KSCERATO diz sentir "um pouco de burnout" e garante: "Ninguém está tretado"

A fase da FURIA pode ser ruim, mas Kaike "KSCERATO" Cerato garante que não há problemas no ambiente do time. Após conquistar a primeira vitória na IEM Cologne, o jogador reconheceu que a fase é ruim e a confiança está baixa, mas o clima segue o mesmo.

"Estamos todos juntos, quem acha isso (que o clima está ruim) está errado", disse KSCERATO em entrevista à Dust2 Brasil.

"Pode ser que aparente (que o time não está bem), mas na hora do servidor sempre fomos do mesmo jeito, conversando, vocês não veem muito a reação (de nós) comemorando rounds, mas sempre estamos conversando sobre o que fazer, mudança de pace", completou.

"Está normal, estamos trabalhando e conversando bastante. Ninguém está tretado, ninguém fica puto quando acaba o jogo, só sabemos que temos que trabalhar, que estamos numa fase ruim, só o tempo vai dizer e muito trabalho também", garantiu.

Treinando duro

KSCERATO contou que, depois de perder para a Astralis na estreia, a FURIA decidiu por voltar ao hotel e treinar os dois possíveis mapas do confronto contra a Outsiders no restante do dia.

"Depois da derrota de ontem nós conversamos, treinamos os mapas que iríamos jogar hoje. Estamos querendo bastante, estamos trabalhando para isso e a gente está num momento complicado, mas só trabalhando que conseguimos resolver isso", explicou.

"Acho que estamos precisando. Ficar fora do computador é ruim, estamos precisando jogar muito CS. A decisão foi do guerri e eu concordo com ela. Mesmo a gente jogando, não podemos ficar parados, deixar de pensar em CS, então treinamos ontem para arrumar as coisas e ver o que está dando certo e o que está dando errado", completou o jogador.

Agora, a FURIA espera pelo time que perder no confronto entre FaZe e Spirit para conhecer seu adversário no jogo eliminatório deste domingo, às 7h30. KSCERATO já garantiu, porém, que quer repetir a fórmula que funcionou no sábado.

"Acho que é só continuar com ritmo que colocamos nesse último jogo contra a Outsiders. Isso é o mais importante, (vamos) aproveitar um pouco agora e dar um alívio para cabeça. Vou ver com o guerri, mas quero treinar agora, porque acho que é bastante importante, e acho que é só mantendo o ritmo mesmo", afirmou.

Adversário conhecido

Rival no jogo de eliminação, a Outsiders tinha sido justamente a última equipe que havia perdido para a FURIA. O duelo é conhecido por, além de acontecer constantemente, ser um choque de estilos: enquanto os brasileiros são ultra agressivos, os russos têm a passividade como principal marca.

"Nós já jogamos bastante contra eles, então sabemos mais ou menos como é o pace deles. Conseguimos entender e modificar um pouco o nosso estilo de jogo. Conseguimos ler mais eles porque sempre jogamos bastante contra, assistimos bastante eles, é um time que temos uma leitura bem mais fácil do que de qualquer outro time", disse.

Mesmo assim, o confronto não foi fácil, especialmente no primeiro mapa, Inferno, vencido no aperto por 16-13. Para KSCERATO, todo mundo parece crescer quando enfrenta a FURIA.

"Eu tenho na cabeça que todo mundo contra nós vira o melhor do mundo. Todo mundo vira o s1mple, a bala pega mais, é incrível. Quando ganhamos o round nós comemoramos bastante, quando é um round apertado nós comemoramos, dá um alívio, porque sabemos a importância do round para a economia, estamos manejando melhor se temos que caçar os caras, não estamos jogando soltos, estamos pensando bastante na estratégia do fim do jogo, porque acho que a gente vai precisar", explicou.

A situação foi diferente na Vertigo, onde a FURIA conseguiu uma vitória bastante confortável. O mapa, de acordo com KSCERATO, é um porto seguro para o time.

"Esse mapa é muito importante para gente porque conseguimos entender muito de rotação, porque somos um time que roda bastante, então conseguimos entender a rotação dos caras e a cabeça deles. Temos uma leitura muito mais fácil desse mapa do que qualquer outro", afirmou.

Um pouco de burnout

Historicamente o principal jogador da FURIA, KSCERATO não tem vivido a melhor das fases - mesmo que seus números ainda estejam acima da média. Para o jogador, o problema é o mesmo que o time tem enfrentado coletivamente, a falta de confiança.

"Estou vindo de uma fase em que não estou muito confiante. Estou mudando muito de resolução, não estou tendo uma confiança muito boa. Nessa série eu consegui manejar e reverter isso, e acho que só o tempo (vai trazer melhora)", afirmou.

"Não sei o que está acontecendo, estou tentando ficar confiante mas acho que estou com um pouco de burnout, de ficar muito tempo fora, jogando muito campeonato, treinando muito. Infelizmente essa é a vida do brasileiro, não temos muitas opções além de (ter que) ficar longe da família. São muitos problemas que temos na cabeça, tentamos ignorar o máximo, deixar a cabeça só no jogo, mas às vezes é difícil. É a vida né, coisas acontecem, vem e vão", completou o jogador.

O cansaço tem sido evidente na maioria dos times brasileiros que, pela configuração pós-pandêmica do jogo, com os campeonatos acontecendo praticamente somente na Europa, afastando os jogadores de suas casas na maior parte do ano.

"Como neste ano os campeonatos presenciais voltaram, eram mais (campeonatos) online, falta pegar o ritmo. Os brasileiros precisam pegar esse ritmo e entender que essa é a vida. Meio que esquecemos por causa da pandemia", finalizou.