TACO: "Eu não quero ter férias, quero jogar, assistir demo"

A IEM Cologne terminou com um gostinho de quero mais para a 00Nation, que foi eliminada após derrota para a Liquid por 2 a 1. Apesar disso, Epitácio "TACO" de Melo, capitão do time, se mostrou satisfeito com o resultado alcançado no geral.

"Fica a tristeza por saber que poderíamos ter fechado a série com 2 a 0, mas isso é um bom sinal. Olho isso com positividade. Obviamente fica a frustração de saber que poderíamos estar na próxima md3, no próximo dia de campeonato, mas acho que o saldo acaba sendo positivo", disse TACO em entrevista à Dust2 Brasil.

"Não posso chegar aqui e falar que eu estou feliz, porque ninguém fica feliz por perder, e eu sou muito competitivo e gosto sempre de vencer. Mas, na nossa carreira é normal a gente passar por essas coisas. O time está no início, está num processo, na fase de crescimento", continuou.

De acordo com TACO, ao longo da série e da campanha na competição, 00Nation sentiu falta de repertório tático.

"Faltaram mais opções para gente, opções táticas, coisas que poderíamos ajustar com mais tempo de time, de treino, e não foi possível. O saldo é positivo, estou feliz com tudo que temos construído nesse início de projeto, mas estou bem motivado e confiante em relação ao futuro", completou.

Verdadeira verdade

A série entre 00Nation e Liquid foi uma verdadeira maratona, com quatro tempos extras divididos entre os dois primeiros mapas. Já não bastasse a duração maior que o esperado, a 00Nation foi prejudicada por outro problema: TACO acordou com uma inflamação nas amígdalas.

"Eu não gosto de dar desculpas, mas hoje eu acordei com amigdalite. Para mim, como capitão, que tem que falar mais que o normal, estava doloroso, incomodando, porque foram muitos rounds. Mas esse não foi nem de perto o motivo pelo que perdemos", disse TACO.

"Perdemos porque jogamos pior do que eles, é a verdadeira verdade. Em relação a Ancient, uma opção de pick, e tínhamos ciência que eles estavam esperando por esse pick. Decidimos pickar Overpass, a Ancient sobrou para o terceiro mapa, e sentimos que eles estavam bem preparados para jogar contra a nossa Ancient. Faltou um pouquinho mais de adaptação. Apesar de termos tentado adaptar as calls, as táticas que usamos ontem contra a FaZe, eles estavam bem mais preparados que a gente, jogaram muito melhor", explicou o jogador.

Para TACO, o map pool semelhante das duas equipes acabou complicando as opções que o time tinha na fase de vetos.

"Quando eu estava dando uma olhada na Liquid para estudar, eu percebi que o map pool não era tão favorável para a gente. Os mapas que a gente gosta são também mapas que eles gostam, então acabou que, por exemplo, a Ancient que poderia ter sido um pick nosso, já não virou mais opção, tivemos que ir para uma Overpass, que foi o pick deles contra a Spirit. Estávamos pickando um mapa que eles curtem jogar", disse.

"O map pool deu uma prejudicada, obviamente, com mais tempo, vamos melhorar nosso map pool e adicionar mais mapas na rotação. Fizemos uma boa Dust2 contra a Spirit nesse campeonato também, mas ainda falta um pouquinho mais de treino. Na época da GODSENT nós não estávamos jogando Dust2, então falta adicionar mais algumas coisas. Sem dúvidas, o map pool fez uma diferença hoje", completou.

Mentalidade campeã

Se o map pool ainda precisa de trabalho, a força mental parece o grande trunfo do time, que teve uma campanha marcada por recuperações. Na série deste sábado, a equipe perdeu por 11-4 na Overpass e conseguiu vencer o jogo na prorrogação. TACO atribui isso a frieza do time.

"Era uma característica nossa na GODSENT, éramos um time mais frio. Agora, junto com o try e o coldzera, que adiciona um pouco mais de explosão em relação a puxar o time mais pra cima, deixar a gente mais hypado, o que é algo positivo, porque não podemos 100% calmo e nem um time 100% hypado, temos que achar o balanço", afirmou.

"O jeito que jogamos, a calma, às vezes parece que temos cinco jogadores muito experientes jogando. Isso é uma característica de um time campeão, bom, forte. Estou muito feliz que consigamos dar comebacks, que não desistimos em nenhum momento do jogo, que não tem alguém desistindo no meio do mapa porque está jogando mal ou por alguma coisa do tipo, está todo mundo tentando até o fim, fazendo tudo que é necessário para o time sair com a vitória. Infelizmente, hoje não deu", completou o jogador.

Sem descanso

Se para os outros times brasileiros o "player's break" tem se mostrado muito necessário, a 00Nation não compartilha do mesmo sentimento. Recém formada e em seu momento de evolução, a equipe vai interromper sua rotina competitiva - bem, pelo menos parte dela.

"Eu não vou ter férias, essa é a verdade. Eu não quero ter férias. Eu quero jogar, assistir demo, melhorar, fazer nosso time ser melhor. Obviamente, vou chegar no México e não teremos uma rotina coletiva, mas vou ter minha rotina individual para fazer tudo que eu posso para que nosso segundo semestre comece forte, bem, com a gente lá em cima, que é onde acho que esse time pode chegar".

"É importante descansar, tirar a cabeça do jogo e da competição, todo mundo precisa desse, mas eu não quero fazer isso agora, é uma opção minha, não quero ter esse período off, para desligar do CS. Quero continuar trabalhando firme, com ritmo um pouco menos acelerado do que esse ritmo louco que vivemos no dia a dia de muito treino, bootcamp, vários mapas, conversas, várias coisas que você tem que resolver num time", completou.

A falta de descanso de TACO tem vários motivos, mas um deles é claro: ele quer conduzir a 00Nation ao IEM Rio Major, o próximo mundial de CS:GO, que será disputado no Rio de Janeiro em outubro. Para isso, TACO diz que dará seu "1000%".

"O major no Brasil é o objetivo de todo jogador brasileiro para o segundo semestre. Sabemos o quão difícil vai ser a competição para estar lá, sabemos o quanto vamos ter que trabalhar para classificar para esse campeonato. Vamos ter que começar de baixo, não temos vida fácil, não temos convites, vamos ter que jogar os open qualifys, online, um pouquinho da selva ali do CS", afirmou.

"Teremos que passar por isso, mas tendo essa ciência, sabemos que vamos ter a frente, fico um pouco mais tranquilo porque sei que os jogadores que estão comigo, o meu time, a organização, estão todos na mesma página, e todo mundo vai dar tudo de si, o máximo e mais um pouco, para que conseguimos nosso objetivo, que é classificar para o major no Rio", completou.

Bicampeão mundial e dono de outros 11 títulos internacionais, TACO afirmou que disputar um mundial no Brasil será o ponto mais alto de sua carreira.

"Vai ser um sonho para mim jogar lá no Rio de Janeiro, o ponto mais alto da minha carreira, e eu não quero de forma alguma deixar essa chance passar. Tenho certeza que meu time, a nossa organização, vai dar o máximo para que consigamos chegar lá", finalizou.