Diretor da ESL sobre campeonato no Brasil: "Ainda não finalizamos os planos"
A falta da IEM Rio no calendário da ESL Pro Tour de 2024 não significa que o país não receberá um evento da organizadora na próxima temporada. Ao menos é o que garante Shaun Clark, diretor responsável pela modalidade da ESL, que afirmou que os planos da empresa para o ano que vem ainda não estão finalizados.
"Estamos animados com o que fizemos nos últimos anos no Brasil. Claro que o Major foi incrível, e neste ano, quando voltamos, vimos um entusiasmo parecido. Olhando para o futuro, ainda não finalizamos os planos", disse Clark em entrevista à Dust2 Brasil.
"Não estou dizendo que não terá e nem que terá outro campeonato no Brasil, mas a América do Sul é um mercado importante para gente", completou o diretor.
Do calendário divulgado até o momento, só um evento de primeiro escalão não tem local para acontecer, a IEM Fall, marcada para os dias 7 e 13 de outubro. Nos eventos de menor escala, há disponibilidade para a ESL Challenger #56, que acontece entre 26 e 28 de abril. Todos os demais eventos já tem data.
"Acabamos de expandir a ESL Challanger League para a América do Sul, e queremos continuar cuidando da região e trabalhando com os times. Então parece inevitável que teremos outro IEM no Brasil no futuro. Acho que vocês precisam ficar de olho nos nossos planos", disse Clark.
Brasil? Não! América do Sul
Mesmo sem um evento garantido na região, a ESL estendeu seu compromisso com a América do Sul com a implementação da ESL Challenger League sul-americana. Começando com a 47ª temporada, a liga dará duas vagas para times da região na próxima ESL Pro League, mantendo o número de representantes, mas tirando a Brazil Premier League e o qualificatório aberto de circulação.
Clark explica que o movimento está alinhado com outras ações globais da ESL, que hoje entende que o esport é cada vez menos nacional.
"A forma que vemos o nosso ecossistema é que há um buraco. Os campeonatos nacionais podem não ser a melhor forma para os esports. Os esports são um esporte global onde times de vários países podem se juntar para jogar em uma região. Nós estamos indo neste caminho, queremos mais competições regionais, enquanto ainda trabalhamos com organizadores de torneios nacionais", explicou.
A mudança dará fim a uma antiga polêmica da região, onde times latinos não brasileiros não poderiam disputar a BPL, competição que já distribuiu vagas para grandes campeonatos internacionais.
"Nós queremos começar a trabalhar com base em regiões no futuro. Isso dá oportunidade ao maior número de jogadores e times possíveis, em vez daqueles de somente um país. Acho que nos últimos anos não fizemos justiça aos países individualmente falando, não acho que servimos a comunidade bem, e acho que estamos em uma posição bem melhor fazendo isso de forma regional. Trocar um campeonato como a BPL por um torneio de toda a região é o que estamos buscando fazer mundialmente", afirmou Clark.
"No final do dia, esses times vão seguir para a ESL Pro League, então é uma ótima oportunidade que esta região não teve muito nos últimos anos. Vamos empurrar alguns times da ESL Challenger League para o cenário mundial e os colocar para jogar contra os melhores times, foi para isso que criamos este produto. Queremos continuar vendo o crescimento do Counter-Strike na América do Sul", continuou o diretor.
Positividade
Clark também comentou sobre a implementação do CS2 na ESL Pro Tour. A ESL é a primeira organizadora a promover presencialmente uma grande competição do novo game, com a IEM Sydney. O diretor revela que a empresa tem trabalhado bastante para definir bons parâmetros para o jogo, especialmente com o novo formato de partida e os bugs.
"Nosso time está trabalhando duro porque estamos em um estado de adaptação, e todo update do jogo pode mudar alguma coisa. (Estamos definindo) como nós lidamos com a diferença do MR15 para MR12, se aumentamos as MD1 para MD3 e as MD3 para MD5 porque agora os jogos são mais rápidos. Nós não sabemos a resposta porque não temos dados suficientes", explicou.
Clark acredita que o feedback, majoritariamente negativo, não seja fiel ao estado atual do jogo - apesar de reconhecer os vários problemas que ele tem.
"Acho que comentários positivos são mais raros do que os negativos, então não temos a mesma positividade sendo falada, e por isso quem não está satisfeito está fazendo mais barulho e as pessoas acabam vendo mais disso", afirmou.
"No geral, acreditamos que o jogo está melhor do que está sendo retratado. Mesmo sabendo dos desafios que podemos ter, estamos confiantes e felizes de ter a IEM Sydney como primeiro torneio do CS2, será a primeira vez que o jogo será colocado em alto nível e mostrado para o mundo", continuou.
Mesmo com todos os problemas e as críticas que o jogo tem enfrentado, Clark garante que a ESL está comprometida com o CS2 e vai estar na linha de frente pela perpetuação do jogo nas competições.
"Counter-Strike é um jogo incrível, está no nosso DNA como organização. Nós fazemos campeonatos de Counter-Strike há mais de 20 anos, então, quando olhamos para o futuro queremos continuar realizando torneios de CS por mais 20 anos. Para nós, é o melhor esport, nós amamos Counter-Strike, todos nossos funcionários que trabalham com CS são fãs, como nós. Assistimos outros campeonatos que não são nossos, jogamos o jogo com nossos amigos igual aos fãs", disse.
"Nós queremos abraçar o jogo, queremos mais positividade, e absolutamente vamos estar empurrando este jogo para ser não só o maior esport, mas também a maior forma de entretenimento nos próximos cinco a dez anos, é isso que fazemos. Vamos continuar em busca disso e, quando nos juntamos como uma comunidade no Counter-Strike, somos muito fortes. Se todos trabalharmos para o mesmo objetivo, que é colocar esse jogo à frente do mundo todo e mostrar como é ótimo e esse o motivo de nós todos amamos eles, estaremos no caminho certo para o futuro", finalizou.