Por que times da "selva europeia" estão indo tão bem no Major?
O BLAST.tv Paris Major entrará para a história do Counter-Strike: Global Offensive não só por ser o último da modalidade, mas também pelas zebras. Dos oito times classificados aos playoffs, quatro - Into the Breach, Apeks, Monte e GamerLegion -, não têm estruturas milionárias, jogadores consagrados e nem vagas nos grandes campeonatos, e tem em comum a quantidade exagerada de mapas jogados na "selva europeia" nos últimos meses.
Direto do Major, a Dust2 Brasil conversou com jogadores desses times para entender porque as equipes consideradas "tier 2" são a grande sensação do último mundial da história.
Para Alex "Mauisnake" Ellenberg, um dos analistas da transmissão internacional, o sucesso desses times se dá, exatamente, por dois motivos: o formato de md1 e o estilo proativo.
"A md1 é mais favorável para times com map pools menores, porque você já fica seguro com três mapas, não precisa trabalhar em quatro. Você pode conseguir vitórias iniciais, mesmo contra times com um map pool maior que o seu. Eu olhei para os mapas de times como a Into the Breach, e eles jogaram seus mapas favoritos contra FaZe e ENCE, jogaram Vertigo e Inferno. Também ganharam a Vertigo contra a Fnatic na md3. Então, eles basicamente venceram em três mapas aqui", disse o comentarista - Gustavo "Juve" Alexandre, treinador da ITB, já havia alertado sobre o pequeno map pool da equipe.
Além disso, Mauisnake acredita que o estilo de jogo desses times é melhor do que os dos times do tier 1.
"O estilo que times como a ITB e outros tier 2 vêm jogando é melhor que times do tier 1. Ser mais proativo, tomar mais atitude, me lembra muito a Heroic. Eles talvez até tenham o pior poder de fogo entre os times tier 1, mas a razão para que eles sejam consistentes é que eles têm jogadores tier 1 com um estilo de jogo tier 2", disse.
"Eles são ativos e times como ITB, Apeks, GamerLegion, alguns times que causaram zebras, têm um estilo muito ativo", complementou.
Um verdadeiro veterano da selva europeia, Joey "CRUC1AL" Steusel, da ITB, concorda que a diferença atual é muito pequena e cita também a pressão em cima dos times de topo como um dos motivos dos resultados.
"Eu acho que a diferença entre tier 1 e tier 2 é muito pequena. Os times do tier 1 estão evoluindo todo dia, jogando sempre os campeonatos oficiais. Eles têm muita pressão sobre eles porque precisam performar, classificar, têm que fazer isso, fazer aquilo. E os times tier 1 jogam muitos torneios, então estão pegando fogo. Se um time tier 1 está dormindo, ele é atropelado. Eles precisam estar ligados para vencerem uma equipe tier 2, não podem estar dormindo", afirmou o holandês.
Damjan "kyxsan" Stoilkovski, da Apeks, não sabe muito bem explicar porque os níveis estão tão parecidos, mas acredita que a quantidade de mapas jogados faz a diferença.
"Não tenho certeza dos motivos, mas um deles pode ser que os times tier 2 jogam muitas partidas oficiais, trabalham muito e acho que isso ajuda muito. Os times de tier 1 jogam alguns torneios e às vezes não tem jogos oficiais por um mês e eu acho que isso é uma coisa ruim", explicou.
"Eu acho que é muito importante (jogar muitos mapas) porque jogar jogos oficiais é melhor do que somente treinar, é mais fácil de ver os erros que cometemos e é mais fácil de melhorar como um time. Acho que é uma das coisas mais importantes, e é o motivo de tantos times tier 2 estarem nos playoffs", completou.
O jogador, porém, não acredita que os times possam ser colocados na mesma caixa e tem estilos próprios.
"Acho que os times de tier 2 que se classificaram para o Major tem cada um o seu estilo de jogo, e isso ajuda muito contra time de tier 1, pois eles estão acostumados a jogar contra estilos específicos de jogo então quando enfrentam algo novo é difícil para eles.
O analista não consegue prever quando os times "grandes" vão conseguir se adaptar para evitar que o estilo de jogo dos menores siga prevalecendo.
"A não ser que você saiba todas as reações a cada time tier 2, eventualmente eles vão fazer uma jogada e você não saberá o que fazer. Em algumas maneiras, jogar ativamente é o meta atual. É difícil dizer onde isso será 'counterado' até as pessoas conseguirem fazer leituras do que está acontecendo na frente delas e achar formas de counterar", disse.
"A diferença está menor porque os times tier 2 acharam coisas eficientes que times do tier 1 ainda não acharam. Eles passaram por algumas dessas reações e aposto com você que é por isso que é esquisito quando você olha os resultados dos times tier 2. Eles estão jogando tanto contra outros times tier 2 que conhecem essas reações melhores que os times tier 1, e é por isso que é esquisito quando você vê um time tier 1 contra o tier 2. Você não sabe o que vai acontecer. É mais fácil prever quem vai sair vitorioso em jogos entre os dois times do tier 1. Dois times tier 2 são super próximos. São dois ecossistemas muito diferentes e eles têm essas chances como em um ciclo de Major".
Mauisnake também afirmou que hoje, mecanicamente falando, o nível individual dos jogadores está muito próximo, já que estamos quase no teto de habilidade.
"Acho que o pico de habilidade no CS está bem próximo para a maioria dos jogadores. Você não vai ver muitas pessoas, como Cypher, e dizer que as mecânicas deles são muito piores que as do k0nfig. Se você só ver os duelos de mira nos mapas, um atrás do outro, provavelmente vai ter o k0nfig vencendo 57% e o Cypher 43%, senão até mais perto do que isso, talvez o Cypher até vença, dependendo da situação", finalizou.
Agora, o choque de estilos chegará ao grande palco a partir desta quinta-feira. Os jogos das quartas de final começam às 10h sem a presença das zebras, que entram pela primeira vez no servidor às 14h, com a Into the Breach enfrentando a Vitality.