GaBi revela surpresa ao deixar FURIA: "4 anos dando a vida"
A relação de Gabriela "GaBi" Maldonado com a FURIA, que durava mais de quatro anos, chegou ao fim na última terça-feira com o anúncio de saída da organização. A novidade pegou a própria jogadora de surpresa, que não esperava a decisão.
"Sendo bem sincera, pra mim foi bem do nada. Me chamaram para conversar e falaram 'você tá fora'. Eu levei um susto porque sempre dei a vida pelo time, foram 4 anos dando a vida, sempre muito empenhada para fazer dar certo em treinos e campeonatos, entao a saída me pegou de surpresa", disse GaBi em entrevista à Dust2 Brasil.
Questionada sobre os motivos que ela acredita que levaram a FURIA a tomar a decisão de remové-la do time, GaBi acredita que o desejo da organização de mexer na lineup visando retomar o topo nacional do cenário feminino pode ter influenciado.
"(Não ser mais top 1) deve ter pesado porque ninguém gosta de perder e, quando você começa a perder, você precisa tentar algum tipo de mudança. Sendo sincera, não sei se essa mudança foi muito correta por tudo o que eu fazia pelo time, tudo que já fiz, não entendi muito bem porém acredito que possa ter sido por isso mesmo."
Porém, esta não é a única razão de acordo com GaBi. A jogadora aponta que sua personalidade de cobrar muito as companheiras de equipe, além de se cobrar muito, também influenciou na sua saída.
"O cenário feminino é muito diferente do misto. No feminino você precisa estar sempre pisando em ovos, precisa ter muito cuidado com a maneira que você vai falar, agir. Se você está nervoso com alguma coisa, precisa abaixar a bolinha, é mais complicado. Já no misto é mais tranquilo em relação a isso. Como sou uma pessoa que gosto de cobrar demais, e eu cobro muito todo mundo porque essa é minha personalidade."
"Eu me cobro demais também e acho que esse tenha sido o motivo sendo bem sincera, porque sou uma pessoa dentro e fora de jogo que falo o que acho e sou uma pessoa chata, porém acredito que todo time precise dessa pessoa chata para ir para frente, é essencial tanto em um time misto quanto em um time feminino", continuou.
Poucos dias depois do anúncio da FURIA, GaBi vê a saida com bons olhos. Ela explicou como vai aproveitar o momento para mudar seu estilo de jogo e também exercer novas funções no Counter-Strike.
"Eu já estava com esse pensamento de sair da minha zona de conforto. Estou começando a fazer isso aos poucos. Eu jogo de solo bomb e acho que mudar um pouco meu posicionamento, jogar em outros lugares, também considerei virar IGL porque talvez seja a mais experiente que está ativa hoje, a que mais jogou mundial, a que mais tem título. Então quero sair da minha zona de conforto mas aos poucos porque acho que será melhor para mim e para o time que eu entrar."
"Isso de virar IGL eu já tinha comentado algumas vezes... até brinco com meus amigos que tô ficando velha, tenho que fazer algo diferente para valorizar o meu passe. Eu tenho essa vontade. Sei que é difícil porque tem muita cobrança, eu me cobro muito então irei me cobrar mais ainda", adicionou GaBi.
Despreocupada em estar free agent, GaBi acredita que é questão de tempo para estar em um time competitivo novamente, porém entende que a falta de calendário afasta o investimento de novas organizações no cenário.
Ainda indecisa se prefere entrar em um time já formado caso suja oportunidade ou montar um projeto do zero com jogadoras free agents, GaBi projeta uma evolução passo a passo para crescer no cenário nacional e depois almejar o título internacional.
No entanto, GaBi vê a necessidade de uma mudança de comportamento entre as jogadoras que atuam no cenário feminino brasileiro atualmente para facilitar o crescimento de um time.
"Quando você precisa se policiar muito, 'não posso falar desse jeito', isso dificulta porque tudo que é falado não é para ofender a pessoa, chamar alguém de 'newba' nem nada do tipo, é para melhorar e 100% profissional. Acho que às vezes falta levar mais como profissão e entender que não é um ataque pessoal."
"Então, a partir do momento que todas as meninas conseguirem entender que é trabalho as coisas vão ser mais fáceis. Tem algumas meninas assim no cenário, mas é minoria, porém se a galera tivesse mais essa cabeça as coisas seriam melhores também", seguiu.
Uma das jogadoras que passou pela FURIA recentemente foi Olga Rodrigues, destaque nacional que deixou o time rumo à HSG. GaBi gostaria de defender uma equipe internacional, mas admite um empecilho.
"Eu adoraria ir para algum time da Europa ou de outro lugar, porém tá faltando o cursinho de inglês. Preciso melhorar meu inglês que não é aquelas coisas, então vou dar uma focada nisso caso futuramente surja uma oportunidade. Preciso trabalhar meu inglês porque é horroroso", finalizou GaBi.