NEKIZ sobre volta por cima na paiN: "Jamais imaginei"
Gabriel "NEKIZ" Schenato e paiN sempre foram nomes que andaram lado a lado no CS:GO. O jogador de 27 anos participou de duas fases diferentes da organização, em 2017 e em 2019, mas não esperava que voltaria para uma terceira depois de ser colocado no banco de reservas do ano passado. Lá, afastado dos antigos companheiros, ele tinha outras ideias.
"De jeito nenhum, jamais imaginei (que o time que voltaria a jogar) seria a paiN", disse o jogador em entrevista à Dust2 Brasil durante o media day do BLAST.tv Paris Major.
"Estava com plano de montar time com outros jogadores com os quais nunca tinha jogado, mas queria montar um time o qual, realmente, eu visse jogando esse Major de agora. Então, eu estava tentando mover meus 'pauzinhos', só que eu não sentia que os jogadores que eu estava selecionando fariam com que o time fosse para o Major", disse.
Aí, NEKIZ desistiu e, em janeiro, disse que precisava "escolher as pessoas e times certos" para seu retorno. E, poucos dias depois, recebeu a convocação da camisa que mais vestiu no CS.
"Veio o convite da paiN, uma semana após o post. Foi uma coisa bizarra, uma benção, mas que bom que deu certo para todo mundo. Deu certo para mim, que consegui voltar para o cenário e jogar ativamente, jogar bem, e deu certo para o time, que se classificou para o Major", completou.
NEKIZ diz que, no momento da sua saída da equipe no ano passado, o clima estava pesado.
"Era um momento conturbado. O clima não era muito bom, meio pesado. Naquela época, inclusive, dei uma entrevista e falei que achava que o time não iria evoluir se permanecesse da mesma forma e, realmente, eu estava certo. Eu sai e o time melhorou. Independente de quem saísse, iria dar uma aliviada em todos, com sangue novo, e foi o que aconteceu", relembrou.
"Agora. o time está bem mais preparado que naquela época e está mais confiante, inclusive. A confiança que temos atualmente eu nunca tive em time nenhum que já joguei. A confiança é algo que dita o jogo. Se você está confiante, você pode alcançar qualquer objetivo, qualquer campeonato. E, taticamente, mudamos muitas táticas porque o PKL era o responsável por isso, sendo o capitão, e, quando você muda o capitão, você tem que dar uma atualizada nas táticas, não tem jeito. Não tem como permanecer as mesmas coisas porque é outra filosofia, outro pensamento de capitão. Não quero dizer que as táticas do biguzera são melhores que as do PKL, mas a nossa confiança faz com que estejamos melhores e bem mais preparados", completou o jogador.
Preparados para causar
Por mais que o PGL Major Stockholm, o único que NEKIZ participou, não tenha sido o melhor dos mundiais - não houve stickers e o time só jogou dentro do próprio quarto -, o jogador não quer estar nesse só por estar.
"Quando fomos para o Major de Estocolmo, eu queria os stickers, era óbvio, mas pensei que um dos meus objetivos, sonhos, era jogar um Major. Então consegui, cheguei lá. A segunda vez vai ser muito legal, mas vim com o sentimento de alcançar os playoffs, alcançar, quem sabe, uma final", disse.
"O objetivo agora é diferente para nós. Queremos alcançar coisas maiores. Quero ir bem no campeonato, não só participar, como foi em Estocolmo", continuou.
O seed alto - a paiN é o segundo melhor time dessa fase no quesito -, e a forma recente do time colocam um alvo nas costas da equipe, que é muito visada pelos adversários. NEKIZ não se preocupa com isso, e garante que ele e os companheiros estão confiantes.
"Esse step by step que aconteceu conosco, de sermos um time que cresceu gradativamente até aos olhos do público, foi bom para nós porque agora estamos 100% preparados para esse desafio", explicou.
"Estamos nos sentindo muito preparados. O pessoal pergunta se a cobrança está maior porque a torcida é maior, mas a cobrança interna de cada um de nós jogadores é muito maior do que qualquer cobrança de torcedor. Estamos preparados para essas cobranças e queremos elas porque vamos chegar lá de um jeito, ou de outro. Não sei se é agora no Major ou se será no próximo CS. Estamos preparados para batermos times grandes, chegar em playoffs. Chegou o nosso momento", cravou.
Dérbi
Antes de pensar com playoffs, NEKIZ e a paiN tem de entrar os rivais nacionais do Fluxo. O retrospecto é bom, com o time tendo conseguido a vitória com tranquilidade no RMR, mas NEKIZ crê num jogo pegado.
"Vai ser uma partida difícil. Os dérbis brasileiros são muito difíceis. Todas as vezes que eu joguei esses clássicos entre times do Brasil, sempre teve uma pegada diferente, um clima diferente. Vai ser uma partida difícil e acho que o resultado do RMR pouco importa, tanto para nós, quanto para eles", disse.
"Acredito que eles vêm para o Major mais motivados ainda e seguimos com a mesma motivação, de temos que ganhar essa estreia. Vai ser uma partida difícil. Teremos que estar bem preparados, e tem a questão do campeonato que jogamos antes. Vai ser diferente começar o Major tendo jogado um campeonato há pouco tempo. Vamos chegar mais ligados", continuou.
Maratona
A paiN chega à Paris como um dos times mais ativos do campeonato, tendo jogado 102 mapas em 2023. O que para muitos pode ser uma virtude e até explicar a boa fase do time, para NEKIZ é algo que não agrada.
"Eu tenho uma opinião que, talvez, a maioria das pessoas não tenham e não sei nem se meu time pensa desse jeito. Eu sinto que atrapalha um pouco esse tanto de mapas que estamos jogando em relação a qualidade", afirmou.
"Em relação a Cash Cup, por exemplo, única coisa que podemos ganhar é o campeonato, aí vamos ficar em primeiro, ganhar os pontos, mas, se perdemos uma md1 contra time desconhecido, nossa confiança vai cair, vamos nos desgastar porque estaremos indo para o México. Então, dependendo do campeonato, acredito que desgasta", explicou.
"Por exemplo, a Brazy Party eu acho o inverso, porque estaremos jogando contra times bons, vamos pegar uma experiência boa, rodagem boa de campeonatos, que é muito importante jogar um campeonato antes do Major. Sinto que você já entra quente. Quando você só treina, chega a hora da primeira partida e você está meio mole. Essa foi a nossa ideia com a Brazy Party, mas a ESL Challenger e a Cash Cup são campeonatos que não são muito bons. Se eu tivesse que escolher, sozinho, eu escolheria não jogar, mas é uma escolha em time e tem que respeitar a opinião da maioria. Jogamos muitos mapas, é cansativo ir para o México toda hora, mas faz parte do nosso trabalho", completou.
Ainda de acordo com NEKIZ, as derrotas nos campeonatos citados - para a Strife na Cash Cup e para a Cloud9 na Brazy Party -, não afetaram o time.
"Nós nem lembramos dessas derrotas, para ser bem sincero. Não é que damos importância. Obviamente discutimos sobre o mapa depois que perdemos, mas vejo que o nosso objetivo é maior agora, alcançamos um nível. Não estou dizendo que a paiN é um time Tier-S, obviamente temos que chegar lá e caminhar muito para isso. Durante esse Major, talvez, a gente atinja esse patamar, mas vejo que temos que brigar contra times maiores", disse.
E o yuurih?
NEKIZ chamou a atenção na semana quando, em entrevista à HLTV, disse que Felipe "skullz" Medeiros, seu companheiro de time, é o segundo melhor jogador do Brasil. Muitos fãs acharam a declaração desrespeitosa com Yuri "yuurih" Santos, da FURIA, eleito o 19º melhor jogador do mundo no ano passado. NEKIZ manteve a opinião.
"Eu vejo ele jogando todos os dias. Eu vejo o potencial dele e, na minha opinião, ele ainda é o segundo melhor. O yuurih é muito bom, coloco ele como terceiro, com certeza, de fato. yuurih é espetacular nas ações, mas o skullz, na minha opinião, nas partidas contra times Tier-S, eu vi ele num nível espetacular. É por isso que eu coloco ele como top 2 e o KSCERATO, sem dúvida, no top 1. Na minha opinião. A opinião é para isso, e cada um pode dar a sua", finalizou.