ueta com a camisa da Los Grandes

ueta diz que pausa foi "estratégica" e que CS é "prioridade da vida"

Em entrevista à Dust2 Brasil, o capitão da LOS Academy falou sobre retorno ao competitivo, montagem do novo time de base e como concilia as duas profissões

Matheus Ueta voltou a ser figura ativa no cenário ao disputar o CBCS #1 após quase oito meses afastado do competitivo. Uma saída estratégia, conforme contou o próprio em entrevista à Dust2 Brasil, na qual detalhou a montagem da nova line LOS Academy, avaliou as cobranças da torcida e explicou como se divide entre ser um jogador profissional e ator já consolidado.

"A pausa para a novela foi estratégica, muito pensada. Não foi do nada. Foi pensado para eu tirar um tempo para mim do CS e a volta na TV com objetivo de reacender meu nome e também para criar esse nesse momento um público para stream. Quando parei, comecei a fazer live porque sabia que era o momento certo para engajar e essas duas coisas se encontrarem. Foi pensada para o momento em que eu poderia linkar todas as coisas que gosto em uma só e usar para ser minha profissional mesmo", explicou.

Não foi um retorno qualquer já que à ueta foi dado o papel de ser o novo capitão da LOS Academy, o que na opinião do jogador tornou essa volta "muito difícil" mas, ao mesmo tempo, "muito legal por volta em uma nova função, que eu sabia que seria ideal para a equipe". "Não imaginei que seria tão difícil porque, depois de quatro anos me dedicando todos os dias, o dia inteiro, quando se para por muito tempo parece que cada mês fica difícil de voltar", avaliou.

A ideia de ueta se tornar capitão foi dada por Alexandre "kakaveL" Peres, a mente por trás do Counter-Strike na LOS, "que sentiu uma grande falta (de capitães) no cenário. Ele vê que está muito difícil de achar jogadores para a posição e indicou que gostaria que eu fosse o IGL do time para que, no futuro, quando ele precisar, possa me usar na line principal". O jogador, contudo, revelou que inicialmente não gostou da mudança, "mas pensei que realmente poderia ser o melhor para a minha equipe visto que hoje sou um dos mais velhos".

E o background para a nova função foi construído na vivência, feedbacks e experiência ao lado de outros nomes da própria LOS, como Denner "KHTEX" Barchfield e Júlio "FATAL" Souza, além de Adriano "WOOD7" Cerato, ex-capitão do Fluxo, mas líder da Bravos na época em que conviveu com ueta.

Montagem da nova LOS Academy

Mesmo afastado do competitivo ueta teve voz ativa na escolha dos novos jogadores da LOS Academy. O time antes do CBCS precisava de três nomes já que no elenco estavam o próprio IGL e também Vinicius "vinaabEAST" Santos. "Já era um time que, mesmo sendo fake, pois não treinávamos diariamente, estávamos jogando junto e até desempenhando bem porque chegamos a pegar um top 3 na Série A. Nisso, o kakaveL, quando entrou para a LOS e começou a conversar comigo, pediu indicações para a line principal, que, na época, teria Maluk3, malbsMd e trk, e ainda possuíam a vaga na ECL", afirmou.

Nessa conversa ueta indicou dois jogadores que até foram contratados pela LOS, mas para o Academy: Matheus "mlhzin" Marçola e Pedro "pedrinzy" Fleury. "O kakaveL falou que eram bons jogadores e perguntou o que achava de montar um time com eles. Aceitei. Foi então que decidi pensar se cada um era realmente a chave para o negócio e percebi que era tudo o que precisávamos: jogadores novos com muita skill e cabeça aberta. Isso era o mais importante", explicou.

Somos apenas um time de base

Questionado se a ideia do time ser considerado Academy era só para evitar críticas da rigorosa torcida da LOS, ueta respondeu que não porque o time ser considerado de base "é importante para nós jogadores. Não precisa querer pular etapas porque com certeza não vai ser bom. Não vai dar resultado e, de verdade, vai nos sobrecarregar, o que não é o certo neste momento por se tratar de uma line que tem média de 18 anos. Adicionar esse peso não é uma boa nesse momento. Nível os jogadores têm para jogar em qualquer time no Brasil, mas o time como um todo, não".

"No momento que realmente merecermos (a promoção), com certeza seremos a line principal. Pela LOS e o staff tenho certeza que confiam no projeto Academy. Querem muito que o projeto dê certo e se tiver essa oportunidade sei que não pensariam duas vezes, mas não é o certo neste momento", completou.

Torcida criteriosa

A torcida da LOS é uma das mais engajadas entre as organizações brasileiras, para o bem ou para o mal. Se por um lado os torcedores apoiam as lines quase que incondicionalmente, por outro cobram incansavelmente por bons resultados, chegando, a alguns casos, perseguir virtualmente integrantes dos times com críticas e xingamentos.

Para ueta toda a torcida cobra por resultado e que essa nova realidade que os esports estão experimentando é velha em outras modalidades, e que o torcedor "está ali para apoiar e cobrar resultados, mesmo". Mas o capitão do Academy concorda que "tem casos isolados que fogem do limite.

"Na minha opinião não adianta existir essa pressão toda. Alguns torcedores, mas não todos porque a torcida da LOS é muito apaixonada, eu não acho legal, é zoado. Para nós, que estamos competindo, queremos mais do que tudo ganhar. Vontade não falta. Dependendo da forma que a cobrança é feita se torna prejudicial. Existem casos isolados que passam do ponto, do limite, mas sempre tive uma experiência legal com a torcida da LOS porque sempre me apoiou muito. Gostam de mim e do meu trabalho".

Ator ou jogador profissional?

"Há um tempo me dedico 100% ao CS", destacou ueta. Ele completou esclarecendo que só fez a pausa mesmo para a novela do SBT. O que também foi determinante para o hiato no FPS foi um "burnout" com a modalidade.

"Eu queria um tempo para dar uma esfriada na cabeça, pensar de novo e entender o que eu queria. Estava em um burnout. Estava muito bitolado com os resultados e não estava aproveitando o processo de forma saudável. Dei uma pausa para fazer essa novela. Um ano dando essa esfriada para resetar e voltar no momento exato que estou hoje", completou.

O jogador ainda foi categórico ao destacar que "CS é paixão. Se você se envolveu com o jogo uma vez, vai se apaixonar a vida inteira e não é diferente hoje. Parei um pouquinho e deu uma saudade absurda. Hoje volto com muito mais vontade de quando sai. Foi muito importante dar esse tempo".

Até pensando no futuro, ueta disse que não necessariamente é preciso ser um jogador para trabalhar com CS e os esports. "Posso ser ator e, no futuro, trabalhar como comentarista e streamer. Tenho uma vontade competitiva muito grande e por isso que hoje eu foco no competitivo. Quero focar até entender que dá para falar 'agora vou parar'. Sempre tive essa liberdade e tudo o que me propuz a fazer, fiz muito bem".

"É muito do momento de como estou me sentindo feliz com o que estou fazendo. Já fui muito feliz com teatro musical, era algo que amava e, depois que conheci o CS, vi que o teatro era algo que eu não queria mais".

Inclusive, ueta apontou que um ex-companheiro de equipe, Ricardo "ricardolepra" Pereira, foi determinante para a migração para o CS.

"Vi que o teatro era algo que eu não queria mais e lembro da última vez que entrei no palco. O ricardolepra, meu tutor no CS, virou e falou: 'Quando tiver fechando as cortinas imagina onde você quer estar depois, qual será o seu próximo objetivo porque você muito bom como ator, mas se não é isso o que você, imagina aquilo o que você quer realmente'. Naquele dia, quando as cortas fecharam após o espetáculo o meu único pensamento era competir no CS. Era isso o que eu queria. Esse pensamento não mudou até hoje", finalizou.

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