peacemaker explica absolvição da ESIC e espera pela Valve: "Imprevisível"
As últimas semanas têm sido agitadas na vida de Luis "peacemaker" Tadeu. Mesmo que o ex-jogador profissional e hoje treinador já tenha uma experiência vasta no Counter-Strike, ainda é possível viver situações inusitadas. Nos últimos dias, ele ajudou a colocar o time mais querido do Brasil num mundial, foi banido, teve Covid-19 e não conseguiu retirar uma pedra nos rins. Avesso ao barulho nas redes sociais, peace decidiu ficar quieto - só agora ele falou.
"Foi um momento de me resguardar e focar no que era mais importante, a equipe, no meu caso e nos meus problemas de saúde", disse peacemaker em entrevista à Dust2 Brasil.
No último final de semana, o treinador da Imperial foi absolvido pela Esports Integrity Comission (ESIC) das acusações de ter trapaceado durante uma partida online em 2018, quando ainda defendia a Heroic. peace foi o único treinador pego, até agora, na versão "Free Roam", a mais grave do bug do coach, que já puniu 40 treinadores.
Depois de uma defesa montada em cerca de 18 dias, peace teve a suspensão, que ainda era temporária, revogada e foi penalizado por 22 dias, já cumpridos, por não ter avisado sobre o bug - a sanção, porém impediu que o treinador estivesse ao lado da Imperial, seu time, durante o PGL Major Antwerp.
Agora livre, peace ficou bastante chateado com a maneira com que o caso foi tratado, mas entende que a ESIC, fundada em 2016, ainda está afinando seus processos e garante que não guarda mágoas.
"Está bem claro que eles estão num processo de evolução de como lidar com os casos, de como julgar as pessoas, como se comunicar com o público e tudo mais. Eles são relativamente novos no cenário, estão aprendendo a lidar com diversos tipos de situações", explicou.
"É muito fácil para quem está de fora falar mal da ESIC, porque é difícil para o ser humano se colocar no lugar do outro. Acho que faltou até um pouco disso da parte deles. Se fosse comigo, o que eu imagino ser mais coerente é que, se você tem suspeitas de alguém, você deve dar a essa pessoa o direito dela se defender primeiro, explicar o que aconteceu, e aí sim você, com base nisso, aplica ou não uma punição. Mas é fácil para mim falar isso agora", completou.
Um processo cansativo
Mesmo que a punição só tenha vindo às vésperas do major, peacemaker já imaginava que seria sancionado pela ESIC. Em abril de 2022, o site Jaxon publicou um vídeo que mostrava o treinador "voando" pelo mapa, numa versão até então pouco conhecida do exploit que puniu treinadores em 2020.
"Isso já causou um estresse tremendo e, obviamente, assim que eu soube de um vazamento comuniquei o time imediatamente, mostrei pra eles o round, conversei sobre o que tinha acontecido. Eu não me lembrava do round", contou.
"Eu não sabia como a ESIC ia reagir, se ia me banir ou não, qual era o tipo do banimento e quanto isso iria acontecer. Decidi não comentar até que as coisas fossem oficiais", completou.
Duas semanas depois, às vésperas do PGL Major Antwerp, peacemaker foi comunicado pela ESIC que seria preventivamente banido de competições parceiras - o que, por via de regra, não incluia o major. Horas depois do comunicado da ESIC, porém, a PGL, organizadora do mundial, também baniu o treinador.
"Fiquei bem chateado com a situação e, imediatamente, comecei a pensar no que fazer", disse peace.
O treinador disse que recebeu o apoio imediato de Felippe "felippe1" Martins, CEO da Imperial, que o conduziu ao advogado que cuidou do caso. Depois da punição revelada, peacemaker teve 20 dias para montar sua defesa e apresentá-la para a ESIC.
"Expliquei meu caso e foi um processo bem demorado. Apresentamos uma defesa bastante fundamentada praticamente dois dias antes do prazo que nos foi dado", lembrou.
"Eu estava no meio da minha cirurgia, no meio de problemas na vida pessoal, e tendo que cuidar disso, com a cabeça totalmente complicada e por isso que talvez as coisas demoraram até um pouco mais, e obviamente o advogado não tem só o meu caso, ele cuida de outros, então foi um processo que levou um tempinho, e no dia 18 ou 19 (de maio) apresentamos nossa defesa e começaram as negociações com a ESIC", relembrou.
Parte da defesa apresentada por peacemaker é pública. O treinador teve o round analisado pelo youtuber e analista Danny "mahone" Hsieh em um vídeo, contou com depoimentos de Marco "Snappi" Pfeiffer, Patrick "es3tag" Hansen e Rokas "EspiranTo" Milausauskas - todos envolvidos na partida em questão -, além de outras personalidades do cenário. Antes de tudo isso, porém, ele percebeu um detalhe importante: na demo da partida, não era possível ouvir passos, ou seja, o arquivo estava com problemas.
"A demo, por si só, já está danificada, porque você não consegue ouvir passos. Quando uma prova está danificada, como você vai banir alguém?", indagou peace.
"Aí pensei em como fazer (o vídeo). Se eu fizesse isso, todo mundo veria como uma situação de conflito de interesses, então a minha ideia com o advogado foi a de pegar alguém de fora, um expert do ramo que não tenha nenhum interesse no caso em si, para que fizesse o vídeo de forma neutra e imparcial, com a opinião dele", disse peace, que depois de considerar outras opções, conversou com mahone.
"Tenho a minha conversa com ele documentada, enviei pra ESIC, pedi para ele analisar o round e dar a opinião honesta sobre o que estava certo ou errado e se ouviu passos ou não. Ele fez o vídeo, que me ajudou bastante, mostrou o outro lado da história, algo que eu já imaginava e que já havia sido comentado comigo, que é possível ouvir os passos do tapete. Eu falei que não lembrava do round, mas se os jogadores estavam reagindo dessa forma tinha um porque, e eu não tinha comunicado nada. Foi o que apresentamos para a ESIC, o fato de que existia algo acontecendo no round, e, independente de estar voando ou não, o round poderia ter acontecido da mesma forma", explicou.
peacemaker também apelou para uma análise baseada nas circunstâncias do jogo. No round em questão, a Heroic, equipe de peacemaker, está do lado terrorista da Inferno e a Imperial, time adversário, coloca dois jogadores no tapete da A durante o seu eco - peace, naquele momento, via os dois jogadores e, logo em seguida, seu time os elimina.
"Se eu estivesse passando informação, o cara não iria matar os caras do tapete, cair no bomb, e dar clear no bomb inteiro. Eu estou voando, estou vendo que está clear, se eu tivesse passando a informação eu diria que tinha dois caras no tapete, o bomb estava clear e era só plantar a bomba, mas eles estavam jogando o round normalmente, justamente porque eu não estava passando informação. Todas essas coisas ajudaram que não houvesse provas suficientes para punir", disse.
"Não influenciou a partida, e em termos mais técnicos do CS, é um antieco contra pistolas, e que se eu tivesse intenção de trapacear ou ganhar o jogo, eu não utilizaria isso num round como esse, que é praticamente ganho. O próprio setup deles no tapete é muito utilizado até hoje em dia", completou.
O depoimento dos jogadores também foi importante, tanto Snappi e es3tag, que estavam no time de peace, quanto EspiranTo, adversário na ocasião. Assim como mahone prova no vídeo, o lituano, um dos jogadores no tapete, também testemunhou que seria possível ouvir o seu avanço.
"Acho que o testemunho dos jogadores diretamente envolvidos na partida (ajudou muito), e não só os meus, porque poderiam falar que esses tinham conflito de interesse e poderiam ser culpados. Foi um conjunto de conversar com jogadores do outro time, mostrar tudo que aconteceu, mostrar as provas, que ajudou bastante", disse.
"Os próprios jogadores do outro time não se sentiram ofendidos e testemunharam com base no que aconteceu, o próprio EspiranTo, que faz o barulho no tapete, pega e fala que dava para escutar", completou peace, que disse que o processo de defesa ainda contou com alguns "termos jurídicos" e trechos do próprio Código de Conduta da ESIC.
"Eles (ESIC) decidiram ir para um lado mais educativo, com o fato de eu não ter comunicado os administradores da partida, do que da intenção inicial deles, que era de me colocar na condição de cheater, um trapaceador, e que me aproveitei de uma informação para ganhar a partida, ferir meus adversários, e isso comprovadamente não aconteceu", cravou peace.
peacemaker disse que o fato da ESIC de o puni-lo antes de apresentar a defesa não o agradou, mas adotar uma postura defensiva fez parte da sua estratégia para conseguir a absolvição.
"Vejo muita gente falando que eu posso processar eles, mas em nenhum momento eu fui a público para criticar, falar da decisão antes do momento que isso deveria ser feito ou qualquer tipo de coisa. Isso foi uma estratégia da minha parte, porque para mim isso é muito óbvio. Se alguém está te punindo por alguma coisa, por mais que você esteja com a razão ou não, e você vai a público e tenta tornar a comunidade contra eles, criticar, julgar", disse peace.
"Eu particularmente não acho que é o caminho correto, porque você está dando armas para alguém que quer te 'prejudicar', você está basicamente fazendo algo que não ajuda, por isso eu me mantive quieto e, aí sim, com base no que fosse decidido, eu tomaria as devidas ações ou não, ai sim eu iria a público, continuaria na esfera judicial e tudo mais", continuou.
"Eu não entendo muito esse lado das pessoas de sempre atacar as outras nas redes sociais. Não sei se isso beneficia ou não, mas foi a postura que eu adotei. E eu acho que isso também ajudou, eles terem visto que eu agi com respeito com eles o tempo inteiro e tentei resolver privadamente primeiro, para aí sim ver o que aconteceria no futuro. Fiquei bem chateado, principalmente pelo major, sabe-se lá o que aconteceria se eu tivesse lá presente, se o time iria melhor ou pior, são coisas que nunca vamos ficar sabendo. No meu caso, há vários processos que poderiam ter sido melhores, e eu acredito que eles vão melhorar, que meu caso vai servir como exemplo para eles", completou o treinador.
Imprevisível
Livre das punições da ESIC, peacemaker tem que se preocupar agora com outra entidade importante do CS:GO: a Valve. A publisher ainda não se manifestou sobre a nova onda de punições pelo bug do coach - no passado, ela excluiu os treinadores das competições oficiais online, limitou sua comunicação nos presenciais e puniu todos os envolvimentos com banimentos, que poderia ser eternos, de majors.
peacemaker disse que, depois que foi liberado pela ESIC, pediu formalmente para que o comissário Ian Smith entrasse em contato com a Valve. O treinador tem esperanças que a empresa siga as recomendações da comissão e o absolva.
"Baseado em como a Valve agiu no passado, entendo que eles foram por uma linha de esperar a punição da ESIC e, com base nela, agir de uma determinada forma", disse peace.
Apesar disso, o treinador sabe que a dona do CS é imprevísivel. Na primeira onda de banimentos, por exemplo, a empresa ignorou as reduções aplicadas pela ESIC e puniu os treinadores pelo número exato de rounds em que eles estiveram no bug.
"Não vou negar que (a reação da Valve) continua sendo imprevisível para mim, não tive nenhum contato com a Valve, nenhum comunicado com eles, mas imagino que, com a ESIC soltando um comunicado tirando minha suspensão provisória, (eles vão seguir o mesmo caminho)", afirmou o treinador.
"Eu ficaria muito surpreso se a Valve pegasse e tomasse uma atitude completamente contrária à decisão da ESIC. Pode acontecer, mas agora eu tenho que, infelizmente, aguardar para ver se vai acontecer alguma coisa ou não", finalizou.
Enquanto isso, no servidor…
Ao mesmo tempo que tentava se livrar da punição da ESIC, peacemaker seguiu trabalhando normalmente na preparação da Imperial para o major. Em comum acordo com os jogadores, porém, o treinador decidiu que não viajaria para a Antuérpia para ficar com o time, assim como fizeram Rafael "zakk" Fernandes e Nicholas "guerri" Nogueira, outros treinadores punidos.
"Eu tive uma conversa com os jogadores, e, obviamente, deixei para eles o tempo todo que acataria o que eles se sentissem confortáveis em fazer. Gostaria de estar presente? Gostaria, mas acho que, por decisão mutual, percebemos que não seria bom eu me expor nesse momento, porque eu não poderia nem entrar na sala de treinamentos, então o trabalho ficaria um pouco difícil, mas não era inviável. Acho que a equipe sentiu que eu conseguiria fazer minhas funções principais mesmo estando longe, então foi o que fizemos", disse.
"Mantivemos contato, eu estava lá para qualquer coisa que precisassem, e fora isso, fizemos a preparação para os jogos mesmo, apresentei para eles como deveríamos jogar, quais eram os vetos. Eles sentiram que, naquele momento, era melhor eu ficar de longe, até para não causar uma pressão em cima deles. Eu entendi, essa foi a melhor forma de trabalhar, então acho que o fato de termos encontrado uma zona de conforto para ambos naquele momento ajudou para que eles não sentissem nenhum tipo de pressão, e a preparação seguiu normalmente, tem coisas que dão muito certo na forma que eu penso, em como vamos jogar, e têm outras que nem tanto", completou.
De longe, o treinador se sentiu frustrado, mas precisava focar em sua defesa para que aquele mundial fosse o único campeonato em que ele estava distante.
"Foi bem frustrante não estar presente no major, mas coloquei na minha cabeça que aquilo era ruim, mas existia um bem maior que era eu possivelmente conseguir ser absolvido dessa situação, e se eu fosse ou não absolvido, não queria ficar olhando para trás e lamentar a perda do major, porque tenho que olhar para frente e tentar enxergar um futuro muito melhor para minha carreira. Fiquei muito chateado, é difícil, eu nunca tinha tido a experiência de me classificar para um campeonato e não estar lá com a equipe. Por ser um time brasileiro, com amigos e colegas, toda essa paixão…", disse.
Nos jogos, peacemaker sofreu.
"Assistir o jogo de longe e não poder fazer nada é uma das piores experiências que tenho como coach. É muito desgastante mentalmente. Antes eu dava muita importância por estar lá atrás e influenciar a partida, e hoje eu valorizo muito mais os quatro pauses que eu tenho para falar alguma coisa, acalmar a equipe ou mostrar o que eu estou lendo do jogo", disse.
"É fácil de analisar várias situações porque você está vendo a tela dos adversários, o que está acontecendo, então isso vai te dando algumas ideias do que funciona e o que deixa de funcionar. Mas, como treinador, quando você está vendo só as cinco telas, você sente muito o quando sua forma de jogar está sendo óbvia, quando estamos fazendo coisas erradas, quando um jogador não sabe o que está fazendo. Nem sempre o FalleN, que está no centro, está vendo o que, sei lá, o VINI ou o fnx estão fazendo lá na outra ponta. Eu, de trás, vejo tudo, e sei que algumas coisas não vão dar certo", continuou.
"Tem algumas situações que, tanto para o bem quanto para o mal, eu olhava e falava que pausaria naquele momento e falaria tal coisa, tentando acalmar, explicando como os adversários estão jogando, ou passando alguma call. Foi um exercício legal, obviamente eu converso bastante com o FalleN, principalmente na fase de preparação para os jogos, e aí rolaram várias situações de que, tipo assim, eu percebia que o FalleN estava indo muito por uma linha de não tentar ser tão óbvio, então eu estava assistindo e pensando que ele não poderia mudar agora a sua forma de conduzir a equipe, para que a gente ganhe um round aqui para depois ele mudar. E eu via ele seguir essa linha e foi bem legal para mim, porque às vezes, quando estou atrás, eu estou observando tantas coisas que eu não estou tão calmo quanto em casa.Tem toda uma situação extra de estresse", completou o treinador.
Mesmo desfalcado, o time fez bonito no major, passando pelo Challengers Stage e ficando no quase no Legends Stage. peacemaker disse que a postura do time é diferente durante os campeonatos.
"O nosso time cresce muito em campeonatos, eu sinto isso. Mesmo nos campeonatos online, o nível de aprendizado que temos no dia a dia durante os campeonatos (é grande). Se perdermos um jogo, logo em seguida estamos revendo o jogo na salinha, eu e o FalleN passamos algumas orientações, e todo mundo está bem focado na evolução para corrigir qualquer tipo de problema", contou.
peace também liga um alerta: a partir de agora, vai ser mais difícil de surpreender os adversários, que passaram a respeitar mais a Imperial. A IEM Dallas, de onde o time saiu sem nenhuma vitória, já foi um reflexo disso.
"Mas eu também tenho um autoconhecimento de que estamos chegando e, a partir do momento que você está chegando próximo ao topo, que você ganha de algumas equipes, a forma que os adversários se preparam contra você é totalmente diferente. Antes era o time dos aposentados, hoje já não é mais, é o time que tem que tomar cuidado porque ganharam da Cloud9, então os times estudam para ver o que a gente faz", disse.
"Eu já imagino que não vai ser tão fácil assim jogar contra qualquer equipe atualmente, seja ela qual for, porque nossos times já vão vir com preparação, tem muito mais material, e agora a coisa vai ficando apertada, porque vamos jogando mais e mais campeonatos, não dá para treinar tanto e fazer o que é necessário, então tudo isso vai afetar a performance da equipe, tanto positiva quanto negativamente, depende de como vamos continuar trabalhando", concluiu.
Saúde debilitada
Não bastasse uma punição e um time jogando um mundial, peace também sofreu com a saúde. Voltando da Romênia após o Regional Major Ranking (RMR), o treinador brasileiro teve de ir para um hotel para não ter contato com a namorada, que estava com Covid-19.
"Quando eu cheguei no hotel, um dia e meio depois, comecei a sofrer com uma dor muito forte no rim. Já tive cálculo renal há uns 15 anos atrás, mas não foram problemas graves. Minha reação foi de se automedicar e seguir o jogo, mas dessa vez não foi assim. A dor não passava, era muito forte, e eu fui para a emergência no hospital. Fiz um monte de exames e foi identificado que eu estava com uma pedra relativamente grande, de quase 1,5 cm, não dava para ser expelida pela uretra, tinha que fazer cirurgia. Tomei medicação para aguentar a dor, estava impossível dormir e me mexer", contou.
Não bastasse o procedimento que teria que encarar nos próximos dias, peace teve outro problema.
"Voltei para o hotel e, no dia seguinte, minha garganta começou a doer, com sintomas de gripe, e testei positivo para Covid. Não pude fazer minha cirurgia, porque se tornaria um procedimento de risco. Fiquei 10 dias tomando medicação, com dores", explicou.
Finalmente recuperado do vírus, peacemaker foi para a mesa de cirurgia, e, lá, encontrou um novo entrevero.
"A cirurgia deu problema também, estava com uma infecção no rim, e o médico não conseguiu retirar a pedra, mas colocou um cateter para aliviar a dor, para que eu conseguisse ficar vivo e não perdesse o rim. A pedra não foi retirada, e agora terei que fazer uma nova cirurgia depois de um tempo, sem o rim estar infeccionado, para que eu possa retirar essa pedra que está me aterrorizando há mais de um mês e, aí sim, voltar às atividades 100%" disse o treinador, que revelou que não sente dores no momento.
E agora?
Mesmo que ainda não esteja 100% recuperado, peace foi liberado para viajar. Por uma opção dos jogadores, porém, o treinador não foi aos Estados Unidos para treinar o time na IEM Dallas, mas voltará na semana que vem para a Pinnacle Cup, que será jogada em Lund, na Suécia.
De volta às rédeas da Imperial, peace quer assegurar que o time consiga acompanhar a constante evolução que o cenário atual de CS:GO pede.
"Não dá para ficar jogando do mesmo jeito o tempo inteiro, hoje em dia o CS está o tempo todo em evolução, mudando, e se você não souber priorizar algumas coisas perante a outras, ficaremos para trás, principalmente por questão de alguns mapas que temos. Já estamos focando bastante nisso agora, mas ainda não tivemos tempo o suficiente para resolver tudo", contou.
"O primeiro passo pra mim é ter o entendimento do que está errado e do que está dando muito certo, para que você não esqueça das coisas positivas e continue fazendo as coisas boas, mas obviamente sempre que for possível consertar as coisas erradas. E isso leva tempo. Sem treinamento, sem muito teste, esse tipo de coisa, fica impossível", completou o treinador.
peace afirmou que a ideia é que, até a pausa dos jogadores no final de julho, a equipe esteja confortável em "quatro ou cinco mapas".
"Se conseguirmos ter cinco mapas bem confortáveis e um sexto que não esteja tanto assim, pra mim já é tremendo, grande demais, para uma equipe recém formada e com tudo que está acontecendo, alinhado também com o nosso foco que não é só de competitivo, não é só de ser o melhor time do mundo", afirmou.
O treinador também destacou que é preciso humildade - e ressaltou que o time não tem tido nenhum problema nesse sentido.
"Esse é o maior desafio que já encontrei com vários jogadores da minha carreira, que é quando eles começam a ganhar uma coisa, desvirtuam. Não estamos tendo esse tipo de problema ainda nessa equipe, inclusive o senhor fnx está muito bem, graças a Deus, não está aprontando muito, está tranquilo. Mas esse é outro desafio que é constante, e quando começa a acontecer a coisa vai ladeira abaixo", garantiu.
Além disso, peace termina fazendo um alerta: a Imperial está na boca do povo e, a partir de agora, não vai ser fácil pegar os adversários desprevenidos.
"É ir para jogo já sabendo que os caras não vão jogar 100% o jogo deles, que vão saber o que a gente faz, o que gostamos de fazer, e se rolar mapa de conforto nosso, não adianta achar que erraram o veto, os adversários sabem o que estão fazendo, então é ir por essa linha de raciocínio, não deixar jogar o nosso e ser inteligente", disse.
"Se formos por uma linha de jogar sempre o mesmo jogo, sempre na nossa zona de conforto e nunca mudar, nunca tentar algo novo, sem criar nada, aí esquece, não tem como. Isso está bem alinhado entre eu, FalleN e todos da equipe", finalizou.