Atrasos, troféu "desaparecido" e quase fechamento do Maracanãnzinho: o que aconteceu no GET Rio
Após quatro dias do evento que comportou duas LANs, uma feminina e outra masculina, o Global Esports Tour (GET) Rio 2024 chegou ao fim com uma série de acontecimentos polêmicos.
Presente no evento, a Dust2 Brasil listou os principais acontecimentos do GET, desde os atrasos e adiamentos das partidas até o quase fechamento do Maracanãzinho antes do fim da Copa Rio.
O real motivo para o atraso do início do 1º dia
Como mostra a programação do GET Rio no site da Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE), o 1º dia do evento tinha início marcado para às 10h, mas isso não aconteceu. O real motivo do atraso era que o palco não estava 100% pronto.
Os documentos obtidos pela reportagem mostram que a montagem das estruturas começaram no dia 15 deste mês e a finalização marcada para às 23h59 do dia 17, o que acabou não acontecendo. Por conta disso, toda a equipe de produção precisou passar a madrugada no Maracanãzinho a fim de deixar tudo pronto para o início do GET Rio.
O palco não ficou pronto a tempo da abertura dos portões e início das partidas. Tal atraso de quase duas horas somado, longas séries e pauses durante o campeonato fizeram que as partidas fossem até tarde e algumas delas adiadas para o dia seguinte.
"As 18 horas de Le Rio"
A sexta-feira do GET Rio começou com o planejamento de seis md3 para o dia, além de um dos jogos adiados da quinta-feira que acabou sendo realizado online e no backstage. E, assim como o anterior, o 2º dia começou com atraso de 45 minutos. No palco, houve o problema técnico quanto a falta de som do jogo para o público no ginásio.
Mas não foi só por conta desse atraso inicial que o Dia 2 teve quase 20 horas "ininterruptas" de CS2. O tempo das séries foi maior que o previsto mais os intervalos longos entre as partidas pelo fato de alguns dos participantes, no backstage, estarem disputando o closed qualify para a Esports World Cup (EWC).
Por conta disso, com o objetivo que os jogos não varassem a madrugada, a produção planejou o adiamento de duas partidas: Imperial versus paiN pela final winner e MIBR contra OG pela semifinal lower. Destas, contudo, apenas a segunda foi repassada para o sábado.
Preparação raiz?
Em meio aos jogos de sexta, a FURIA passou por uma competição que não está acostumada a presenciar nas grandes LANs internacionais. Com poucas salas de treino (pracc rooms) montadas nos bastidores, e todas elas ocupadas no momento, a FURIA começou a preparação para enfrentar o MIBR no meio dos corredores do Maracanãzinho.
Quatro pracc rooms foram oferecidas aos 12 times participantes dos dois presenciais. Todas elas estavam ocupadas quando a FURIA iniciou a preparação para as quartas de final da lower. Nas salas estavam o próprio MIBR, a line feminina da organização, além de Imperial e paiN para a disputa da seletiva na EWC.
Com a necessidade da FURIA precisar da pracc room para se preparar, o MIBR feminino precisou sair da sala prometida a equipe e o time teve que desistir do último duelo válido pela ESL Impact League Season 5 sul-americana.
O quase W.O
Outro importante acontecimento do Dia 2 foi o quase W.O aplicado na paiN. Inicialmente, a equipe enfrentaria a Imperial às 17h30 de sexta-feira pela primeira vaga na grande final. Por conta dos atrasos sequencias, a organização chegou a avaliar o adiamento da md3 para sábado, o que foi rejeitado pela Imperial, com o time alegando falta de tempo hábil, já que tinha um voo para Europa às 20h25 do sábado e não teria tempo hábil para fazer até três séries no dia.
O fato fez com que a organização jogasse a md3 para o fim da noite, com previsão para acontecer antes das 2h da manhã. Isso dependeria do embate entre MIBR e paiN pela final da seletiva para EWC tendo em vista que, nos bastidores, a Imperial reforçou o desejo de não esperar caso o jogo fosse para o terceiro mapa do duelo, o que forçaria uma vitória por W.O. A postura da Imperial gerou um embate nas redes sociais, com Rodrigo "biguzera" Bittencourt reclamando da atitude do adversário.
Vinicius "VINI" Figueiredo, capitão da Imperial, respondeu biguzera, dizendo que as ações da Imperial em prol do W.O contra a paiN não foi pensado na maldade: "Fomos obrigados a esperar vocês jogarem desde a primeira derrota, por volta das 18h30, com o campeonato informando que todos os jogos aconteceriam no mesmo dia.
CEO da Imperial também veio a público falar sobre a situação. O executivo explicou que conversou com o diretor de FPS da paiN Bruno "ellllll" Ono.
"O que sei, é que o jogo estava marcado para às 2h de ontem e o que chegou para mim era que a organização queria adiar o nosso jogo para hoje, o que na nossa opinião, não seria justo porque além de estarmos esperando, era xeque-mate para nós já que com mais uma md3 no sábado seríamos obrigado a dar W.O, o que ainda é uma realidade", afirmou.
Princípio de briga
Imperial contra paiN, valendo a primeira vaga na grande final, não agitou a torcida por conta da md3 em si, mas também por um princípio de confusão com um suposto dedo no meio por parte de alguns torcedores da Imperial à família de Marcelo "nyezin" Ramos, que se encontrava na arquibancada.
Revoltado com o que considerou falta de respeito, o pai do jovem saiu de onde estava para confrontar os torcedores adversários. A movimentação ativou a segurança do Maracanãzinho, que agiu rapidamente não deixando a situação piorar.
Mas ainda dá arquibancada o pai de nye seguiu pedindo respeito aos torcedores da Imperial, que após a vitória provocou novamente o grupo da paiN.
Denúncia à polícia
O Dia 2 do GET Rio terminou com a reportagem presenciando uma moradora da região do Maracanã denunciando a barulheira no ginásio a polícia militar. A moradora frisou as autoridades a possibilidade da "bagunça" no sábado.
Final do GET ou Pro League?
Se a sexta-feira terminou com a possibilidade da paiN tomar W.O, o sábado começou com uma nova possível desistência, mas por parte da Imperial. Tudo por conta da viagem marcada da equipe para disputar a ESL Pro League Season 19.
Em contato com a reportagem, o manager Cleber "Ferrer" Ferreira informou que o voo do time estava marcado para às 20h25 da noite e que o time deveria embarcar para assim não sofrer punições por parte da ESL. "Se não conseguirmos voarmos hoje seremos eliminados da Pro League e não podemos permitir que isso aconteça. Estou trabalhando desde às 5h da manhã tentando outra alternativa que seja viável e com o aval da ESL", disse.
Apesar da aflição vivida, a Imperial se acertou com a ESL e conseguiu trocar as passagens do voo para assim tanto poder jogar a final do GET Rio, como se apresentar para a liga internacional.
Cadê o troféu que estava aqui?
Os atrasos já rotineiros também aconteceram no sábado, que teve como principal destaque o suposto desaparecimento do troféu do GET Rio após a paiN erguê-lo no palco.
O portal Game Arena reportou que a equipe campeã não deixou o Maracanãzinho com o troféu em mãos, fazendo com que a produção iniciasse uma site procura pelo item. Publicamente no X (antigo Twitter), os responsáveis pela GET Rio afirmaram que o troféu estava em posse da Global Esports Federation (GEF) para que fotos foram tiradas no dia seguinte ao título.
A reportagem apurou que quem estava cuidando do troféu para a foto do dia seguinte era Kevin Nutley, chefe de comunicações da GEF. A ideia da federação internacional era uma foto com time e a taça no Cristo Redentor. Na sequência o caneco foi entregue a equipe brasileira.
Copa Rio por pouco não aconteceu
A programação de domingo ficou por conta da Copa Rio, a LAN feminina, que correu risco de não acontecer.
A primeira md3 do campeonato, entre Fluxo e MIBR, tinha início previsto para às 10h. Mas nesse horário sequer a imprensa e o público podiam entrar na arena. O motivo do atraso foi a recusa de fornecedores seguirem trabalhando no evento sem receber a quantia final do acordado para os serviços.
Fontes próximas informaram a existência de um acordo entre CBGE e os prestadores de serviço para o pagamento de um sinal, referente a metade do valor total, antes do início do evento e o restante sendo pago depois. No início do domingo, luzes e telões permanecerem desligados.
Nos bastidores, Paulo Ribas, presidente da CBGE, se reuniu com representantes de Fluxo, FURIA, MIBR e W7M. Nesse encontro, Ribas tentou tirar da confederação a responsabilidade pela LAN feminina, dizendo que o evento havia sido uma ideia da Federação do Estado do Rio de Janeiro de Esportes Eletrônicos (FERJEE), que teve alguns de seus nomes conhecidos trabalhando na produção do evento, incluindo o presidente Cadu Albuquerque.
A reportagem teve acesso aos contratos firmados entre CBGE e as organização para a participação da Copa Rio e todos eles foram assinados por pelo presidente da confederação. Por ter integrantes contratados pela CBGE para fazer parte da equipe executiva, a FERJEE agiu em prol da realização da Copa Rio, Albuquerque dando a palavra aos fornecedores que o pagamento em aberto seria feito.
Campeonato sem final?
A falta de pagamento não foi o único risco de cancelamento sofrido pela Copa Rio. O acordo entre CBGE e o consórcio do Maracanã pelo aluguel do Maracanãzinho previa que a arena fosse entregue até às 18h30 do domingo, o que inviabilizaria a realização da grande final diante o atraso inicial dos jogos e os demais que ocorreram durante o campeonato feminino.
Os representantes do consórcio chegaram a ameaçar desligar todo o ginásio e a situação. Ribas teve que intervir diretamente com a administração das arenas. Porém, a questão foi resolvida com mais uma intervenção de Albuquerque junto de outros integrantes da produção. Com isso a Copa Rio conseguiu ser finalizada depois das 23h.