ESL foi criada em Colônia; conheça a história da organizadora
Em 2023, a ESL se prepara para mais uma edição de IEM Cologne que terá a Lanxess Arena lotada para os playoffs de um dos principais torneios de Counter-Strike. No entanto, há mais de duas décadas, foi na cidade alemã que surgiu a empresa organizadora do campeonato.
A ESL deu sequência ao Deutsche clanliga, liga alemã competitiva organizada por Jens Hilgers. No futuro, ele se juntou com Ralf Reichert e Jan-Phillipe Reining, que também eram ativos no ecossistema dos jogos.
Inspirado pelo Quake, o trio queria realizar pequenos campeonatos online. Em uma conversa, surgiu a ideia de se juntarem em Colônia por ter uma boa conexão e pessoas já engajadas nos jogos. Assim, foram à cidade e deram os primeiros passos com a organizadora.
Um dos fundadores da SK em 1997, que inicialmente seria um time somente para competir no Quake, Reichert deixou sua posição no quadro corporativo da BMW, onde trabalhava e era bem pago, para realizar presenciais.
"Nenhum evento era perfeito naquela época. Atrasos, problemas técnicos e problemas com a internet eram comuns. Você precisava ser um pouco louco e muito apaixonado para organizar esses eventos", lembra Reichert.
A parceria com um investidor de Berlim fez com que a empresa crescesse mais, porém o trio tinha um problema em mãos. Os co-fundadores receberam uma carta jurídica da ESPN porque a sigla era muito similar: na época, ESPL. No entanto, ESL também não agradava o trio por conta da pronuncia parecida com a palavra alemã Esel, que significa burro em português.
Enquanto os co-fundadores se preocupavam com a sigla, a quantidade de jogadores inscritos só aumentava.
"Queríamos ser a maior liga de videogame do mundo no planeta. Tínhamos a intenção de abranger desde os jogadores amadores aos jogadores profissionais, além de crescer horizontalmente geograficamente falando", disse Hilgers.
Ainda taxado como somente um "grupo de caras de Colônia com recursos finitos e sem experiência empresarial", o trio viu a oportunidade perfeita de se juntar com a Intel - marca de tecnologia que queria mostrar seus produtos para os gamers.
Vendo uma possível união de sucesso, as empresas marcaram uma reunião em Munique. Após três horas de atraso, os representantes da ESL chegaram ao encontro e, dali, começou oficialmente a união que segue vigente até o momento.
"Na ESL, a Intel encontrou um parceiro que já era bem reconhecido entre os possíveis consumidores que eles miravam com seus produtos de alta tecnologia da época. Já a ESL recebeu muito conhecimento de negócios e também um suporte financeiro", diz a ESL.
Depois de um segundo encontro, ESL e Intel chegaram em um acordo para fazerem o primeiro campeonato presencial após a união das marcas. O torneio aconteceu no Future Point Internetcafe, em Colônia.
Em setembro de 2000, a ESL usou sua credibilidade com os gamers e convidou 14 dos melhores times de Counter-Strike para competirem, além de centenas de fãs para assistirem. Já a Intel proveu 20 computadores com as melhores tecnologias da marca, o que custou cerca de US$ 80 mil (mais de R$ 379 mil na cotação atual).
O sucesso do primeiro campeonato após as marcas se unirem seguiu para as edições seguintes. Assim, Colônia entrou na rota dos gamers que queriam vivenciar um torneio em LAN e também conhecer os produtos recém-lançados da Intel.
Com o sucesso regional, as marcas agora queriam expandir e atingir o globo e alcançar outros países do continente europeu, que tinham uma comunidade engajada no ecossistema dos jogos. Assim nasceu a Intel Extreme Masters, que aconteceu em outras cidades com arenas maiores e premiações recorde.
A primeira IEM foi realizada em 2007 em Hanôver, também na Alemanha, durante a CeBIT, convenção de tecnologia que aconteceu em um local com capacidade total de mais de 5 mil pessoas.
O retorno positivo de todos os envolvidos nas IEM fizeram com que os campeonatos crescessem cada vez mais, aumentando o escopo das empresas, que queriam ir além das convenções.
A empresa seguiu realizando suas IEM em feiras de exposição. A casa da IEM Cologne era a gamescom, que acontecia na cidade.
Com a chegada do CS:GO, League of Legends e StarCraft II e Dota 2, a IEM implementou esses torneios ao circuito competitivo. Em 2010, o governo de Katowice, na Polônia, decidiu que a cidade precisava se conectar com a tecnologia - o que casou perfeitamente com a ideia da IEM.
Por mais que as empresas quisessem dar um passo em frente e irem além das convenções, tinham receio se conseguiriam encher a Spodek Arena somente com campeonatos de esports. Após muito hesitarem, decidiram se arriscar e em janeiro de 2013 fizeram a primeira IEM Katowice, com LoL e SC II.
O sucesso fez com que as dúvidas dos organizadores acabassem. Assim, a IEM Katowice ganhou o governo local e passou a realizar o campeonato anualmente na cidade polonesa.
Em 2014, a ESL realizou o primeiro Major em Cologne, porém ainda não aconteceu na Lanxess Arena. A Catedral do Counter-Strike recebeu seu primeiro torneio somente em 2015, em mais um Major, conquistado pela Fnatic.
No total, três Majors foram realizados em Cologne. O último foi em 2016, vencido pelos brasileiros da SK. No entanto, mesmo sem ser Major, a cidade segue recebendo o torneio anualmente.
Nove anos depois, a ESL tem a IEM Katowice e a IEM Cologne como seus principais campeonatos - junto dos Majors e a ESL Pro League. As cidades polonesa e alemã têm uma vaga fixa no calendário anual da organizadora.
Neste ano, FURIA e Imperial representam o Brasil na IEM Cologne. Ambas equipes venceram uma e perderam outra até o momento. Assim, entram no servidor nesta sexta-feira para jogarem a partida decisiva. O vencedor vai se classificar para a fase de grupos, enquanto quem perder será eliminado do torneio.