nqz em entrevista à Dust2 Brasil

nqz se vê na história da 9z caso se classifique para Major no Brasil

Jogador avaliou trajetória no CS:GO, campanha na classificação para o RMR e chances de chegar ao mundial

Não é incomum vermos na América do Sul equipes compostas por jogadores de diferentes países da região, incluindo o Brasil. É o caso da 9z, na qual Lucas "nqz" Soares se vê entrando para a história caso se classifique para o IEM Rio Major.

"9z é o principal time da região que envolve Argentina, Chile e Uruguai. Então, realmente acho que marcaria, sim, porque a classificação para o último Major já foi histórica, só que o pessoal não se contenta e nem nós. Queremos realmente jogar outro Major. Classificar com um time de outro país e poder jogar um Major no meu seria cabuloso", afirmou o brasileiro em entrevista à Dust2 Brasil.

nqz ingressou na 9z em junho deste ano com a missão de ser o substituto de Luca "Luken" Nadotti e Santino "try" Rigal, dois AWP que marcaram época pelos Violetas. Maduro, o brasileiro disse que, desde que entrou no time, "sempre soube que o que o try fez aqui foi do caralho, é uma parada que tem que ser respeitada", mas "eu não estou aqui para ser melhor que o try, não estou aqui para me comparar. Eu quero marcar como foi a passagem do nqz pela try".

"O cara realmente foi um ídolo para a organização. As maiores conquistas foram com o try, tirando a ida para o Major. É um cara que eu respeito. Mesma coisa com o Luken, outro jogador foda. Não gosto de me comparar porque eu acho que, pelo menos para mim, não é uma comparação saudável", opinou.

Melhor decisão da carreira

No Counter-Strike: Global Offensive, assim como em outras modalidades, jovens jogadores precisam tomar importantes decisões para o restante da carreira. Não foi diferente com nqz, que, por vontade própria, decidiu deixar de ser rifler para se tornar AWPer de ofício.

"Foi a decisão mais certa que eu fiz, com 16 anos", apontou.

"Eu realmente me encontrei na função. Tenho muito gosto de fazer e não tem muito mais o que falar. Não vou dizer que sou realizado porque ainda tenho vontade de conquistar mais coisas, de chegar em outros patamares que já cheguei com a AWP. A caminhada até aqui foi bem boa", avaliou.

nqz faz parte da nova geração do CS:GO e, em quase três anos de carreira, foi capaz de mostrar o mundo incrível habilidade com a AWP a ponto de, para muitos, o jovem ser um dos que têm potencial de "substituir" Gabriel "FalleN" Toledo como o principal AWPer do país. Tal opinião deixa o jovem "muito feliz porque qualquer AWP gosta de ser comparado com o FalleN. Falta muito, mais é daora. É aquele clichê: 'trabalhando para que, realmente, isso possa acontecer. O FalleN é inspiração para todo mundo, não só brasileiros".

Falando em FalleN, nqz disse que enfrentar o veterano da Imperial "representaria uma realização porque eu nunca tive chance de enfrentá-lo em um campeonato, só em treino. É um cara que eu admiro muito. Então, ter essa chance de jogar contra ele, num presencial, num campeonato valendo vaga para o Major é uma parada que vai marcar e vai ficar na minha memória para sempre. Mais do que tudo, quero jogar contra e quero ganhar".

nqz disse que, apesar de gostar das opiniões acerca de si mesmo, "é uma coisa que eu não tento pensar muito porque eu acho que posso ficar me perdendo de eu ter que ser melhor do que X e Y. Só foco em fazer meu trabalho. Tem muito AWP bom no Brasil. Temos realmente muita qualidade. Tento não pensar nisso, focar em realmente o que eu tenho que fazer e, se eu fizer bem, uma hora vai ser compensado".

Questionado sobre o diferencial em relação aos demais AWPs brasileiros, nqz respondeu que não se trata de uma forma, mas que sente "que tem muito AWP no Brasil que se importa em fazer graça no jogo. Vai do estilo do cara, mas não me agrada muito ver rounds perdidos porque o cara quis dar no scope, porque o cara quis dar tiro rápido. Se você me ver jogando, não tem muito highlight. Tem, realmente, muita gente que faz isso muito bem. O saffee é um exemplo. O cara é bom para caralho, mas você não vê muita graça na cara dele".

"O que eu foco para ser meu diferencial é isso. Eu só quero ser um AWP constante, fazer minha função bem e, para mim, se eu vou dar no scope, se eu vou matar o cara pulando, não vai fazer diferença".

Desejado

Apresentando grande potencial desde que surgiu, com 15 anos, nqz foi evoluindo com o decorrer do tempo, ainda mais quando passou a jogar com a AWP. As boas apresentações, como a que rendeu o título da Gamers Club Masters IV com a DETONA, fizeram com que times de fora se interessarem em contratá-lo, como a Case, na temporada passada.

Sobre ser desejado por equipes que competem fora do país, nqz afirmou que "é uma parada que motiva muito saber que tem equipes desse nível, desse calibre que jogam lá fora te querendo". O jogador revelou que "estava praticamente fechado" com a Case, mas "que não foram só eles. Já teve muita especulação, já veio time do mesmo nível para mais. É uma coisa que motiva muito. É uma coisa muito boa porque vê vê realmente grandes times e jogadores querendo jogar com você".

Outro time com o qual chegou a conversar foi o MIBR: "O Apoka já citou em live e nunca chegaram a falar abertamente, mas o MIBR chegou a falar comigo também e não foi pra frente. É uma coisa muito boa (o interesse em mim), só que quando as coisas não vão para frente, frusta".

E por que a 9z? Segundo nqz, a equipe que defende atualmente "tem uma parada que eu não vejo em nenhum outro time hoje em dia, sendo sincero, na América do Sul pelo menos. Eles têm um core, uma base que durou muito tempo e os caras começaram do zero, do nada, e chegaram até onde chegaram. Saíram do fundo do poço, pegaram jogadores do zero. Essa base desde o começo me encantou muito. Tirando isso, os caras são uma máquina, sempre tiveram um jogo muito sólido".

Caminho até o RMR

Antes dos qualifies da América do Sul iniciarem, 9z era apontada como uma das principais favoritas a disputar o RMR das Américas. Mas a classificação não foi tarefa fácil como imaginavam já que o time precisou disputar duas das três seletivas para seguir adiante na disputa de uma vaga no Major.

Na primeira, o time caiu precocemente antes das oitavas de final com derrota para o rival da região Isurus. Para nqz, a campanha não foi "decepcionante" porque o formato do qualify "pune muito, não tem como negar isso. Em md1, qualquer vacilo que você der, você realmente se dá mal, você sai fora, mas eu não colocaria como decepcionante. Não fomos o que realmente fomos. Não jogamos o nosso jogo e a Isurus contra a 9z sempre tem essa rivalidade, sempre são jogos difíceis, mas eu não colocaria como decepcionante. Só não foi o que a gente queria e não era o que o pessoal estava esperando também".

Ainda explicando a campanha aquém do esperado no primeiro qualify, nqz apontou para "uma combinação de fatores" para o time não ter ido bem. "Não vamos tirar o mérito da Isurus. Não fizemos um round de TR na Mirage, só que estávamos frios, relaxados, e bateu um pouco de nervosismo porque, inconscientemente, todo mundo do time vê como obrigação passar para o RMR. Isso de certa forma nos pressiona, realmente, como obrigação, o que não é uma coisa boa".

"Não fizemos, realmente, um bom jogo. Não merecemos ganhar. Foi realmente uma 9z que o pessoal não está acostumada a ver, mas feliz que conseguimos concertar para o segundo qualify e mostrarmos realmente o nosso jogo".

Segundo nqz, após a seletiva, a equipe teve uma conversa na qual falaram que "era só um campeonato a mais. Não foi o primeiro qualify que jogamos e nem o último. Então tem que ter cabeça para esses momentos. Não é tirando o mérito da Isurus, só que a gente realmente não fez um bom jogo e não merecemos ganhar. Depois desse jogo tivemos uma conversa e voltamos mudados, voltamos realmente com a cabeça que tínhamos que estar.

No qualify seguinte, a 9z se mostrou diferente do anterior e uma das melhorias foi na comunicação, segundo nqz. O principal desafio do time nesta seletiva foi a md3 valendo a vaga contra a Case, na qual os Violetas começaram perdendo e se classificaram para o RMR após virar para 2 a 1.

Quanto a derrota na Inferno, não tirando o mérito da adversária, o brasileiro afirmou que o time não impôs o próprio ritmo de jogo e que também não conseguiu controlar tão bem a economia. Erros estes não cometidos nos mapas seguintes.

"Quando entramos na Nuke, realmente, estávamos jogando o nosso jogo. Tivemos um TR com 10-5 e eu falei 'vamos ganhar. Estamos em condição de ganhar'. Tivemos muitos erros na Inferno, mas já passou. Agora realmente conseguimos e vamos. Mesmo depois de perder a Inferno eu estava tranquilo porque, para mim, estávamos para jogo, estávamos com a cabeça certa para jogar e perdemos no detalhe. (A derrota) não foi um cacete. Não foi uma derrota em que os caras foram superiores. Foi no detalhe e a Inferno poderia ter isso para qualquer um dos lados", opinou.

Apesar do sentimento de obrigação em se classificar para o RMR, nqz disse que não teve o sentimento de tirar um peso das costas: "(A classificação) era uma parada que estávamos trabalhando para realmente conseguir. Estávamos tendo bons resultados e a não classificação não seria condizente com o que estávamos apresentando".

nqz revelou que a 9z possui planos de fazer um bootcamp antes do RMR na Europa, mas que o local ainda não foi definido. E, na opinião do brasileiro, se a Violeta "conseguir apresentar o jogo que estávamos apresentando na Europa, eu vejo a gente se classificando para o Major".

"Não só vejo, como é minha maior meta nesse momento, mais do que qualquer outro campeonato. Meu foco é completamente no Major. A gente realmente jogou um CS muito da hora lá fora e vem jogando um CS muito da hora. Se conseguirmos apresentar essa constância e, realmente, jogarmos o nosso jogo, temos boas chances sim. O RMR está difícil para caramba, tem times muitos bons, mas eu acho que 9z já se provou muitas vezes capaz de bater de frente com esses times".

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