Brasil x França: a diferença na postura dos países com os esports

O Major de Paris vai começar na próxima segunda-feira. O país-sede é a França, que não tem só visão, mas também política bem diferente em relação aos esportes eletrônicos em comparação ao Brasil, onde aconteceu o último mundial. Publicamente, o governo francês não só se mostrou a favor do desenvolvimento dos esports, como já tomou medidas para tal, como o reconhecimento da modalidade.

No Brasil alguns estados reconhecem os esports, mas o governo federal não. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recentemente se posicionou contra os jogos eletrônicos. A ministra do Esporte, Ana Moser, já disse que não acredita que os esportes eletrônicos realmente são esporte, mas recentemente se mostrou aberta a debater o tema.

Desejo realizado

Após ser reeleito em 2022, Emmanuel Macron, presidente da França, promoveu um evento em homenagem ao esporte eletrônico francês, em sua residência oficial. Macron convidou jogadores e personalidades francesas dos esports, e afirmou que desejava que a França sediasse eventos como o Major de CS:GO, o The International de Dota 2 e o Worlds de League of Legends.

O desejo de Macron não demorou a ser realizado, quando em setembro de 2022 a BLAST anunciou que o próximo Major de CS:GO seria em Paris, França. Após o anúncio o presidente francês publicou um vídeo no Twitter comentando sobre o mundial: "No próximo ano, em maio, em menos de dez meses, nosso país vai sediar um evento que comemorará dez anos: o BLAST.tv Paris Major de Counter-Strike, o primeiro Major organizado na França".

Políticas francesas em prol do esports

O governo francês reconheceu oficialmente em 2016 os como esporte nacional. Em janeiro deste ano, a França também criou um visto especial para os atletas de esportes eletrônicos. De acordo com a ministra do esporte francesa, Amélie Oudéa-Castéraesse, o visto servirá para auxiliar a contratação de estrangeiros por parte de equipes francesas.

E o Brasil?

O Brasil foi sede do último Major, que aconteceu no Rio de Janeiro em Novembro de 2022. Com o sucesso do evento ,que gerou US$ 40 milhões (cerca de R$ 197 milhões) para a economia local, a Intel trouxe mais uma Inter Extreme Masters para o país, com a IEM Rio em março deste ano. Apesar da grande adesão do público brasileiro, o governo não tem uma visão positiva sobre os esports.

Uma discussão sobre os esports esteve em pauta por cinco anos no Senado. A PLS 383/2017, que reconhecia os esports como esporte e também buscava regulamentar a modalidade, foi arquivada ao fim da legislatura, de acordo com o Regimento Interno do Plenário - isso acontece porque toda matéria em tramitação deve ser arquivada ao fim da legislatura (período de mandato).

Em abril de 2023, o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que os jogos “resultam nessa violência no meio de crianças". A fala do Lula aconteceu em um discurso sobre a segurança nas escolas após o atentado em uma creche em Blumenau, Santa Catarina.

Essa não foi a primeira vez que um político brasileiro criticou os jogos eletrônicos. Também em abril de 2023 o deputado Zé Trovão (PL-SC) pediu ao governo Lula a suspensão temporária dos jogos eletrônicos "que incitem ou estimulem comportamentos violentos" por 30 dias.

O BLAST.tv Paris Major começa na próxima segunda-feira. Fluxo, paiN e FURIA são os representantes do Brasil no último Major de CS:GO. O torneio começa com o challengers stage, onde 16 times vão se enfrentar no formato suiço e os oito melhores se classificam para o Legends stage.

O Legends está agendado para começar no dia 13 de maio, e os oito melhores desta fase vão para os playoffs, que terá a presença do público e acontecerá entre os dias 18 e 21 de maio. A premiação total do mundial é de US$ 1,25 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões).