MIRA JOVEM: dividida entre o CS e a veterinária, bruna_killer quer botar W7M em outro patamar
Bruna "bruna_killer" Bonfati tem um começo de história com o CS:GO bem parecida com boa parte dos jogadores. O primeiro contato com os games se deu no console, com FIFA e Call of Duty e, posteriormente, foi vez do Battlefield e Paladins no computador. No entanto, quando conheceu o CS:GO, teve um empecilho pela frente.
Assim como acontece em muitas famílias, os irmãos têm somente um computador e precisam revezar. Além disso, a jovem não tinha sua própria conta e não podia jogar o MM na conta do irmão.
"Não tive experiência de jogar com meu irmão por ser só um computador, então ficávamos naquela briga. Eu jogava menos, porém ainda assim era melhor que ele, e meu primo até zoava ele. Jogava mais com meu primo e uns amigos dele", relembrou bruna_killer em entrevista à Dust2 Brasil.
O relacionamento com o primo foi essencial para a carreira da jogadora da W7M, desde o começo quando o competitivo ainda era desacreditado pelos seus pais, e até hoje - com o destino e o CS:GO podendo uni-los em breve.
"Agora o meu primo não está muito focado no CS porque está nos Estados Unidos, não conseguimos jogar juntos, mas até brinquei com ele que o qualify dá vaga pra Dallas e ele brincou comigo falando: 'Ganha essa vaga pra eu ir lá acompanhar você no presencial'. Ele me acompanha bastante".
bruna_killer é a segunda de doze entrevistados do MIRA JOVEM, uma série promovida pela Dust2 Brasil e a GG.BET que vai contar a história de seis promissores jogadores e jogadoras que estão construindo sua carreira no cenário nacional de Counter-Strike: Global Offensive.
Na conversa, bruna_killer relembrou os primeiros passos no CS:GO e a relação da família com o game, além de comentar o seu grande sonho jogo e a rotina na qual divide o tempo com a carreira profissional e a faculdade.
Enfim, um lobbyzinho
A decisão da Valve de deixar o CS:GO de graça, que foi muito questionada na época, viria a mudar a vida de bruna_killer. Foi em dezembro de 2018, quando o FPS ficou gratuito, que ela criou sua própria conta e passou a jogar o modo competitivo.
"Criei a minha conta em 2018 quando o CS ficou de graça. Comecei no CS no braço direito, corrida armada, depois criei uma conta para mim e passei a jogar GC", relembrou.
Foi aí que, pela primeira vez, o primo de Bruna foi essencial para que a jogadora se dedicasse cada vez mais ao game e visse o FPS como uma possível profissão no futuro.
"Eu gostava muito do jogo porém sempre foi muito casual. Não tinha experiência alguma em 5v5, porém jogava muito com meu primo e ele foi a primeira pessoa que me aconselhou a me dedicar. Foi a partir daí que comecei a pensar mais (em ser profissional)".
A boa relação entre Bruna e o primo ia além dos monitores e dos servidores do CS:GO. Nos almoços de família, o tema era a qualidade da jogadora.
Nada de "e os namoradinhos?"
O assunto na mesa da família de bruna_killer nos almoços aos domingos não era a vida amorosa da jovem, como é o clichê em alguns casos, mas sim o quanto ela mandava bem no FPS e como poderia ter uma carreira profissional.
"Minha família tinha um conhecimento raso (da minha habilidade) porque meu primo ficava brincando nos almoços em família que eu ia entrar no competitivo e entrar em algum time", comentou.
Embora o primo já avisasse, o conhecimento da família acerca do competitivo era pouco. A ficha só caiu quando ela recebeu a sua primeira proposta, que já foi a da W7M - sua casa até hoje.
"Meu pai não me deixava jogar e ficava bravo quando passava a madrugada jogando, dizia que não devia. Quando veio a proposta do Eudinho (W7M), foi aí que eles viram que era algo sério. Quando recebi a proposta, minha mãe caiu na real que recebia salário, já que ela assinou meu contrato porque era menor (de idade). Agora eles são de boa, acompanham todas partidas sempre que possível e ficam felizes quando dá tudo certo".
Em casa
bruna_killer agarrou a primeira oportunidade e não largou a W7M. Ainda com 17 anos, foi contratada em 2020 pela organização, e foi pelo time que teve seus primeiros contatos com a competição - tanto dentro quanto fora do CS.
"Eu não tinha nenhuma experiência competitiva quando entrei na W7M, foi assim que comecei a evoluir mais, principalmente com o Jorge, que era nosso coach, além das próprias meninas. Então foi mais difícil me acostumar com os níveis das partidas, porém quem me ajuda atualmente é o nax, nosso coach atual. Ele nos ajuda bastante, evoluí muito junto com ele", declarou Bruna.
Bruna conta que, nos primeiros meses da W7M, passou por um período de adaptação do psicológico, que não sabia lidar com a pressão. Atualmente, avalia que isso está bem mais fácil e é um reflexo do time como um todo, que está mais confiante com a qualidade tanto individual quanto coletivamente.
Essa confiança da W7M pode ser essencial para o time buscar uma das duas vagas ofertadas para a América do Sul e se classificar para a ESL Impact Dallas.
"A gente chega bem confiante, tanto eu quanto as meninas, pelo desempenho que viemos tendo nos treinos. Seria minha primeira viagem internacional, tirei o passaporte assim que o campeonato foi anunciado. A expectativa e a confiança está super alta, é um sonho jogar um mundial com elas. Acreditamos que podemos passar".
O novo time da W7M passou por uma reformulação recente, com a chegada de três novos nomes. Destes, duas jogadoras já disputaram um mundial, que são Beatriz "hera" Silva, ex-MIBR, e Mariana "mari" Preste, ex-FURIA. Bruna rasgou elogios à atual formação e celebrou a permanência na organização.
"É uma honra continuar aqui. Sempre que o Eudinho fala comigo que quer renovar o contrato, fico muito feliz porque é uma forma de ver que meu trabalho está sendo bom para a organização e para o time. Agora com a mari, hera, ju (ujliana), e continuando com a samys, temos muita experiência e é a melhor line que já joguei. Mesmo com a bokor na line passada, que era uma grande jogadora, e a yoda, acho que juntando as peças que temos atualmente é o melhor time individualmente que já participei", avaliou.
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Mundo na palma da mão
Enquanto ainda não disputou seu primeiro mundial e não estreou seu passaporte com os carimbos dos países em que passou, bruna_killer traça suas metas e trabalha para alcançá-las. A jogadora é enfática no seu objetivo para 2023.
"Espero estar no top 10 das melhores do ano e jogar um mundial. São metas que não quero perder para nada", disse bruna_killer.
O cenário nacional de CS:GO tem atraído a atenção das equipes internacionais, tendo em vista a ida de Josiane "josi" Izidorio para a BIG EQUIPA e de Olga Rodrigues para a HSG. bruna_killer não esconde que se interessaria pela oportunidade, porém quer levar a W7M para outro patamar.
"Quando comecei a pensar no CS, só pensava nos times nacionais como FURIA e BD. Agora que lançou o circuito mundial, que comecei a ter mais visibilidade de times como BIG, Nigma, G2... meu sonho seria ganhar um grande campeonato pela W7M, crescer como um time, ser um time forte e respeitado, conseguir essa fama pela W7M".
"Porém, acho que também não podemos ignorar as outras oportunidades. Não por agora, mas lá para frente ficaria muito feliz de ter a oportunidade e o reconhecimento dentro do jogo", continuou.
Os estudos não atrapalham o CS
Para atingir estas metas, bruna_killer tem sua rotina bem definida. Estudante de Medicina Veterinária, ela divide seu dia com os estudos para a faculdade e, claro, os estudos do CS:GO. Para ela, a faculdade não atrapalha os treinos, e sua prioridade está clara.
"Eu e a hera temos faculdades, então os treinos coletivos começam às 14h e acabam às 20h. Depois janto, tomo um banho e continuo no computador vendo demo ou jogando pug, no mínimo por mais umas duas horas. Normalmente preciso comer um pouco mais cedo, vou até meia-noite, mas às vezes extrapolo um pouco no horário".
"No ensino médio, quando tava terminando, foi mais de boa. Agora na faculdade é tranquilo porque faço de manhã, então não atrapalha os treinos, só quando tem algum trabalho. Aí acabo deixando de ver demo de lado, mas nada que atrapalhe porque dá para ver nos outros dias. Dá pra conciliar bem. Só o estágio, que não consigo fazer, porém pra mim é mais importante o CS do que o estágio agora", seguiu bruna_killer.
Por mais que se dedique à faculdade, bruna_killer tem a pretensão de seguir com o competitivo e fazer sua carreira profissional na frente da tela. O momento, com a disputa das vagas no mundial, lhe deixa ainda mais certa do que quer fazer.
"O CS é minha prioridade, principalmente pelos campeonatos que estão vindo aí. O time está muito focado, muito preparado para conseguirmos essas vagas ou posições legais nos campeonatos, então para mim o CS é mais importante agora".
Ela ainda encontra um tempinho para um aquecimento antes dos treinos, para chegar com a mira afiada. Bruna explicou como separa o coletivo e o individual.
"Divido meu treino em duas partes. Tem essa parte de ver demo, VOD, essas coisas. Mas no individual de mira mato 1000 no aim_botz porque acho o suficiente, daí já chego quente nos treinos. Também faço um treino de bomba e costumo ver três demos por semana no mínimo", seguiu bruna_killer.
Nada de outro FPS
A rotina de uma jogadora profissional exige uma dedicação diária e constante. Esse não é um problema para Bruna que, desde muito nova, vê que foi feita para o CS e celebra as oportunidades que o FPS da Valve lhe deu.
"Sempre vi de forma positiva (passar muito tempo no CS), não só pelo jogo mas também pelas experiências vividas. Conheci muita gente, convivi com muita gente e acabamos levando experiências para vidas. Sempre foi algo positivo para mim".
E o Valorant? Foi nos primeiros passos da sua carreira em que ela viu diversas jogadoras migrando para o FPS da Riot Games, como foi o caso de Pamella "pan" Shibuya e a sua atual companheira de time, Juliana "ujliana" Scaglioni.
"Desde que comecei a jogar CS, eu meio que não queria sair dele e é assim até hoje. Quando saiu o Valorant, até fiquei meio chocada pela quantidade de gente que migrou. Joguei no máximo duas partidas de Valorant e não me acostumei, não parecia que era para mim, muito difícil. O CS é meu jogo, gosto de pensar sobre e viver mesmo ele", finalizou.