bleh na transmissão da IEM Katowice

Analista explica evolução da IHC, algoz do Brasil na IEM Katowice

Sudhen "bleh" Wahengbam analisou campanha do time mongol, que eliminou paiN e FURIA

O Brasil teve uma pedra no sapato na fase de entrada da IEM Katowice: a iHC. O time da Mongólia venceu a paiN e a FURIA, eliminando a dupla brasileira. Assim, avançou de fase e conquistou a classificação para a fase de grupos.

Em entrevista à Dust2 Brasil, Sudhen "bleh" Wahengbam comentou a boa performance da IHC no campeonato. O analista indiano, que acompanha a equipe mais de perto por conta da proximidade de regiões, avaliou o ponto alto da equipe e indicou a metodologia de jogo como um dos principais motivos para o sucesso recente.

"O que eu gosto da IHC é que eles veem o jogo de forma metódica. Nem todo round precisa ser jogado rápido. Eles têm a mira, porém eles almejam ter um jogo estruturado. Quando as coisas apertam, por exemplo contra a FURIA quando os brasileiros estavam jogando sem respeito, indo pra cima, eles mudaram e jogaram a partida da FURIA contra eles. A IHC pareceu mais FURIA do que a própria FURIA. É muito importante essa questão de conseguir mudar o estilo de jogo para algo mais agressivo ou mais metódico", disse bleh.

A Mongólia é um país da Ásia Oriental e, assim, os jogadores do país têm dificuldade para treinar. bleh explicou que, para os mongóis, jogar contra times da própria Ásia Central é difícil por conta do ping e, normalmente, os treinos não são bons. Assim, a iHC opta por treinar contra equipes da Europa mesmo com 130 de ping.

A melhor oportunidade para a IHC treinar é quando está nos grandes campeonatos. O time aproveita a oportunidade de já estar no país europeu e assim utiliza o tempo para praticar contra equipes melhores. Esse tem sido um ponto essencial para o crescimento do time, que tem formado uma filosofia de jogo interessante.

"No passado, muitos times asiáticos tinham boas execs, porém eles optavam por jogar de maneira rápida e não tinham uma ideia do que fazer depois disso. Portanto, essas equipes entravam em pane. Contra a IHC, mesmo quando eles enfrentam agressividades como a da FURIA e eles perderem jogadores cedo, ainda conseguem manter a compostura e diminuir a velocidade do round. É um time que eu sou muito otimista e quero ver o que eles conseguem até junho ou julho deste ano", declarou.

A confiança de bleh sobre a equipe não é ilusão, como o próprio analista diz. O indiano acredita em uma vitória da IHC agora na fase de grupos, porém sabe que uma classificação para os playoffs é difícil. No entanto, seu otimismo ultrapassa o servidor. bleh acredita que a IHC pode ajudar a reviver o cenário asiático e traça um paralelo com os feitos de Gabriel "FalleN" Toledo e companhia no passado.

"Essas vitórias permitem o time a começar a sonhar que eles podem ir mais longe. Lembra dos times brasileiros antigamente, quando FalleN e companhia eram só crianças, iam para os campeonatos, eram amassados e voltavam para casa. No entanto, uma vez, eles ficaram perto de vencer um time grande e perceberam que conseguiam. Assim eles deixaram um grande legado e isso aqueceu o cenário brasileiro. Esse evento não foi o melhor para o Brasil, mas ainda há muitos times na região com muito talento que podem competir".

"A região precisa dessa chama, e a IHC vem fazendo isso. Se eles conquistarem mais um upset, talvez até aqui ou na Pro League, o céu será o limite para eles. Se essa chama inspirar mais gente a jogar e ajudar o cenário asiático, que está se desfazendo agora, eles terão feito mais do que poderia pedir. Eu não esperava uma boa performance como essa, porém é possível ver o tanto de esforço que eles põem nos treinos e nos jogos. Estou muito orgulhoso", continuou.

bleh, peacemaker e outros casters assistem jogo da iHC

O Brasil chegou ao seu auge no CS:GO em 2016 e 2017, período no qual venceu dois Majors e outros oito campeonatos. Um deles foi a ESL Pro League S6 Finals, realizada em dezembro de 2017, último grande torneio vencido por uma equipe brasileira. bleh acredita que falta uma 'panela' de jogadores e também avaliou a FURIA.

"O Brasil tem muitos talentos individuais, e tem o KSCERATO que é ridículo. Sinto que ainda não aconteceu de todas as peças certas estarem no mesmo time ainda. E isso é uma pena. Eu olho para a FURIA como exemplo, semifinalista de Major. Gosto deles como um time, mas individualmente vejo KSCERATO e yuurih sendo bem sólidos. saffee também tem ido bem, porém tenho pontos de interrogações na cabeça sobre arT e drop".

"O drop eu acho que tem outros jogadores em time do Brasil que poderiam substituí-lo e ir melhor, e pro arT o mais frustrante é que ele é inteligente, conhece o Counter-Strike, no entanto sua abordagem não é sustentável e já dura muito tempo. Quando ele vai perceber que o estilo de CS que o time vem jogando... se der uma chance para mudar, jogar um pouco de forma menos FURIA, vai que funciona", continuou.

O analista seguiu no seu pensamento acerca de como é essencial para os times brasileiros conseguirem juntar as melhores peças em uma só lineup.

"Tem torneios que a FURIA vai super bem, porém em outros perdem para times desconhecidos. Esse é o problema principal da FURIA e de outros times, caso da paiN, 00Nation, MIBR e outros que estou esquecendo. Todos esses têm uns três jogadores absurdos, mas como um todo parece que não funcionam. Sinto que falta achar a mistura perfeita, juntando os elementos certos. Creio que dá para formar dois ou três times muito bons. Não é falta de talentos, porém falta de juntá-los", finalizou.

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