"Estou mais estruturado do que muito player que tá no CS faz tempo", afirma Nicks
Em 2020, foi comum ver muitos jogadores trocando o CS:GO pelo VALORANT, mas Nicollas "Nicks" Polonio fez uma troca inusitada. O jogador deixou o Fortnite para passar a atuar no FPS da Valve, realizando um sonho de criança.
"Eu já tinha algo certo no Fortnite, tinha uma estrutura lá. É meio que largar tudo para viver um sonho que eu tinha desde moleque. Foi uma decisão difícil e ao mesmo tempo fácil porque eu já estava muito saturado, não curtia mais o jogo. Foi muito importante para eu seguir essa carreira de gamer e realizar mais sonhos", disse Nicks à Dust2 Brasil.
Embora Nicks só tenha anunciado em julho que pendurou o mouse no battle royale, o jogador já vinha treinando no CS "em sigilo" há alguns meses. Ele avalia que a grande dificuldade no Fortnite é a mecânica, enquanto o CS envolve muita tática.
Mesmo com as grandes diferenças entre os jogos, Nicks acredita que o Fortnite vai lhe ajudar bastante na sua carreira no CS:GO. Outro jogo que vai agregar é o Minecraft, declara o jogador.
"Eu sempre falo que a minha base foi perfeita. Eu peguei a mecânica do Minecraft porque era um jogo muito rápido e você tinha que fazer as coisas rápidas. No CS (enquanto jogador casual) peguei a mira. Cheguei no Fortnite, moleque novo, comecei a deitar em todo mundo e deu bom".
"O CS me ajudou muito dentro do Fortnite e acho que o Fortnite me deu muita maturidade para entrar no CS com muita cabeça, saber o passo a passo. Por mais que sejam jogos diferentes, sinto que mesmo eu sendo novo já estou mais estruturado do que muito player que tá no CS faz tempo. A cabeça é mais que tudo e a disciplina também é muito importante", continuou Nicks.
Em março, Nicks recebeu uma mensagem que qualquer jogador de CS no início de carreira iria amar receber. Depois de enfrentar os integrantes da Imperial em um lobby, Nicks foi elogiado por Gabriel "FalleN" Toledo.
"(O elogio) me animou demais. Joguei contra fnx, boltz, FalleN, VINI, o fer não estava, e receber um elogio do FalleN, que foi um ídolo meu de criança é muito importante. Deu um gás muito importante para decidir para onde eu queria ir".
"Eu assistia e gostava muito do TACO, da SK ele era meu preferido porque eu nunca fui de jogar de AWP. O FalleN era um espelho para quem eu queria ser nos esports, mas dentro de game era o TACO", completou Nicks.
Predestinado ao CS
A história de Nicks mostra que seu destino era o CS:GO. O jogo, lançado em 2012, foi seu primeiro contato com a competição eletrônica, quando ainda tinha nove anos de idade.
"Eu jogava CS e Minecraft, e meu tio jogava CS há bastante tempo. Eu e meu tio começamos a jogar juntos, fiquei bom para a minha idade e quando era moleque ia na casa dele, a gente montava o PC um do lado do outro e ficava jogando. Quando eu errava ele dava bronca, quando acertava a gente comemorava. Fui pegando essa competitividade desde moleque e fui aprendendo a aguentar pressão porque eu estava com meu tio, então eu tinha que jogar bem".
"Cheguei a pegar level 20 na GC com essa idade, mas eu nunca pensei em competir porque eu não podia fazer live ainda por conta da idade, meus pais não apoiavam na época, eu não pensava em competir. Não era um sonho real. Só se tornou um sonho real quando eu fui para um campeonato no Ibirapuera e até chorei quando a Immortals levou a virada. Lá, senti uma paixão imensa pelo CS e pelo competitivo de esports", lembrou.
Saturado do Fortnite, Nicks jogava CS para distrair a cabeça e não teve dificuldade alguma para decidir que iria migrar para o FPS da Valve.
"Já testei VALORANT, mas não curti muito o estilo do jogo. Eu cresci jogando CS, sou meio cabeça fechada. Acho o VALORANT um jogo muito da hora, mas não é meu estilo. A primeira decisão foi quando eu comecei a jogar a Série B, com uma rapaziada mais velha aqui da cidade, que é a cidade do FalleN e eles são amigos dele. Jogamos a Série B e no primeiro mês já me destaquei e fui invitado para um outro time, que era algo mais profissional".
Recomeço de carreira
Depois de jogar com os amigos do FalleN, Nicks se juntou ao time da SECRET. Com a nova equipe, o grande feito foi conseguir passar pela seletiva aberta e se classificar ao evento principal do KaBuM Challenge, no final de julho.
No evento principal, a SECRET não foi e perdeu para a Arctic por 16-6 e pro Corinthians por 2 a 0. Nicks avalia que as derrotas deixaram os pontos fracos da equipe expostos.
"Em questão de map pool, entrosamento, não estávamos tão bem preparados. Contra o Corinthians que rolou uma Nuke, nossos mapas eram Inferno e Dust2. Jogamos D2 contra a Arctic e uma Inferno contra o Corinthians e começamos a combinar quem iria em jogar em qual lugar cinco minutos antes da Nuke. A gente tava sem tática nenhuma. Acho até que a gente conseguiria ganhar aquela partida, estávamos muito bem, muito confiantes, tava 12-10 para a gente de TR, mas percebemos que nossas calls acabaram".
"Eu nunca joguei muito pug na Nuke, só ficava holdando rampa porque não precisa fazer muita granada, então foi uma experiência muito da hora. Chegar e um mês depois estar jogando com caras como shoowtime, DANOCO, que estão aí faz anos, motiva bastante mesmo perdendo. Só ter classificado para lá deu um grau de confiança muito alto para a gente", continuou Nicks.
Além de deixar a lineup mais confiante, ter se classificado para o campeonato deixou Nicks em evidência. O jogador revelou que recebeu duas propostas de times que estavam na Série A, mas preferiu não revelar quais foram.
"Uma organização me chamou para um teste e fecharam com outro player antes. A outra foi uma lineup que fui chamado e esse mês passaram para a Série A. Preferi segurar, ir com calma, porque a gente não pode se emocionar, mesmo estando no ápice da confiança depois de passar para o campeonato e ter enfrentado vários ídolos. Decidi manter o pé no chão porque vejo muito futuro na rapaziada que está comigo".
Busca de uma casa para o quinteto
Com o fim do contrato com a HeroBase, Nicks está liberado para procurar uma organização ao lado dos seus companheiros de equipe da SECRET. O jogador admite que queria continuar na sua antiga casa, mas não surgiu a oportunidade da Hero entrar no CS:GO.
"Eu e meu pai queríamos muito ficar na Hero, minha mãe também. Eu e minha família viramos família da Hero, temos uma ligação muito boa e é uma organização que eu nunca vou esquecer da minha vida. Eles fizeram parte da minha história no Fortnite, deram muitas oportunidades, se houvesse a chance (no CS) com certeza iríamos falar para fechar com os moleques, mas é muito difícil um time entrar assim no competitivo, com a rapaziada mais desconhecida. Infelizmente se encerrou esse ciclo com a Hero, mas vamos sair como família, sem briga alguma, só tenho a agradecer", declarou.
O desejo de assinar com uma organização vai além do apoio financeiro, mas também pela importância de contar com uma estrutura completa formada por treinador, analista e psicólogo. Todos esses aspectos são essenciais para a evolução da lineup, aponta Nicks.
Evoluir é algo que deve acompanhar Nicks, tendo em vista os objetivos do jogador. Com 16 anos, ele almeja inspirar outros jovens, mas também quer chegar em um mundial.
"Todo jogo que eu vou tenho vontade de ser o melhor, porém se eu servir de espelho para uma pessoa já vai ser satisfatório. Quero fazer uma trajetória como FalleN, fer e fnx fizeram. Quero estar lá, jogar um Major, vai ser histórico jogar dois mundiais de jogos diferentes e vou dar meu máximo para isso. A decisão de vir pro CS não foi tão difícil porque ainda sou muito jovem e pego as coisas com muita facilidade. Estou muito confiante e sei que se eu estiver ali, no meu 100%, vou conseguir isso com certeza", finalizou.