Sócios revelam planos da Los + oNe e avaliam organização em até 190 milhões
O equilíbrio entre sucesso dentro e fora do servidor. É isso que as diretorias de Los Grandes e Team oNe buscam ao concluir a junção das duas organizações, com a gigante do Free Fire adquirindo os Golden Boys. Referência em criação de conteúdo e comunidade, a Onda Laranja identificou uma falha em sua estratégia competitiva.
"Nosso próximo passo, falando de Los Grandes, era a consolidação no cenário internacional, trazer alguém com experiência no competitivo que é uma área da Los que está deixando a desejar", afirmou Rodrigo Terron, um dos sócios da Los + oNe.
"Eu tenho experiência de business, El Gato vem muito com a formação de comunidade, criação de conteúdo, marca, e faltava um terceiro pilar dentro do competitivo", completou.
Terron revelou que a ideia era usar o restante do ano para traçar as estratégias e resolver a burocracia da junção, mas a classificação da Team oNe para o RMR americano do IEM Rio Major acelerou o processo. E assim, mesmo com algumas questões indefinidas, a compra foi concluída e o "casamento" anunciado.
"Nesse momento, estamos anunciando que casamos, mas ainda estamos vendo em qual casa vamos morar, como vai ser, qual a decoração, etc. Isso deve perdurar até o começo do ano que vem, só que já estamos juntos e não queríamos esperar para dar a notícia", explicou Terron.
Uma união embrasante
Com as duas organizações no mercado buscando por parceiros, um elemento em comum tratou de juntá-las: Pedro Oliveira, sócio fundador da Outfield Company, empresa que investe na Team oNe e é consultor da Los Grandes. Há cerca de três meses, Oliveira deu a ideia de uma junção e, nas últimas semanas, o negócio aconteceu.
"Por conhecer bem os dois negócios, o Pedro viu que tínhamos uma sinergia para explorar e quando sentamos para conversar vimos que realmente tinha uma sinergia bem grande", disse Terron.
Agora, as empresas correm nos bastidores para concluir os trâmites jurídicos e contábeis, que envolvem empresas nos Estados Unidos e no Brasil. Por conta disso, Los Grandes e Team One vão continuar coexistindo ao menos até o final do ano, mas já compartilhando algumas iniciativas, como o RMR.
"(A ideia é) aproveitar o espaço de mídia que o RMR traz para essa junção", afirmou Alexandre "kakavel" Peres, fundador da Team oNe e outro dos mandatários da Los + oNe.
"É algo mais simbólico, mostrando que a partir daqui Team One e Los Grandes estão juntos. A partir da classificação tivemos pouco tempo hábil, então Los + oNe não é um nome de marca, é só para passar uma mensagem de que a partir de agora estamos andando juntos", disse Terron.
kakavel explica que tudo do para o RMR foi feito em pouquíssimo tempo.
"Eu tinha dois dias para mandar o sticker, nome, todas as coisas. Como estávamos no meio do processo, eu falei pro Terron para aproveitar o espaço de mídia e publicar algo que mostre essa união e que fique claro pro público que estamos nos unindo", disse.
"Vamos para o RMR uma camiseta collab que fizemos, já vai ter Los Grandes junto, mas vamos fazer um trabalho com calma. Criamos essa logo collab por conta desse timing do sticker, mas que a gente possa usar para simbolizar a collab não só pro CS. O RMR é um evento extremamente relevante, mas já estamos olhando para essa união em todas as modalidades", completou Terron.
"Nesse primeiro momento vamos com a Team One embrasada. A logo é a logo da Team One embrasada com as chamas da Los Grandes. A Team One vem como Super Saiyajin para os próximos torneios com essa junção com a Los", brincou kakavel.
L O S
Esse processo mais demorado, inclusive, deve ter participação ativa das torcidas que apoiam as organizações.
"Queremos envolver mais a comunidade, ter mais participação do público. Do lado da Team One, entendemos que a comunidade da Los é muito ligada à marca, então não dava para soltar uma nova marca por ora. Então queremos que a comunidade participe com a gente dessas tomadas de decisões que vão acontecer de agora em diante", disse kakavel.
"Seria irresponsável tomar uma decisão de marca tão rápido, sem envolver as comunidades e sem entender o impacto disso. Nosso objetivo central por ora é anunciar o casamento das organizações", completou Terron.
A tendência, porém, é que as duas marcas "virem uma coisa só". De acordo com kakavel, é difícil trabalhar com duas marcas em paralelo e o desejo é mostrar essa união. O veterano do CS também deu um spoiler do que pode vir por aí.
"Tenho discutido com o Terron de virarmos apenas LOS, com a Los Grandes no 'L', One no 'O' e sports no 'S'. Até porque não queremos ficar apenas dentro dos esportes eletrônicos, mas trabalhar toda a parte esportiva, como a Los Grandes já faz com o skate", afirmou.
"A ideia é construirmos algo para esse lado, mas não podemos ser irresponsáveis e achar que nossas criações nos bastidores vão ter uma boa aceitação tão rápida. O que vamos vender nesse momento é que Team One é Los Grandes e Los Grandes é Team One. A nova logo que criamos pro RMR vai mostrar bastante isso e se for muito bem aceito é bastante possível que já sigamos nesse caminho", disse completou kakavel.
De acordo com Terron, ter um nome composto "dá muito trabalho".
"Quando falamos paiN, FURIA, LOUD, Fluxo, soa melhor. Então muitas pessoas já falam Los se referindo à Los Grandes, mas não queremos fazer uma transição que gere qualquer tipo de trauma. Então, para a torcida, segue e vamos sentindo, deixando eles se sentirem parte da decisão. Naturalmente, em algum momento, mostraremos o que saiu", disse o diretor.
A junção de milhões
Tanto Kakavel quanto Terron afirmaram que a recepção do mercado ao negócio foi boa, com organizações como LOUD e FURIA, consultadas nos bastidores, entendendo que a movimentação é positiva. Os valores do negócio, porém, serão mantidos em sigilo.
"A gente olhou o potencial de geração de caixa das duas empresas, os ativos que existem. Do nosso lado tem o CBLOL, construção de marca e comunidade. Já do lado da Team One tem o ativo da loja física, presença internacional", explicou.
Apesar da dupla não explicar a divisão societária ou o quanto foi desembolsado para que a junção acontecesse, Terron diz que o casamento tem cifras que superam a centena de milhões de reais, podendo chegar até R$ 190 milhões.
"Fizemos um trabalho bem intenso de precificação desses ativos e hoje olhamos para um resultado que é a criação de uma organização que avaliamos que está estimada em 25 a 35 milhões de dólares", afirmou.
Um time lá, um cá
Planejamento, burocracia, dinheiro… mas é o CS? Com um time na América do Norte e dois times na América do Sul, a organização tem opções de sobra para montar um plantel recheado. Em primeiro momento, nada muda: a até então Team oNe segue competindo na América do Norte, a Los Grandes Academy joga no Brasil e o time principal da Los Grandes, atualmente reduzido a Dener "KHTEX" Barchfield e Bruno "shz" Martinelli, deve permanecer inativo até o final do ano, com a dupla "participando de outras atividades".
"Como estávamos nesse movimento, nós seguramos um pouco essa decisão e provavelmente agora a gente efetivamente não traga outros jogadores. Estamos com eles dois (KHTEX e shz) e devemos usá-los para potencializar o time Brasil ou até para alguma eventual necessidade na Team One", afirmou Terron.
"A gente enxerga tanto o KHTEX quanto o shz como peças interessantes para o nosso projeto. Não sabemos o dia de amanhã e ambos têm condições de estarem jogando em alto nível", afirmou kakavel, que ressaltou que o time não pretende fazer mudanças.
Para o ano que vem, a ideia é que o time de Pedro "Maluk3" Campos siga representando a organização nas competições internacionais, e uma nova equipe, que pode ser construída a partir de KHTEX, shz e os jogadores do time academy, jogue os torneios no Brasil. O empresário, inclusive, destacou que a fusão vai ajudá-lo a realizar o sonho de fomentar novos talentos.
"(É um sonho) termos um time competitivo no Brasil dando oportunidade para esse pessoal. Criamos uma grande força lá atrás e tentamos, mas não conseguimos por falta de estrutura. Agora, com a junção, temos essa estrutura e vamos sempre ter um time aqui fora jogando as grandes ligas", disse kakavel.
"Quantos bartin, trk, malbs, nós temos no Brasil e na América Latina como um todo e não têm oportunidade por falta de condição de internet, por estar fora do centro? Estou dando exemplos de três atletas que revelamos na Team One e são todos três que ainda não tinham aparecido pro mercado porque não tinham condições. Um estava no interior de Goiás sem internet, outro no interior da Bahia sem computador e sem internet, e o outro na Guatemala completamente fora do circuito. Então, quantos desses existem tanto na nossa região quanto na América Latina que podemos revelar com um projeto desse tipo? E não limito só ao Brasil. Por que não ter um projeto de base na Colômbia, no Peru, na Guatemala?", indagou.
Tanto kakavel quanto Terron se mostraram cientes da limitação competitiva que as duas equipes trazem, mas se mostraram tranquilos.
"O grande choque é unicamente o circuito do Major, que não poderíamos jogar com o mesmo time. Mas o circuito do Major são dois torneios anuais que acontecem por 30 dias", disse kakavel.
"Eu sinto que no próximo ano vai começar a surgir uma série de eventos e iniciativas brasileiras. Tem muitos eventos que a Team One participa que não tem nada de Brasil, então talvez a gente precise escolher por um time ou outro quem vai nos representar em alguns eventos, mas isso não seria um problema. O ponto principal de ter um bom time no Brasil é ter talentos aqui dentro e gerar mais oportunidades, subindo a barra do CS nacional da mesma forma que queremos fazer isso lá fora", completou Terron.
Outro objetivo dentro do jogo, também, é avançar em parcerias com a ESL e a BLAST, conseguindo o status de time parceiro.
"A Team One aplicou pro Louvre Agreement e passou por duas etapas, caímos na terceira. Foram mais de 100 aplicações e caímos quando estavam só 10 times. E uma das coisas que nos deixou de fora é a força de torcida. Com a junção da Los Grandes nós trazemos isso. Não só a força da torcida, mas também um grande poder de monetizar patrocínios. Ganhamos muita força e é algo que a gente vê como futuro, temos que buscar essas parcerias e entender quando ESL e BLAST vão abrir novas vagas para que a gente possa aplicar", afirmou kakavel.
Olho na liga
O que Terron chama de sentimento tem nome, é a movimentação de grandes times brasileiros para passar mais tempo no Brasil no ano que vem. kakavel se apresenta como um dos líderes deste movimento, mas ainda o vê cercado de incertezas.
"Eu fui pioneiro junto com o dead na ideia dessa liga para ter algo no Brasil porque o cenário norte-americano está muito difícil em relação ao treino para os times. Tínhamos obrigações de ficar de três a quatro meses nos Estados Unidos a cada semestre sem ter qualidade de treino", explicou.
kakavel ainda contou que, como muitos times brasileiros têm se dividido entre Estados Unidos e principalmente Europa, a ideia inicial era de ter uma liga mais longa, mas ela foi substituída por campeonatos de final de temporada, assim como dead já tinha revelado ao site.
"Eu ainda acredito nessa liga, mas de uma forma que aconteça uma vez durante o ano. Quem não for parceiro da liga se classifica para disputar e os parceiros já serão automaticamente convidados como acontecem nos grandes campeonatos da ESL", afirmou kakavel.
"Já temos vagas específicas cedidas pela ESL para a gente colocar nesse campeonato. Se acontecer vamos ficar nos Estados Unidos e Europa para jogar as grandes ligas e iríamos para o Brasil pré férias para jogar essa liga", contou.
"Mas não é algo certo ainda, está se discutindo e nem sei se vai acontecer pela forma que as empresas têm enxergado. O principal motivo que tem dificultado é a pontuação de ranking já que as pontuações de ranking no Brasil são muito aquém dos campeonatos fora", completou.
Os mais barulhentos
Enquanto os finalmentes são decididos nos bastidores, o time se prepara para encarar pedreiras em Estocolmo, na Suécia, na briga por uma vaga no IEM Rio Major. kakavel, que está ao lado dos jogadores na capital sueca, sabe que a missão não será fácil.
"Estamos com uma preparação boa, o time está mentalmente forte, foi para a Europa treinar, já está lá há três dias. Vamos fazer um trabalho mental muito forte e acredito que a força da torcida da Los Grandes vai fazer uma diferença bem legal e vamos nos classificar com o apoio deles", disse.
Terron endossou o coro e aproveitou para cutucar os rivais.
"Eu e o El Gato estivemos com os jogadores antes deles embarcarem e eles estão muito motivados, viram o movimento como algo muito legal. Para a gente, estar no RMR já é algo gigantesco, indo pro Major vamos derrubar o Twitter", afirmou.
"Nossa torcida é menor que a da LOUD, mas faz mais barulho. Fomos para o CS porque precisávamos ir para um lugar em que não tem a LOUD pra gente bater de frente (risos)", brincou.
"Hoje não tem outra torcida que se compare com a da Los Grandes no CS em termos de fazer barulho. A gente vai conseguir fazer um barulho bem legal, colocar o RMR em evidência e deixar o time jogando com bastante visibilidade", completou.
kakavel aproveitou para cutucar outro rival da organização.
"O RMR vai ser um grande espaço para anunciarmos a parceria, mas o que o mundo quer ver é (ESL Challenger) Rotterdam. O Fluxo contra essa nova parceria", finalizou.