peacemaker revela exigências à Los + oNe e comenta fiasco na IEM Katowice
Luis "peacemaker" Tadeu está próximo da Los + oNe desde janeiro e, ainda na época, a expectativa era de um anúncio nos próximos dias. No entanto, a oficialização ainda não aconteceu e deixa a Onda Laranja apreensiva. Em entrevista à Dust2 Brasil, o treinador de 34 anos explicou como anda a conversa com a organização e revelou exigências, incluindo a volta do time para o Brasil.
"Eu tinha Katowice e isso é algo que afeta diretamente a preparação do time pro Major e pros próximos campeonatos. Então estou tendo bastante cuidado para lidar com isso, mas é verdade que temos negociações avançadas. Tem algumas exigências que estou fazendo, não necessariamente sobre o time de quem vai ficar, quem vai sair, e sim do projeto".
"Quero algo bem alinhado sobre aquilo que falei do NA. Sinto que a equipe estagnou por bastante tempo, tem jogadores com potenciais, outros que precisam melhorar individualmente, mas é um time que não vejo evoluindo se continuarem nessa mesma pegada de ficar nos Estados Unidos pelo tempo que ficam. Estamos vendo com bastante carinho, porém está bem avançado e acredito que nos próximos dias vai ter um desfecho legal", declarou.
peacemaker pontua que ficar na América do Norte atualmente tem mais desvantagens do que vantagens, principalmente pela dificuldade de arranjar treinos. Para o treinador, o maior ponto positivo é a facilidade de conseguir vagas, o que ainda assim não justifica manter um time na região em sua opinião.
"Vivi tanto a época boa quanto a época ruim, observo e todo mundo fala a mesma coisa pra mim que não consegue treinar lá. Não quero pegar um time onde não consiga evoluir a equipe, então se for pra fazer isso eu prefiro não ser coach. Essa é sim uma das exigências, reavaliar essa questão porque não acredito em evolução nos Estados Unidos nesse momento. Acredito em conseguir pegar umas vagas lá já que estão permitindo, mas caso contrário não".
"Tem questão também de bootcamp, coisas que envolvem um lado financeiro, uma estrutura, porque não tem milagre. Não dá pra evoluir um time, chegar onde Imperial chegou, sem uma estrutura. E lá (Imperial) tivemos um investimento bem considerável para que realmente conseguíssemos evoluir a equipe. Sem isso fica muito difícil", continuou peace.
Caso a negociação tenha um desfecho positivo, peacemaker avalia que vai fazer parte de um projeto desafiador, no entanto diz gostar "da ideia de projetos assim". Na Los + oNe, peace acredita que vai estar em um ambiente confortável para sua ambição como treinador, que é de mesclar jogadores jovens com outros mais experientes.
Porém, um projeto nestas condições requer um trabalho à longo prazo. Com passagens breves por algumas equipes em sua carreira, peacemaker afirma que também exige que tenha tempo para atuar na Los + oNe. O treinador também relembrou do seu período com a Imperial e os bons resultados alcançados em pouco tempo.
"Essa também é uma das minhas exigências, não só para a Los + oNe mas para qualquer time que eu vir a começar. O que quero que eles entendam é que embora tenha uma experiência, não acredito em evolução em dois, três meses. Não é como as coisas funcionam. Foi surpreendente para mim o que fizemos com a Imperial, não esperava isso. Pode acontecer? Pode. Porém prefiro que aconteça e a gente se surpreenda do que setar uma expectativa de que precisamos nos qualificar pro Major, ganhar tal campeonato".
"Se for para trabalhar dessa forma, de se não qualificar, acaba o time, isso não pego. A longevidade do negócio me importa, até porque tem esse meme de entrar em equipe e ficar saindo. Não gosto disso, tô fugindo, e muitas das vezes que isso aconteceu foi por eu ter aceitado sem as exigências, sem fazer a organização entender minha forma de trabalhar e o que penso porque aí as coisas dão errado e caem nas minhas costas. Nisso fico perdido e a conta cai em cima de mim como coach. Estou fugindo desse tipo de coisa", afirmou.
Dos EUA à Polônia, o Brasil enfrenta dificuldades
Um dos analistas da IEM Katowice, peacemaker acompanhou de perto a desastrosa campanha dos times brasileiros na fase de entrada. Com MIBR, paiN e FURIA eliminadas, nenhuma equipe avançou para a fase de grupos do campeonato pela primeira vez. Peace entende que isso é um alerta para a região e aconselha os times a voltarem para o Brasil.
"Para mim, é a questão dessa logística de como as coisas estão acontecendo para os times brasileiros. A grande maioria das equipes deveriam repensar algumas dessas logísticas, principalmente aquelas que permanecem nos Estados Unidos por muito tempo. Eles deveriam repensar porque a qualidade de treinos lá, atualmente, é muito inferior. Se você for jogar ligas longas lá ou querer jogar todos os qualifiers lá, vai acabar passando um bom tempo e isso vai afetar o teu treino".
"O que acontece, na minha visão, é que, como algumas equipes que ainda querem jogar nos Estados Unidos, francamente falando, é porque é mais fácil pegar a vaga, essa é a verdade. Então, assim, se você quer pegar as vagas nos Estados Unidos, ainda é permitido isso, ok! Você pode ir lá e pegar algumas delas. Só que, por exemplo, se você for querer jogar liga lá, que são ESL Challenger, que são 3, 2 meses de liga, já é uma logística que você vai estar dois meses lá. Se o Liquid e a FURIA não estiverem lá, você vai treinar contra quem? Vai treinar com equipes inferiores", seguiu.
peace pontua que o MIBR ainda não teve tempo suficiente para treinar o necessário para jogar um campeonato com a IEM Katowice depois da entrada de Felipe "insani" Yuji. No entanto, o treinador não poupou críticas para a paiN e para a FURIA pela performance no primeiro grande torneio do ano.
Acerca da paiN, peace diz que vinha altas expectativas por ser um time que está há um bom tempo junto e que acreditava que poderia se provar em Katowice, o que não aconteceu. Já sobre a FURIA, ele comentou que viu a entrevista de Nicholas "guerri" Nogueira na qual ele diz não ser o fim do mundo.
"Realmente não é o fim do mundo, mas quando você pega e tem um objetivo traçado que é Katowice, se prepara durante um mês em um bootcamp aqui na Europa e chega aqui e perde para um time como a IHC... obviamente que entendo o lado dele, do que ele falou, porém eu como coach estaria bem decepcionado".
"Eu acho que não tá tudo bem, eles têm que sentir a derrota pra que eles consigam evoluir. Só assim para eles conseguirem realmente sentir o que tá dando errado, qual foi o erro durante o bootcamp, se foi um erro de preparação ou foi um erro de mapa que eles escolheram".
Durante a derrota para a IHC, foi possível ver a frustração de André "drop" Abreu nos rounds. A irritação com os rounds levou o jogador de 19 anos a socar a mesa diversas vezes, o que é um ponto que peacemaker acredita que deveria receber um cuidado por parte da FURIA.
"Uma das coisas que me preocupou um pouco assistindo eles jogarem foi a questão do drop. Fiquei um pouco assustado, porque não assistia muitos jogos da FURIA de trás, vendo eles jogarem e não me lembro do drop tão nervoso e tão ansioso, como parecia que ele tava, sabe? De morrer e bater na mesa, esse tipo de coisa. E não é criticando ele, mas acho que ele por ser novo, tem que ser feito um trabalho com ele, de entender que é bom que realmente solte essas emoções".
"Como coach, por exemplo, não tenho problema com isso. Problema foi a constância com que isso aconteceu. Acho que ele entende isso, que é um pouco difícil pra quem tá jogando com ele sentir essa vibe de tipo assim: "putz, esse cara do meu lado tá frustrado", afirmou.
Embora a expectativa fosse baixa, a IEM Katowice era uma das possibilidades do Brasil voltar a ganhar um grande torneio depois de mais de cinco anos. Sem levantar um título em big events desde dezembro de 2017, a região procura uma solução para seus problemas. Para o analista Sudhen "bleh" Wahengbam, é necessário juntar as melhores peças em um só time - e peacemaker concorda, mas vê dificuldades.
" É difícil para que isso aconteça contratualmente falando. Já foram feitas tentativas no passado, sabemos de tentativas da FURIA tentar se juntar com SK, não lembro exatamente. Se juntassem os melhores do Brasil numa equipe com certeza (teria) firepower e as funções fariam sentido, seria um time absurdo. Porém para fazer isso acontecer depende de muita coisa e infelizmente, contratualmente falando, é difícil".
"Os meninos da FURIA parecem que são uma família, hoje em dia para fazer uma seleção do Brasil que seria o que acho que o bleh quis dizer, precisa basicamente acabar com a família da FURIA já que yuurih e KSCERATO precisam estar nessa seleção. E para tirar esses dois da FURIA seria muito difícil. Não quero fazer meu quinteto aqui para não ter polêmica, porém eles dois, alguém da Imperial... seria um timaço", seguiu.
E atualmente, as funções estão bem distribuídas nos times? Para o treinador, falta pegar a base de grandes equipes internacionais e aplicá-la no time, sem "precisar reinventar o jogo". O treinador relembrou a saída de Henrique "HEN1" Teles e comentou o comportamento do time nos meses seguintes à saída do awper.
"Não sei porque o Henrique saiu, não cabe a mim julgar porém pra mim desde a saída dele, a FURIA sofreu para se encontrar sem um AWP na equipe. Isso é até algo que eu brinco com a maioria dos jogadores que converso. A FURIA passou um bom tempo nessa coisa de "não precisamos de AW, precisamos de AW, ah o arT vai ser AW". Tem várias equipes de sucesso como exemplo, como é a Cloud9 com funções bem definidas. O AWP deles é o sh1ro e, queira eles, ou não ele está lá e tem o estilo dele. NAVI, Heroic, são times que as funções fazem sentido".
"Eles têm dois âncoras, eles têm um entry, um IGL que às vezes é o AWP e às vezes não é, tanto faz. As funções estão bem definidas, não precisa tentar reinventar o jogo. NiP ficou um tempão assim também. É uma zona que fico vendo e penso por quê? Tá aí o exemplo, só pega, copia a base, forma uma equipe com jovem ou antigos. A fórmula do sucesso ninguém tem, mas a base está aí, com funções bem definidas e são as melhores equipes do mundo. É só copiar", finalizou.