CBDEL é uma das confederações de esportes no Brasil (Foto: Divulgação/CBDEL)

Decisão da CBDEL causa indignação de times em qualify do Pan

Tilt Fox busca jogar Campeonato Brasileiro com elenco ex-KG, mas está sendo impedida pela confederação

Tilt Fox está em um novo debate com a Confederação Brasileira de Desportos Eletrônicos (CBDEL) pela validação da participação no Campeonato Brasileiro. O objetivo atual é conseguir jogar a etapa feminina, que dá vaga no "Pan dos Esports", com a antiga line da KG Network, o que só poderá acontecer sob o CNPJ da KG mesmo com a Tilt gerenciando o elenco, conforme explicou a entidade à Dust2 Brasil. A forma como a confederação está conduzindo a situação causa indignação dos dois clubes.

As inscrições para o Campeonato Brasileiro foram abertas em 15 de janeiro, mas, devido três adiamentos, foram finalizadas em 11 de abril. Tilt Fox se inscreveu em 15 de fevereiro, não apresentando o elenco, enquanto o registro da KG com a line ocorreu em 11 de março. Por conta disso, apenas a inscrição da KG foi validada pela CBDEL.

Contudo, como a line Giovanna "Cara de Banana" Cimetta acabou deixando a KG, a Tilt Fox procurou a line a fim de que representasse a organização na etapa feminina. Com o sim, o clube procurou a CBDEL para saber se as ex-KG poderiam jogar pela Tilt no qualify feminino, mas o movimento foi rejeitado pela confederação.

À reportagem, a CBDEl afirmou que as vagas no Campeonato Brasileiro pertencem ao CNPJ registrado no ato da inscrição, isto é, às organizações, e não aos times. A explicação dada pela confederação não consta no livro de regras do campeonato.

Conversas entre Tilt e CBDEL

O contato inicial entre Tilt Fox e CBDEL foi feito por Gabriel "Pensador" Souza, dono da organização, que em mensagem no WhatsApp para Oliver "Akemi", um dos coordenadores da entidade, perguntou se a nova line estava inscrita corretamente. O funcionário da confederação respondeu que daria uma resposta no dia seguinte, mas que "aparentemente estava tudo ok".

Pensador interpretou a resposta como um "sim" para a participação no Campeonato Brasileiro, o que foi negado ao dono da Tilt pelo chefe de esports da CBDEL Ulisses Witter. Witter afirmou a Pensador que a validação dada por Akemi foi para o registro da organização e não para a line feminina.

"Não existe line de CS2 feminina no nome da Tilt Fox. Não tem como validar. Ele te passou a informação que está aparentemente ok. Provavelmente deve ter validado o nome da organização, que está ok, como falei antes, mas line de CS2 não existe registrada. Não tem o que ser feito", disse Witter na conversa obtida pela reportagem.

Line ex-KG inscrita pela Tilt Fox na seletiva para o Pan dos Esports (Foto: Reprodução/FACEIT)

O dono da Tilt Fox retrucou, batendo na tecla de que o "ok" dado por Akemi foi para a participação da organização com a line ex-KG: "A mensagem está bem específica". Witter, contudo, disse que não, afirmando que o "aparentemente" dito pelo coordenador não é uma confirmação de que a Tilt poderia jogar, mas sim uma "suposição".

"Estamos validando os times inscritos neste exato momento, e o que foi constatado é que não existe inscrição em nome da Tilt Fox. Os times inscritos na modalidade CS2 feminina são: duas inscrições feitas pela Smoke Gaming, uma pela FEARWW e uma pela KG. Isso quer dizer que apenas FEARWW, KG e Smoke poderiam participar, utilizando as atletas registradas no cadastro. No caso da Til não existe entrada registrada no CNPJ da organização e é por isso que não tem como vocês participarem dessa modalidade", explicou Witter.

O chefe de esports da CBDEL completou dizendo que não teria como pegar as jogadoras inscritas por outra equipe e agregar à Tilt, alterar as atletas e jogar: "Não tem condições isso. Seus atletas (misto) estão ok. Esses são do Rio Grande do Sul e podem ser substituídos, mas no feminino não tem como. Não tem registro da equipe. Você tem uma line ok, mas não pode participar da competição por conta disso. O Oliver validou o registro da sua equipe no CS2 misto por no feminino não existe registro".

Planilha com as equipes válidas para disputar o qualify feminino do Pan dos Esports (Foto: Planilha compartilhada pela CBDEL)

Tanto Pensador como a CBDEL confirmaram as conversas entre o dono da Tilt Fox, Akemi e Witter. "Mesmo tendo a mensagem afirmativa da CBDEL, na quinta, fomos surpreendidos na madrugada com o aviso que a nossa line estava desqualificada para o Pan, pois as jogadoras estavam inscritas pela KG. Com isso, em prol do crescimento do cenário feminino seguimos lutando pelo direito de disputar o campeonato", disse Pensador.

"Embora o Gabriel diga que teríamos confirmado previamente a participação do seu time, isso não é verdade. O que houve foi um diálogo de WhatsApp no qual perguntou se estaria tudo certo com a participação da Tilt Fox, e nosso agente responde que iria verificar, mas que 'aparentemente' estaria tudo ok, prometendo um retorno no dia seguinte. Ele interpretou a ausência de resposta como se fosse uma confirmação. Isso, sob o nosso ponto de vista, não foi adequado da parte dele, pois, fazendo a validação das equipes de CS2 Feminino constatamos a ausência de inscrição da Tilt Fox Gaming para essa modalidade. E, tão logo constatamos isso, entramos em contato com ele para informá-lo", afirmou a confederação.

O dono da KG também conversou com a reportagem. Kauan “Kant” Afonso disse que não chegou a comunicar a organização sobre a saída da line feminina: "Mas quando falamos com eles sobre alteração, eles revelaram que não tinha um sistema para isso. Estamos em contato com eles para ver a mudança do nome da organização, porém mesmo assim a comunicação com a CBDEL sempre é bem complicada porque o chat do grupo do campeonato é somente para administradores mandarem mensagens. Não tem um contato aberto em e-mail, somente com o número de um representante e, mesmo assim, demora para ver nossas mensagens."

Qual será a solução?

Apesar das negativas dadas pela CBDEL, KG Network e Tilt Fox ainda estão trabalhando em busca de uma solução. Uma possível é a junção do nome das duas organizações, com o time sendo administrado pela Tilt.

Caso a ideia seja aceita pela CBDEL, apesar de ser a Tilt gerenciando o elenco, para a confederação a verdadeira responsável será a KG Network já que foi no CNPJ da organização que as jogadoras foram registradas e validadas para disputar o Campeonato Brasileiro.

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