FURIA "comprou" torcida? Organização e Bateria respondem
A bateria que conquistou o mundo durante o IEM Rio Major está de cara nova para 2023. Depois de se destacar durante o último mundial de CS:GO, o grupo de torcedores responsável pelos cantos que embalaram o Riocentro e a Jeunesse Arena deixaram a Torcida Organizada do Imperial para embarcar num projeto independente, mas viraram centro de polêmica nesta semana, quando anunciaram uma parceria com a FURIA.
Parte dos torcedores da organização e demais fãs questionaram e provocaram dizendo que a organização havia "comprado" o grupo, que originalmente nasceu carregando as cores da Imperial, mas, durante o Major, apoiou todos os times brasileiros e alguns queridinhos estrangeiros, como Liquid e Heroic.
Afinal, a FURIA comprou a torcida? A Dust2 Brasil entrou em contato com a organização e com a Bateria Dezorganizada - agora chamada de Bateria Dezorganizada Furiosa -, para esclarecer a relação.
Mas antes, quem é a Bateria Dezorganizada?
Fundada em dezembro de 2022, a Bateria Dezorganizada nasceu após parte da Torcida Organizada do Imperial optar por fundar um novo grupo formado por "uma bateria sem vínculo com nenhuma torcida". Nos últimos dois meses, a B10 tem feito uma série de atividades nas redes sociais e na Twitch e se mantido ativa mesmo sem competições presenciais.
Entre os integrantes da torcida estão personagens que ficaram populares durante o mundial, como o casal Luiz Fernando e Juliana Ostmann, que ficaram noivos na arquibancada, João Pedro, o "Sapão", que viralizou cantando e comandando a torcida, e o português Sérgio "Tuga da Tribo", que teve ajuda de Alexandre "Gaules" Borba para vir de Portugal e acompanhar o campeonato.
Em contato com a reportagem, Yuri "dokzão" Vasconcelos, liderança da Bateria, disse que a maioria dos membros da torcida não estavam diretamente ligados à Torcida Organizada do Imperial, mas acabaram se juntando a eles no Major por conta das iniciativas de divulgação, o que gerou uma "relação simbiótica". Após o Major, porém, os membros da Bateria sugeriram a expansão das iniciativas e uma mudança no nome da T.O, mas os integrantes não concordaram com alterações naquele momento, o que levou a fundação da Desorganizada.
No DNA
Com o projeto saindo do papel, a torcida buscou parceiros para conseguir viabilizar a compra e confecção de faixas, instrumentos, bandeiras e outras necessidades, e foi aí que a conversa com a FURIA começou.
"Desde o início, quando montamos um plano de ação, eles disseram que iriam nos apoiar de qualquer forma que quiséssemos, mas, além do apoio, eles se propuseram a abraçar a Dezorganizada como um 'núcleo de festa', com eles nos ajudando a tirar do papel todas as festas que faremos onde a FURIA estiver", disse dokzão.
A FURIA, por sua vez, afirmou que foi "adotada" pela Bateria Desorganizada, e não o contrário. De acordo com a organização, o que aconteceu foi uma oportunidade de apoiar uma iniciativa que combina com o clube.
"É um projeto legal e que traz oportunidade para bastante gente. É parte do nosso DNA de ser um movimento sócio cultural", disse a organização.
Comprou ou não comprou?
A FURIA é enfática em garantir que não "comprou" apoio dos torcedores uniformizados - sejam eles da Bateria ou de outros grupos, já que a organização se mostrou aberta a apoiar mais projetos semelhantes.
"Nós também damos suporte com acesso aos campeonatos a outras torcidas organizadas, é uma coisa que faz parte, que agrega mais gente, uma iniciativa super legal, e de modo algum estamos comprando torcida ou esperando que a Dezorganizada seja nossa. É completamente diferente, é um apoio de um movimento muito legal que surgiu nos esports brasileiros e gostamos de fazer parte", disse.
De acordo com a FURIA e com a Bateria, o apoio se dará principalmente em questões financeiras, com a organização viabilizando a compra e manutenção de equipamentos como instrumentos musicais, faixas, bandeiras, uniformes e gastos como ingressos, deslocamento e hospedagem. A Bateria afirmou que todos esses custos estão discriminados num plano de negócios que foi apresentado à organização.
A FURIA também garantiu que não terá nenhuma gerência sobre a atuação da torcida, e disse que ela manterá independência mesmo recebendo apoio financeiro. A Bateria, por sua vez, afirmou que está "100% confortável" para tecer críticas à diretoria da FURIA quando cabível.
"É importante para engrandecimento da FURIA saber o que realmente sua comunidade está pensando do jogador x, y ou da decisão z. Obviamente, existem críticas e existe falta de respeito, xingamentos, ameaças, cyber bullying e outras coisas que não compactuamos não é nossa forma de 'cobrar'", disse dokzão.
A FURIA não vê problemas que a Dezorganizada apoie outras organizações, assim como fez durante o IEM Rio Major. dokzão garante que o grupo seguirá com a mesma filosofia, de apoio constante aos brasileiros, que foi vista no mundial.
"A primeira coisa que conversamos com o Akkari (CEO da FURIA) e as pessoas que vieram falar conosco era que a nossa filosofia era de apoio incondicional ao Brasil, colocando-o no topo dos esports em todas as instâncias que conseguirmos. E eles nos responderam que, se não fosse esse o objetivo, eles nunca teriam nos procurado", disse o líder da torcida.
"Nosso acordo é continuar torcendo para todos os times brasileiros, a não ser que seja contra a FURIA. Então conseguiremos continuar o movimento que demos início na época do Major que é fazer a maior e melhor festa que o mundo dos esports já viu, colocando o Brasil acima de todos, não importa quem esteja contra", completou.
Festa no outro FPS
A primeira festa oficial da Desorganizada Furiosa está marcada para esta sexta-feira, às 13h30, na Praça Ícaro de Soares. De lá, os componentes da torcida e demais fãs da FURIA que quiserem se juntar ao grupo partirão para o Ginásio do Ibirapuera, onde a equipe estreia no VCT LOCK/IIN, campeonato internacional de VALORANT realizado em São Paulo.
"Faremos um aquecimento com direito a fogos, rojões, bandeiras e muito batuque", garantiu dokzão.
No CS, a torcida voltará a ser vista na IEM Rio, em abril, no mesmo palco em que ela se destacou para o mundo. O BLAST.tv Paris Major ainda é um sonho distante, mas que a Bateria tenta viabilizar.
"Vamos ver. Até lá, se os gringos não entrarem em choque e resolverem nos banir das arenas, faremos de tudo pro mundo parar novamente pra ver os brasileiros, mas agora em Paris", finalizou.