS?

A escolha entre fazer faculdade e jogar é uma que os jogadores precisam tomar cada vez mais jovens. Straafer chegou a tentar conciliar os dois a pedido dos pais.

"Eu fiz três semestres de faculdade, na metade de 2021 minha mãe disse que eu teria que fazer alguma coisa, não podia ficar o dia inteiro jogando. Eu estava competindo e fazendo faculdade, mas chegou um ponto que estava muito complicado dividir essas duas coisas. Às vezes eu deixava de lado a faculdade, às vezes tinha que acabar o treino mais cedo ou começar mais tarde por causa da faculdade", contou.

Sem conseguir conciliar os dois, Straafer optou por focar no CS, mesmo sem ter apoio da família no começo.

"Eu decidi trancar (a faculdade), mas foi uma decisão que foi muito questionada. Meu pai deu um certo apoio, ele gosta muito que eu compita, sempre disse que eu podia jogar, mas precisava estudar. Chegou um momento que eu disse para ele que eu teria que fazer um ou outro, não estava conseguindo conciliar os dois. Ele disse que se essa era minha decisão ia apoiar, minha mãe ficou com um pé atrás mas então ela passou a acompanhar mais, ver como funcionava e ver que estava dando resultado então hoje ela me dá um apoio maior. No começo foi mais difícil convencer meus pais."

Apesar de gostar do curso que fazia, Straafer afirmou que continuar os estudos não está em seus atuais planos: "Vejo como uma coisa pro futuro, agora que eu tranquei a faculdade eu penso em dar meu máximo no CS. É claro que não vou descartar, já fiz dois semestres de faculdade, e era uma coisa que eu gostava de fazer, eu fazia ciências da computação. Mas hoje minha paixão é o CS e a competição é algo que está acima de tudo que gosto de fazer."

Tapa na cara

Straafer contou que a visão de seus pais em relação ao CS era um pouco diferente. Sua mãe chegou a dizer para ele esquecer o jogo e focar nos estudos

"Lembro que em 2018 vi um after movie da ESL Cologne que me arrepia até hoje, e eu mostrei para minha mãe e falei que eu amo jogar e era isso que eu queria. Ela já chegou me dando um tapa na cara praticamente, dizendo 'isso para dar certo é um em um milhão, você não vai ser um Neymar da vida. Esquece isso e foca nos estudos que vai valer mais a pena'", contou o jogador.

O pai, apesar de querer que seu filho estudasse, o apoiava mais.

"Com meu pai foi um pouco diferente, ele é um cara que sempre me acompanhou muito em tudo que eu fazia, quando eu jogava futebol ele ia em todos meus jogos, acho que todo pai quer ter um filho jogador de futebol, só que eu escolhi outro ramo da competição. Ele sempre assistiu meus jogos e me apoiou, mas falava que eu precisava ter um equilíbrio entre os estudos e o jogo, mas hoje que estou 100% focado no jogo ele continua me apoiando."

Transformando vício em profissão

Muitos jogadores jovens têm uma grande "sede" por CS, e podem jogar o dia inteiro. Straafer não é diferente, e contou que conseguiu transformar seu vício em uma profissão.

"Eu consegui transformar um vício em uma profissão. Eu gosto de todo dia fazer atividade física então eu acordo, dou uma corrida para acordar e depois já entro no CS. De manhã eu costumo dar uma estudada, jogar DM e depois eu tenho treino das 11h até 20h, depois eu ainda continuo no PC para ficar aquecendo a mira, estudando. Hoje em dia eu estou 100% do tempo jogando CS, se não estou jogando é porque estou dormindo ou comendo", contou o jogador.

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Nos dias de folga nada muda. Straafer aproveita para jogar com os amigos que hoje trabalham com outras profissões, e disse que o mais importante é continuar se divertindo quando joga.

"A coisa que mais gosto de fazer é jogar CS, então nos finais de semana eu gosto de juntar com meus amigos para jogar lobby só por diversão. Muitos dos meus amigos de quando eu comecei a jogar já se aposentaram, então só temos esse momento para se encontrar porque eu fico o dia inteiro treinando e eles trabalham. Se encontrar no final de semana para jogar, se divertir e dar risada é muito importante porque a partir do momento que você para de se divertir não tem muito sentido. Eu faço isso porque eu amo e porque me divirto muito."

Representando BH

Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Straafer contou como começou o projeto da Bounty Hunters, que de acordo com ele foi criado para elevar o cenário local de CS.

"No começo de 2023 eu vi um anúncio no Instagram que ia ter um campeonato em LAN, e BH é um lugar que tem um cenário muito fraco de CS nesse quesito, tem poucos campeonatos em LAN. Eu já era amigo do Cristiano "Antonini", jogava com o Matheus "MTGG" Queiroga em time e falei para eles para a gente se juntar para jogar esse campeonato e ganhar. Os meninos já se conheciam a mais tempo e já tinham jogado outros campeonatos em LAN e tinham perdido, então eles queriam ganhar de um time que tinha nesse. Jogamos o campeonato, espancamos todo mundo."

O desejo de se juntarem em uma equipe nasceu rápido, e o pontapé inicial veio do atual manager da equipe, Daniel Fagundes, mas com jogadores ainda em contrato a situação se complicou.

"Depois de um tempo o Dan mandou mensagem para o Cris dizendo que gostou muito de todos e deua ideia de montar a line. O Cris falou com a gente e todo mundo achou sensacional, seria um time de amigos, e poder viver essa realidade é algo inexplicável. Só que tinha um detalhe, todos tinham contrato com times. Porém, as coisas foram progredindo, o Cris ia atualizando a gente. Todos estavam muito animados porque o cenário de BH era muito fraco e termos uma equipe onde todos são daqui dava um ânimo maior. Sou muito grato a tudo que aconteceu, ao Dan, a Nathy (CEO da Bounty Hunters), todos que acreditaram no projeto e transformou nosso sonho em sonho deles também. Agora nosso objetivo é transformar BH em mais uma potência", contou.

Straafer também ressaltou a felicidade em ter atualmente como companheiros de equipe jogadores que ele antes só assistia.

"A maioria dos meninos do time já competem a mais tempo que eu, e hoje poder jogar com eles, dividir time e ser companheiro é uma coisa muito gratificante. Quando eu estava começando a competir, dando os primeiros passos nas ligas da GC eles já estavam competindo em alto nível, e isso é uma coisa muito boa. Poder jogar com a galera que eu assistia antes, hoje jogo no mesmo time que eles. Tento me dedicar ao máximo para poder manter o nível sempre alto", finalizou.

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