
FalleN vê FURIA com time ideal para ir mais longe
A FURIA disputou três LANs internacionais em 2025, mas ainda não conseguiu chegar aos playoffs. A próxima oportunidade será na BLAST Open Lisbon, que começará para a equipe brasileira na quinta-feira. À HLTV, Gabriel "FalleN" Toledo avaliou o começo de ano do time.
"Não foi um primeiro semestre muito bom em termos de resultados. A gente queria e poderia ter ido um pouco mais longe. Ficamos muito tristes com algumas derrotas porque elas escapam em alguns momentos-chaves, porém pelo outro lado mostra que temos potencial e condições de jogar melhor do que estamos jogando."
"O começo do ano foi um pouco decepcionante nesse sentido, mas acho que faz parte. Precisamos nos apegar a buscar resultados melhores e temos a oportunidade de fazer isso já daqui a alguns dias", seguiu FalleN.
FalleN lamentou a inconsistência da FURIA, já que o time fez jogo parelho contra equipes superiores, porém enfrentou dificuldades diante de equipes que estão atrás dos brasileiros no ranking. O capitão falou sobre o que falta para a FURIA ser dominante contra times inferiores.
"Não é uma questão de faltar motivação ou de faltar preparação. Todos os jogos são similares em termos de como nos preparamos e como encaramos as partidas. Sinto que falta um pouco mais de performance mesmo. Em alguns momentos (falta) performance individual e, em outros, coletiva."
"Tem algumas coisas na partida que, se decorrerem de maneiras diferentes, com performance melhor em certas situações, o jogo fica mais fácil. Aconteceram partidas assim nessa Pro League, onde uma kill, um round ou uma decisão faz com que o jogo vire uma bola de neve e fique muito mais difícil. A gente precisa performar um pouco melhor no momento que isso for necessário", acrescentou.
Embora FalleN sinta falta de performance individual e/ou coletiva, o capitão segue confiante que a escalação atual da FURIA é capaz de ir mais longe na disputa dos grandes campeonatos.
"Temos o time ideal para conseguir alçar voos maiores. Hoje é possível ter boas equipes de maneiras distintas. Existem algumas equipes que são muito boas porque têm jogadores que são muito acima da média, acredito que a grande maioria é assim. Você pega o ZywOo, m0NESY, donk, que são caras que estão jogando acima da média e isso é um diferencial."
"No entanto, também é possível montar equipes que podem ser fortes pelo conjunto da obra e terem outros atributos que vão compensar a falta desses grandes jogadores que desequilibram dessa maneira."
"A equipe tem muita vontade, qualidade e muito trabalho para, em conjunto, conseguir despontar entre os melhores. É nisso que estamos acreditando e trabalhando. Para mim como capitão e membro de um time, não dá para você trabalhar com uma equipe que você não acredite. Não adianta eu entrar para trabalhar na FURIA e ficar lamentando que não sou o ZywOo ou não tenho o meu donk, não é assim que funciona."
"Estamos atrás de encontrar o melhor uso dos nossos jogadores e nós temos grandes nomes também. Temos jogadores muito sólidos que vieram de outras equipes e estão super bem, como o skullz, o KSCERATO e yuurih que são alguns dos melhores brasileiros que temos nos últimos anos e estamos buscando fazer melhorias principalmente no meu jogo, no do chelo e como um todo para conseguirmos os resultados que queremos", seguiu FalleN.
Aprendizados pós EPL S21
"Um dos pontos positivos foi a evolução do nosso map pool, jogamos mapas que não vínhamos jogando diversas vezes e isso fez com que pudéssemos evoluir em alguns deles. Já um ponto negativo foi a Dust2, que era um mapa que estávamos bem com 12 vitórias e 2 derrotas, mas perdemos consecutivamente. Então, isso ligou um alerta para trabalharmos no mapa e tentar corrigir a rota dele para que volte a ser um bom mapa para nós. A sensação do torneio foi de que podemos jogar tão bem quanto os melhores (times), porém ao mesmo tempo ainda está faltando qualidade para exercer domínio sobre equipes inferiores."
Dificuldades contra europeus
"Precisamos performar um pouco melhor, fechar mapas que estamos tendo condições de chegar perto da vitória e realmente encontrar mais qualidade no jogo de cada um. Fizemos diversos jogos contra equipes europeias no ano passado e tivemos muito sucesso. As situações não são muito diferentes das que nós tínhamos em 2024, então é uma questão de conseguir melhorar em alguns sentidos, performar mais quando precisamos para que as vitórias possam aparecer."
Equipe em construção
"Qualquer equipe que ainda não conseguiu atingir o nível do tier S e ganhar torneios está em etapa de construção até que ela não exista mais. Todo mundo que se junta em um time ou que está participando de competições está buscando uma evolução interna, evolução de jogadores, como grupo, a fim de conseguir alcançar um nível onde se briga por títulos. Quando falo que estamos no processo de construção é porque nós não conseguimos chegar nesse patamar ainda. Estou há um ano e meio na FURIA, nós tivemos uma final na Elisa, semifinal no Rio e esses foram os pontos mais altos que tivemos em torneios. Então, de maneira alguma, conseguimos chegar no nosso desejo, que é ser um time que desponta entre os melhores e entra nas competições sabendo que vai chegar nos grandes playoffs, que vai ter chance de chegar em uma final e eventualmente vencê-lo. É essa construção a qual me refiro. Ainda somos uma equipe que busca encontrar esse melhor trabalho de todos para que o conjunto chegue nesse patamar e, enquanto não chegar, sempre vai estar em construção."
CT side
"Por conta de trabalharmos muito o nosso TR durante os treinos, e também ser minha função e responsabilidade de garantir que vamos rodar rounds interessantes, que façam sentido, sentimos que o trabalho do TR acontece de uma maneira muito natural. Embora eu tenha encontrado muita diferença na maneira de pensar o jogo com esse core da FURIA, que há tanto jogava com arT, com outras ideias de jogo, tivemos um período de alguns meses para que algumas das noções de como abordar nosso TR fossem equilibradas, como se a gente começasse a pensar mais rápido da mesma maneira. Sinto que isso aconteceu e está acontecendo de maneira satisfatória agora, e por isso jogamos bons TRs no geral. Agora, quando se fala da defesa, acredito que esse lado naturalmente requer mais mais entendimento individual das necessidades do que algo coletivo."
"Tem muitas coisas que acontecem durante uma partida que a responsabilidade e a tomada de decisões está em cada um dos jogadores. Óbvio que sempre é possível pensar com uma camada a mais de raciocínio, que seria o que a defesa como um todo busca no round. E aí estamos trabalhando com o sidde, o Hepa, para tentarmos melhorar essas visões do todo e fazer com que a gente tome decisões um pouco melhor e mais certeiras em alguns momentos, baseado no que esperamos dos rounds. Em alguns mapas acertamos, em outros isso atrapalhou de certo modo. É um processo de aprendizado, estamos nos esforçando muito em melhorar o CT porque sentimos que, aprimorarmos isso, vai melhorar muito o nosso jogo, mas o CT exige performance. Podemos pensar milhões de coisas de como vamos defender, os ataques virão, precisamos das kills, das multikills, da teamplay e de trocar a maneira com que defendemos também. Estamos jogando em uma época do CS onde o adversário tem facilidade em escolher as melhores estratégias se ele visualizar como está sendo sua defesa. Ele vai saber onde são os pontos mais fracos, onde pode atingir com mais facilidade, então é necessário encontrar o balanço do quanto você varia sua defesa com o quanto de buracos você deixa nessas trocas, porque toda vez que você joga de maneira diferente, você também cria problemas diferentes. O time está tentando desenvolver isso o mais rápido possível para que nossos CT sides melhorem."
Vaga na fase principal do Major
"Busco realmente pensar a cada próximo desafio. Acredito que gastar energia pensando numa possível classificação mais rápida, ou não, não vai garantir o meu sucesso e não vai aumentar as minhas chances de sucesso nos próximos desafios que tenho. A minha cabeça está sempre na próxima necessidade, no sentido de qual é o melhor mapa que eu tenho que jogar, as coisas que preciso melhorar como time, quais são as coisas que tenho feito bem ou não como AWP. Estou trabalhando mais nessas questões que são mais imediatas para que o restante seja resultado desse trabalho mais a curto prazo, perto do que eu realmente possa modificar. Se nós pudermos pegar uma vaga melhor pro Major, ótimo. Se não, vamos atrás do caminho que tiver que ser feito para nós irmos o mais longe possível no Major e quem sabe sonhar em vencê-lo."
"Tudo são fases e, no nosso momento, temos que encontrar mais consistência e melhorar o nosso jogo se quisermos pensar em ganhar um Major, pensar em ganhar um título como esse da BLAST (Open), precisamos começar a ser mais fortes como equipe por mais tempo. O nosso foco está nisso e estamos atrás disso usando tudo o que podemos no momento, nos dedicando muito para que isso aconteça."
Expectativas para a BLAST Open
"O nível do campeonato é bem alto, então sendo NAVI, The MongolZ, G2, qualquer adversário que está acima da gente no ranking, são adversários difíceis. Embora a NAVI não esteja vivendo o seu melhor momento, ainda é um grande time. É claro que é melhor enfrentá-los quando estão sofrendo um pouco, em vez de pegá-los logo depois de vencerem um Major, então o momento importa sim. No entanto, na hora do vamos ver, isso pouco importa. Precisamos focar em apresentar o nosso melhor jogo, temos condições e sabemos que é possível vencê-los, já fizemos isso no ano passado. A nossa trajetória no final do ano passado no Rio, vencemos equipes como FaZe, NAVI e MOUZ se não me engano para passar direto para uma semifinal. Aqui o nosso objetivo é classificar o quanto antes, nossa meta principal, o ideal, é passar com duas vitórias, mas vamos ldar com cada jogo como ele precisa ser lidado. Independente da trajetória, vamos buscar fazer o melhor que podemos para conseguir a classificação, então acredito que uma meta realística é passar para os playoffs, algo que não estamos conseguindo recentemente e já seria um ótimo feito."
Estreia diante da NAVI
"Vamos ter a chance de nos preparar por bastante tempo para essa partida e a gente pretende, de certo modo, pensar em uma ou duas opções para o nosso pick. Na última vez que jogamos com a NAVI, eles fizeram uma Dust2 muito boa, que foi uma das únicas D2 que perdemos entre aquelas 14 que jogamos. Nós precisamos focar em escolher bem o nosso mapa, vencer nosso pick, tentar encará-los no pick deles e estar preparado para um terceiro mapa. Como é um confronto que está decidido há um bom tempo, tivemos bastante tempo de preparação. Acredito que é encontrar o conforto jogando como equipe, encontrar a performance e tentar jogar a maioria dos rounds na mesma página possível, para que nós tenhamos a maior chance de vitória. É enfrentá-los de igual para igual, tenho certeza que podemos fazer isso, e no início da BLAST temos a oportunidade de provar isso."
A FURIA de FalleN vai estrear na BLAST Open diante da NAVI a partir de 15h30 da quinta-feira em confronto MD3 válido pelo grupo B. A Imperial também jogará na mesma chave, porém entrará no servidor mais cedo: às 8h contra a G2.