venomzera é quarto entrevistado da série MIRA JOVEM

MIRA JOVEM: com a bênção do irmão, venomzera quer repetir feitos de coldzera

Em novo episódio da série da Dust2 Brasil, jovem da Paquetá falou sobre início da carreira, importância do irmão para se tornar jogador e sonhos que quer realizar no Counter-Strike

O sufixo -zera foi um dos responsáveis pelas maiores alegrias do Brasil no Counter-Strike: Global Offensive. A manutenção do legado se apresenta como uma árdua missão, mas a nova geração de jogadores do país conta com um candidato que já mostrou potencial para tal. Trata-se de Carlos "venomzera" Eduardo, que, inspirado no bicampeão mundial Marcelo "coldzera" David, vem brilhando nos servidores desde os 17 anos.

Se antigamente os jovens eram ensinados desde cedo a "chutar uma bola", venomzera aprendeu desde cedo a "trocar tiro" no Counter-Strike por influência do irmão mais velho em 14 anos. "Desde meus quatro anos meu irmão me colocava para jogar CS 1.6. Joguei diversos outros jogos também, como Need for Speed Underground 2 e Resident Evil 4. Diversos jogos me trouxeram para esse mundo gamer, mas aquele que eu mais gostei foi o CS. Sempre joguei o 1.6 e sempre gostei muito", revelou a joia da Paquetá à Dust2 Brasil.

A transição para o CS:GO foi tardia e aconteceu por acaso, somente em 2017, porque venomzera não sabia que existia a atual versã do FPS: "Até 2015 eu só jogava CS 1.6 e, depois, passei a conhecer outros jogos porque tive o meu computador e comecei a jogar Minecraft, alguns jogos de corrida. Diversos outros jogos. Não era tão focado no CS, o que só mudou em 2019".

O início no CS:GO foi "puro hobby" já que, segundo o próprio venomzera, "eu nunca cheguei a ter um objetivo em si. Jogava com meus amigos, fiz diversas amizades no match making (MM). Aí fui jogando, me apaixonando pelo jogo e chegou a pandemia, quando tive meu primeiro contato com o cenário".

" O Counter-Strike me ajudou bastante. Fiz diversas amizades, foi quando eu comecei a ter meus próprios times. Fui disputando a Liga Aberta, a Liga Amadora da Gamers Club".

venomzera é o quarto de doze entrevistados do MIRA JOVEM, uma série promovida pela Dust2 Brasil e a GG.BET que vai contar a história de seis promissores jogadores e jogadoras que estão construindo sua carreira no cenário nacional de Counter-Strike: Global Offensive.

Presente duplo de aniversário

A trajetória de venomzera no competitivo pode ser considerada meteórica. Já no primeiro ano de carreira, se destacando pela Bears Concept, o antigo Academy da Bears, o jovem e a equipe surpreenderam o cenário nacional com a classificação para o CBCS Retake Season 2, em 2021.

Tal classificação, inclusive, é considerada como um fato curioso pelo próprio jogador "porque eu conquistei a vaga um dia antes do meu aniversário. A classificação ocorreu no dia 18 de agosto e eu faço aniversário no dia 19. Foi o meu primeiro grande campeonato no Brasil. Nos classificamos, fiquei muito feliz nesse dia. Meu irmão ficou até de madrugada assistindo porque os jogos acabaram às 2h da manhã. Isso ficou marcado na minha memória.

"Jogamos o open qualify e nos classificamos. Conquistamos a vaga para o CBCS. Foi uma situação bizarra. eu senti como se fosse um presente. Meu presente de aniversário foi a classificação", completou.

A virada de chave na cabeça de venomzera sobre a carreira de jogador profissional de Counter-Strike aconteceu no ano passado, quando teve a oportunidade de competir fora do país ao jogar a WePlay Academy League Season 4 já pela Young Gods, o antigo time Academy da GODSENT: "Foi muito importante essa viagem porque aprendi diversas coisas dentro e fora do jogo. O RiVAS e o lineko eram os mais velhos e nos ajudavam com tudo. Ter jogado essa WePlay e ter desempenhado bem me ajudou bastante".

"No fim de 2021 recebi a proposta de jogar na Young Gods, quando o Snowzin veio falar comigo. Ele me chamou e eu aceitei de primeira porque eu já tinha jogado com ele na Bears Concept e percebi que ele era um moleque 'daora'. Gostei bastante da amizade dele. Ele é muito foda e eu agradeço pela oportunidade de jogar na GODSENT Academy. Passei metade do ano passado pela GODSENT e descobri que eu queria o CS na minha vida foi quando estávamos jogando a WePlay na Suécia. Tivemos uma conversa se o CS era o que nós realmente queríamos e foi lá que tive a confirmação", completou.

"Viajar para fora, jogar campeonatos, disputar contra os maiores times do mundo, foi quando percebi que o CS era aquilo que eu realmente queria e que seria meu futuro".

Mas, assim como diversos outros jovens que já se aventuraram ou estão buscando o próprio lugar no competitivo, venomzera precisou ter "aquela conversa" com os pais a fim de explicá-los que havia decidido seguir carreira nos esportes eletrônicos e não por uma profissão tradicional. A tarefa não foi difícil graças ao apoio que recebeu dos irmãos.

"Sobre meus pais, sempre tive total apoio. Depois do bootcamp que fiz no começo do ano, com a GODSENT principal e o time Academy, minha mãe não entendia muito, mas, graças ao meu irmão e minha irmã, foram lapidando a cabeça da minha mãe para ela poder entender. Depois que ela entendeu, foi tranquilo. Nessa viagem para a Suécia ela já entendia bastante, então foi mais tranquilo para ela aceitar do que quando eu precisei viajar para São Paulo, que é muito mais perto do que a Suécia", explicou.

venomzera garantiu que tem apoio total dos pais e da irmã na escolha que fez de competir nos esportes eletrônicos. Por conta disso, foi "mais tranquilo tomar essa decisão (de virar jogador profissional) porque eles confiam bastante em mim e todos sentem muito orgulho de mim. Depositam toda a confiança e, tanto eu, quanto eles, acreditamos que posso ter um futuro muito bom".

"O apoio dos pais e de toda família é a base de tudo. O que eu penso: 'se você não confia em você, ninguém vai confiar'. Você tem que mostrar confiança e falar 'é isso o que eu quero para mim, é o que vai ser para mim e é o que vou querer até o fim", completou.

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Outro obstáculo que venomzera precisou superar no início da carreira foi a escola. Quando começou a competir, o jovem ainda estava cursando o ensino médio. O jogador explicou que não teve problema graças a um "regime especial" que conseguiu junto ao colégio após explicar a rotina que estava seguindo como profissional de CS: "Eu fazia as coisas, ia nas aulas e, quando faltava, tinha a possibilidade de repor a matéria. Final de bimestre era muito corrido porque tinha que fazer muitos trabalho para poder recuperar nota por conta das faltas".

Passado a escola, venomzera, à princípio, não pensa no ensino superior. "Acabei a escola ano passado e tive a certeza que eu estava completamente para o CS. Era só o CS, que vai ser meu futuro e, atualmente, não penso em fazer algum curso, alguma faculdade. Eu penso só no CS mesmo porque é o que eu quero", garantiu.

As boas exibições pela GODSENT Academy foram determinantes para mais um salto na carreira: o convite para integrar o novo projeto da Paquetá. E foi defendendo a organização que carrega o nome do jogador de futebol brasileiro Lucas Paquetá que venomzera realizou mais um sonho no Counter-Strike, o de ter disputado uma seletiva presencial para o Major, quando jogou o RMR Americas do BLAST.tv Paris Major.

"Por mais que a gente tenha perdido para o Fluxo, saímos de cabeça levantada. Fiquei chateado por não ter conseguido a vaga porque eu queria muito, mas entendi que foi minha primeira LAN internacional e foi direto um RMR. Desempenhamos muito bem, o time foi muito bem. Diversas pessoas tinham uma certa visão sobre nós, que poderíamos ser eliminados nos dois primeiros jogos, mas saímos por cima. Com bastante dedicação e trabalho, o bootcamp que fizemos na Espanha foi muito importante. 'Grindamos' muito o jogo para conseguirmos essa vaga (no Major), mas, infelizmente, não deu", afirmou.

Honrando o irmão

Determinante para venomzera conhecer o Counter-Strike e decidir se tornar jogador profissional na modalidade, o irmão mais velho acabou morrendo em decorrência de uma pancreatite: "Meu irmão tinha 32 anos".

A perda do irmão, naturalmente difícil no início, se tornou um combustível para venomzera ir em busca da realização de um outro sonho, que é disputar um mundial. "Estou fazendo de tudo para realizar o meu sonho e o dele, que era me ver jogando Major. Desde que comecei na GODSENT Academy até na Paquetá, ele sempre falou para todo mundo que ia me ver jogando um Major, que eu ia realizar o sonho de jogar o Major. Infelizmente, não consegui agora. Tive a oportunidade, ma no CS 2 vou dar o meu máximo para conquistar a vaga, jogar o Major e realizar tanto o meu sonho, quanto o dele", revelou.

venomzera, inclusive, homenageou o irmão durante o RMR Americas para o Major de Paris ao carregar o nick dele na camisa da Paquetá junto com a data de nascimento."É a camisa que eu fiz pra ele. É até complicado de falar", disse ao aparece na transmissão de Alexandre "Gaules" Borba.

O jovem jogador disse que os primeiros dias sem a presença do irmão foram muito difíceis, bem como os primeiros campeonatos sem o apoio dele: "Foi muito difícil sair do quarto e não escutar um 'boa', um 'jogou muito' dele. Sempre quando acabava os jogos, tanto na vitória, quanto na derrota, ele sempre estava ali me apoiando, dizendo que eu joguei bem e, em caso de derrota, que foi no detalhe".

"Foi muito complicado no começo não sentir isso, mas, com o tempo, fui percebendo que, por mais que ele tenha partido, eu sei que ele está comigo em todos os momentos. Ele está me dando força para conseguir realizar meus sonhos. Depois que ele se foi, ficou muito mais difícil o sonho em si porque deu certo desanimo em não ter ele comigo. Era muito mais fácil com ele me apoiando. Ele fazia muito, direto me apoiava, me mandava energia positiva. Até quando estava no trabalho, assistia meus jogos. Foi muito complicado receber a notícia de que ele morreu".

Mas, para a sorte e o bem do jogador, venomzera contou com uma sólida e grande rede de apoio formada pelos próprios pais, irmã e amigos que conheciam o irmão falecido. "Eu tirei força daí. Todo o pessoal que conhecia ele me mandou mensagem de apoio. Durante o RMR, depois da entrevista para o Gaules, muita gente mandando energia positiva para mim, dizendo 'bora venom, vamos buscar essa vaga'. Depois desse RMR eu tive mais força ainda para buscar o meu sonho", revelou.

Legado do -zera

O expoente venomzera que fazer história no Counter-Strike assim como o ídolo coldzera e os demais brasileiros bicampeões mundiais: "Jogar, vencer um Major. Tenho diversos sonhos, mas o principal é fazer história igual as grandes lendas".

Em autoavaliação, o jogador disse que se vê em um bom momento já que "meu individual está bom, porém eu procuro melhorar cada vez mais, evoluir sempre". venomzera também acredita que a fase da Paquetá é boa já que "está todo mundo com um clima bom. Todo mundo é amigo. Eu conto a Paquetá como uma família. Todos estão sempre me ajudando com o que estou errando e apontando o que posso melhorar".

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